Pequenos gestos podem significar uma dose extra de incentivo para quem vive momentos delicados ao enfrentar o câncer. Foi pensando nisso que a Torcida Fúria Independente (TFI), do Paraná Clube, apoiada pelo próprio time, realizou uma ação para transformar simples batas de hospital em camisas estilizadas do Tricolor.
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Os aventais personalizados a partir dos mantos paranistas, que serão utilizados em centros cirúrgicos e durante a realização de tratamentos e exames, foram doados ao Hospital Erasto Gaertner (HEG) para que os pequenos pacientes possam se sentir mais encorajados a enfrentar o tratamento. Acompanhando o nome da marca própria do clube, quem vestir a camisa especial ganhará o título de ‘Valente’.
A iniciativa foi inspirada no projeto ‘Las Batas Más Fuertes’, da revista espanhola Panenka. Na ação realizada na Europa, clubes gigantes do futebol mundial como Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid transformaram suas camisas em batas hospitalares para que as crianças em tratamento se sentissem mais fortalecidas com os mantos de seus ídolos do esporte.
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“Todos os dias, meninos e meninas hospitalizados jogam uma partida muito difícil. Mas se põem a camisa de seu time no lugar da tradicional bata, seus estados de ânimo podem melhorar, fazendo com que se sintam mais fortes”, diz a campanha da revista.
Após o pedido da TFI, o Paraná Clube doou 26 camisas, que foram transformadas pelas costureiras do hospital em batas para as crianças e os jovens usarem nas idas ao centro cirúrgico, para se dirigir para radioterapia ou na realização de exames de imagem. A entrega dos materiais foi realizada na última semana.
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Leandro Arruda, responsável pelo marketing da TFI e um dos criadores da iniciativa, diz que se sentiu impactado ao ver como uma simples atitude pôde levar felicidade aos pequenos ‘guerreiros’ que lutam pela vida. “Mexeu bastante com a gente. Dois pacientes que estavam na área de recreação infantil vestiram as batas e vimos um sorriso no rosto de quem precisa de momentos de alegria e incentivo”, disse.
A médica Mara Albonei Pianovski, chefe do serviço de pediatria do HEG, explicou como o a novidade pode gerar confiança nos pequenos. “Considero muito importante poder desviar o foco de estresse perante procedimentos ainda não conhecidos pela criança. Envolver o procedimento no aspecto lúdico e na fantasia torna mais fácil enfrentar o tratamento”, explicou.
Guerreiro Valente
Para um paciente em especial a ação foi vista com um grande carinho. Natan Lucas Maciel, de 19 anos, é torcedor do Paraná Clube e está há 11 meses tratando uma leucemia linfoide aguda no Hospital Erasto Gaertner. Desde os 12 anos ele é apaixonado pelo vermelho, azul e branco.
“Comecei a torcer pelo Paraná por causa do meu padrinho, Roque Dias Maciel. Para ele quando o Tricolor vai jogar é a ‘seleção’ que está em campo. Desde então acompanho os jogos e apesar de a fase não estar tão boa sigo firme na torcida”, garantiu.
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Natan não tem frequentado a Vila Capanema com muita frequência por conta do tratamento e outras rotinas, mas ainda assim garante que acompanha o time e ficou muito feliz em saber que o Tricolor está se preocupando em incentivar pacientes em tratamento. “É uma atitude bem legal do Paraná Clube, pois quebra o padrão daqueles aventais tradicionais que muitas vezes as crianças assustam ainda mais as crianças”, falou.
O jovem, que tem em Lucio Flavio uma referência de bom futebol paranista, lembrou com emoção do acesso do time à Série A com a campanha de 2017. Porém, lamentou a volta da equipe à Segundona. Ainda assim, ele garante que não desiste do clube do coração na alegria e tristeza e ficou muito feliz de saber que o Tricolor da Vila Capanema realizou uma bonita ação no hospital em que faz tratamento. “Me senti lisonjeado em ver as camisas do Paraná Clube nas batas”, arrematou.
Sem clubismo
Iolanda de Assis Galvão, supervisora do serviço de psicologia clínica do HEG, aprovou a ação do Paraná Clube. A porta-voz afirmou esse tipo de vivência tira o foco do contexto hospitalar e fez um pedido para que mais clubes sigam a iniciativa. “Estar vestido com a camisa de seu atleta ou seu time preferido, em vez dos tradicionais aventais que representam a cirurgia, poderá trazer uma experiência de menor estresse. Seria importante que outros times pudessem aderir e contemplar os nossos torcedores mirins”, solicitou.
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O representante da TFI, Leandro Arruda, comentou que houve o contato com os outros clubes da capital, porém não foi demonstrado interesse em participar. Para ele há um propósito muito maior na iniciativa que se sobressai da rivalidade. “A ação não é sobre que time torcer. É algo que vai além. Achamos importante que outros clubes do Brasil possam seguir com a ideia e propagar a ação que traz alegria.Seria sensacional se todos abraçassem a causa”, finalizou.