“Eu não tenho mais o que explicar. Eu não tenho mais o que falar. O torcedor tem mesmo que reclamar. Eu estou muito decepcionado”. As expressões de desânimo do técnico Rogério Micale ecoaram pelo estádio de São Januário e foram aos poucos chegando em cada torcedor do Paraná Clube. Após mais uma derrota, o Tricolor se vê em uma espécie de encruzilhada no Campeonato Brasileiro – sabe que precisa desesperadamente começar a vencer para iniciar a luta para fugir do rebaixamento, mas ao mesmo tempo tem que encontrar tranquilidade para começar a vencer e iniciar a luta para fugir do rebaixamento.
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Nesse misto de desespero e serenidade vive Rogério Micale. O treinador tranquilo do dia-a-dia do Ninho da Gralha se transforma à beira do campo. Nervoso, pede calma ao time, como aconteceu no jogo da quarta-feira contra o Vasco. Reclama da falta de atitude, mas depois valoriza o rendimento dos jogadores. Admite que não tem o que fazer se Léo Itaperuna fica cara a cara com o goleiro e chuta para fora, mas também não fala sobre a necessidade de contratações.
Sobre o treinador se agregam todos os ódios e tensões do Tricolor. Ele vem sendo cada vez mais questionado. O que era apenas a contestação das redes sociais, onde talvez nem um poço de virtude saia ileso, passou a ser a reclamação das arquibancadas, nos empates contra Grêmio e Atlético. E agora a pressão vai aumentar na partida contra o Fluminense, segunda-feira, na Vila Capanema. “Eu só questiono a facilidade em que os erros são apontados no Paraná Clube e quando acontecem do outro lado… Bem, deixa para lá”, desabafou Micale.
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Ele e o elenco paranista sabem que a luta, naturalmente ingrata, vai sendo cada vez mais difícil. Com apenas 12,5% de aproveitamento nas primeiras oito rodadas do Brasileirão, o Tricolor já perdeu 21 pontos. Para atingir o “número mágico” de 45 pontos, a média histórica necessária para escapar do rebaixamento, o rendimento terá que subir sensivelmente, para 47%, somando 42 pontos dos 90 em disputa até o final da competição.
E Rogério Micale não consegue mais esconder. “Não tivemos competência para empatar, e tivemos chance para conseguir o empate ou mesmo vencer o jogo”, disse, falando do jogo contra o Vasco. E aí surge outra encruzilhada – jogando de ‘peito aberto’, no campo do adversário, o Paraná não consegue vencer; jogando defensivamente, esperando o adversário, o Paraná não consegue vencer. “Eu não tenho outra ideia nesse momento, porque temos mais quatro jogos até a parada para a Copa do Mundo, e mudar seria pior”, admitiu o técnico.
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E de todas as encruzilhadas, a mais perigosa é aquela que todos sabem e que todos querem fugir – a que leva à indesejada segunda divisão. Para escapar dela, o Tricolor espera uma grande conjunção de fatores: que os jogadores coloquem a cabeça no lugar e o pé na forma; que a sorte vire; que a parada para a Copa do Mundo ajude; que quem sabe a diretoria encontre recursos para contratar reforços; que os recém-recuperados Carlos Eduardo e Guilherme Biteco deem qualidade ao time; e que tudo isso aconteça ao mesmo tempo. Se der certo, é possível imaginar Rogério Micale – e o torcedor paranista – trocando o desânimo pela esperança.