Se já não bastasse o momento ruim dentro de campo, o Paraná Clube vive uma verdadeira ebulição nos bastidores. Antes aliados na reestruturação do Tricolor, o presidente Leonardo Oliveira e o investidor Carlos Werner entraram em conflito e agora o ambiente político paranista está rachado, em ano de eleição, que acontece em setembro.

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Oliveira acusa Werner de boicote, não só na questão financeira, mas também atrapalhando o trabalho da diretoria. Entre o principal problema, a exigência em relação à demissão do executivo de futebol, Rodrigo Pastana. Algo que já não é de hoje.

LEIA A VERSÃO DE WERNER SOBRE A BRIGA

O clima entre os dois lados já começou a ficar ruim ainda no começo do ano passado. O próprio investidor foi quem buscou Pastana, ainda em dezembro de 2016. Porém, bastou pouco menos um mês para surgirem os problemas.

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“Ele, completamente rachado em relação ao clube, entrou em rota de colisão com os antigos gestores também. Eu nunca quis ataca-lo por que, apesar de tudo, ele foi um cara que ajudou o clube, botou 20 milhões, apesar das cagadas, permitiu que o clube continuasse”, disse o presidente do Paraná Clube, em entrevista ao UOL Esporte.

Tudo começou por questão de interesses. O Tricolor fechou 2016 com o título paranaense sub-17 e Werner queria apostar na piazada no Campeonato Paranaense. Porém, a diretoria, principalmente com Pastana, não aceitou a determinação, gerando o primeiro conflito.

Carlos Werner injetou dinheiro no Tricolor desde que o ‘Paranistas do Bem’ foi criado, em 2015. Foto: Arquivo
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“Tem uma geração sub-17 que é campeã paranaense e o Carlos quis usar essa geração para ser a base do clube em 2017. Nesse momento, o Carlos bancava sozinho o clube, que não tinha receita. Ele contratou o Pastana e no final de 2016 a gente conseguiu uma sinalização pelo acordo trabalhista, mas não no modelo que a gente queria. Viramos o ano com isso, o Pastana assumiu, começamos a conversar. Foi montada uma estrutura, começaram a trabalhar, e dentro dessas duas semanas o Carlos diz, “o negócio é o seguinte, desse jeito não vai dar, tem que mandar ele embora”, reforçou Oliveira.

Boicote

Desde então, a situação foi se agravando. Atolado em dívidas e sem dinheiro, o Paraná Clube tinha dificuldades em manter as contas em dia e dependia da grana do empresário, que chegou a ameaçar deixar o clube, por conta das divergências. Nesse meio tempo, a diretoria arranjou outra forma de conseguir dinheiro, superando o ‘boicote’ de Werner, que não gostou de ver o time paranista brigando pelo acesso.

“As coisas começaram a encaixar e o Carlos puto, porque imaginou que ia dar errado e íamos mandar o Pastana embora e chamar ele”, relatou o dirigente, lembrando que em setembro foi o momento mais complicado financeiramente, mas um depósito de 300 mil dólares por conta da transferência do atacante Lima para o Al Hilal desafogou os problemas até o final do ano.

Depois disso, em um novo encontro entre os dois lados foi que a briga ficou escancarada. Mais uma vez Werner pediu a demissão de Pastana, em troca de um novo investimento para fortalecer a equipe. Desde então, a única ajuda de Werner foi levar o duelo com o Internacional para a Arena da Baixada, mas sem envolver a diretoria na negociação com o Atlético.

Este ano, o empresário não ajudou o Paraná Clube em nada. Diante das dificuldades, Pastana e Oliveira montaram um elenco enxuto, com peças mais baratas, dentro da realidade financeira. Porém, o racha deve gerar novos capítulos.

No último domingo (20), no empate em 0x0 com o Grêmio, na Vila Capanema, um grupo de torcedores protestaram por conta da má campanha do Tricolor no Brasileirão, chegando a ameaçar os jogadores com violência. A confusão, de acordo com a cúpula paranista, seria a mando de Werner, que dentro de cinco meses pode voltar a controlar o clube, mas com uma nova gestão.

“Existem outros interesses por trás desses indivíduos, a verdadeira torcida do Paraná apoiou do inicio ao fim, o estádio inteiro apoiou. Tenho aqui só a agradecer ao torcedor. Pedi apoio durante a semana para que ele nos incentivasse e foi isso que fizeram. Tivemos momentos difíceis durante o jogo, e em nenhum momento fomos questionados, só apoiados. Hoje esse resultado nós devemos ao torcedor”, disse o técnico Rogério Micale, após o duelo.

Nas eleições presidenciais, o investidor deve criar uma chapa de oposição, com outros nomes para assumirem a diretoria. Diante da questão financeira do clube, aliada a um possível mau momento no campo, o empresário pode ganhar força.