Foi bonita a festa, o Paraná Clube mostrou que pode melhorar, mas ficou evidente que o Campeonato Brasileiro do Tricolor é a luta contra o rebaixamento. Indo ao limite técnico e físico, o time equilibrou e chegou a dominar o Corinthians, mas o Timão mostrou força e goleou por 4×0 na manhã deste domingo (22), na Vila Capanema. Com duas derrotas em dois jogos, o panorama já é de preocupação – apesar do espetáculo proporcionado pela torcida paranista, que terminou a partida gritando “queremos jogador” e xingando dirigentes.
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Antes do jogo, aquelas cenas que a torcida do Paraná está acostumando todos a ver. Muita festa, a motivação de quem sabe que precisa estar ao lado do time, tudo isso misturado à linda manhã de domingo. Um panorama “bem loko”, como prometia a campanha de marketing promovida pelo clube. A Vila estava lotada, quase 16 mil pagantes (público total de 16.772), tanto do lado tricolor quanto do lado do Timão. Tinha tudo para ser um grande jogo.
Sem medo do campeão brasileiro e paulista, o Tricolor tomou as ações do jogo, se posicionando dentro do campo do Corinthians e apostando em um time muito voluntarioso – e que parecia ter captado o espírito da Vila Capanema. E que partiu pra cima. Jhonny Lucas tentou de longe, Silvinho conseguiu uma arrancada que só parou na pequena área, e Raphael Alemão chegou a dar lençol na área antes de obrigar Cássio a fazer a primeira defesa do jogo. O Corinthians sentiu a pressão. Em uma das chegadas firmes dos tricolores, Rodriguinho chegou a pedir calma para Jesiel. A “calma” era mais interessante para os visitantes, que não conseguiam impor o seu jogo de troca de passes, principalmente entre o próprio Rodriguinho (este perseguido em campo) e Jadson.
Mas quando saiu a primeira jogada nesse estilo, o Timão abriu o placar. Num belo lance, Jadson tocou para Sidcley, que tabelou com Mateus Vital e cruzou na medida para Rodriguinho abrir o placar. E aí o Tricolor sentiu o golpe. Logo depois, uma arrancada inacreditável de Sidcley, daquelas que acabavam em lateral quando ele atuava no Atlético, terminou num golaço do lateral-esquerdo. Um gol aos 24 e outro aos 26 do primeiro tempo.
O futebol é assim. O Paraná jogava bem, mas tomou uma bordoada. E o jogo passou a ser do Corinthians – em vantagem e impondo o seu ritmo, muito mais lento que o Tricolor em seu melhor momento. O ambiente tinha mudado, por mais que a torcida seguisse empurrando (não com todo aquele gás) o time. E do outro lado Jadson e Rodriguinho passaram a mandar na partida.
Torcida fez festa, mas depois protestou; confira os bastidores de Paraná x Corinthians
E até o final do jogo, o Timão demonstrou as virtudes que o colocam como candidato ao título, mesmo não tendo um time tão caro como alguns adversários. A defesa é fortíssima – é bom reforçar que Cássio salvou o time quando o jogo estava 0x0. Os dois meias têm o auxílio de Renê Júnior, de Romero e do ótimo Mateus Vital. É uma equipe estruturada, que aguenta a pressão e é eficiente demais nas chances que cria. Foi assim que apenas administrou a partida no segundo tempo até transformou o jogo em goleada com Clayson, após boa jogada de Fagner, e com Gabriel, em passe de Clayson.
Já o Tricolor tem potencial para evoluir, mostrou muita vontade, mas é um time em formação. E claramente mais frágil do que deveria neste início de competição. Da escalação do Campeonato Paranaense, apenas cinco jogadores estavam em campo. A movimentação de Silvinho e Raphael Alemão pode dar resultado, mas precisa de entrosamento, precisa de Carlos Eduardo inteiro e de Carlos mais integrado ao time. A defesa, apesar da vontade de Rayan e Jesiel, precisa de Cléber Reis, além de Alemão e Mansur ainda não terem rendido o esperado.
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E é por isso que o realismo de Rogério Micale, ao dizer que o Paraná precisa pensar em não cair, tem que ser tomado como premissa para o Brasileirão. E se a torcida cumpriu seu papel ontem, a partida do próximo domingo contra o Sport ela será ainda mais importante. Contra os pernambucanos, a vitória é obrigação. É jogo pra Vila lotada tanto quanto contra o Corinthians. E por um motivo ainda mais importante: é apenas o destino do Tricolor que interessa.
