Único jeito

Paraná Clube apostou na retranca pra segurar o Grêmio

Mansur se esforça pra segurar o setor ofensivo gremista. Foto: Jonathan Campos.

Ficar na defesa. Jogar na retranca mesmo. Não é todo mundo que compreende uma decisão dessas. O Paraná Clube optou por não perder para o Grêmio, mesmo jogando dentro de casa, na Vila Capanema. Rogério Micale, que gosta de ver seu time jogando para cima do adversário, certamente não ficou feliz quando viu que o melhor para a partida de ontem era esperar, dar a bola para o campeão da Libertadores, ser um time defensivo e atuar no contra-ataque. Mas era a melhor decisão. E pela primeira vez no Campeonato Brasileiro o Tricolor não sofreu gols. Empatou em 0x0 com os gaúchos, numa atuação de dedicação tática e entrega física.

É o jeito mais legal? Claro que não. É a forma mais fácil. Com certeza que não. Tanto que o Grêmio teve 71,2% de posse de bola. Ficou muito tempo no campo de ataque, rondou a área do Paraná, cruzou 30 vezes, tentou de diversas formas. O Tricolor teve alguns contra-ataques, uma ou outra chance de perigo, mais sofreu do que fez sofrer. Mas convenhamos: poderia encarar o melhor time do futebol brasileiro de peito aberto? Seria uma decisão inteligente? Com certeza que não.

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Jogar na defesa em casa faz parte da consciência do que vai acontecer daqui por diante com o Tricolor no Campeonato Brasileiro. A luta para escapar do rebaixamento começou na primeira rodada, e cada ponto faz diferença. O ponto contra o Grêmio é ganho, mesmo que o empate tenha sido na Vila Capanema. Pontos perdidos foram contra o Sport, contra a Chapecoense – mesmo fora de casa, empatar não foi bom. E compreender que há empates em casa razoáveis e empates fora que não valem é compreender qual é o campeonato que o Paraná está disputando.

Ontem os jogadores mostraram entender o espírito da competição. Foram ao limite físico para marcar um time capaz de ficar três ou quatro minutos trocando passes para encontrar um espaço para finalizar. E a cada troca de bola havia dois paranistas mordendo, marcando. Júnior, agora o titular da lateral-direita, não deixou Cortez, Maicosuel e Pepê jogarem em seu setor. Mansur perseguiu Luan. Jhonny Lucas e Leandro Vilela, se não brilharam como podem, não desistiram um instante sequer.

Foi dessa forma que o Paraná impediu que o Grêmio ameaçasse Thiago Rodrigues em todo o primeiro tempo e em boa parte da segunda etapa. Faltou apenas ser mais eficiente no contra-ataque, o que levava os visitantes a montar acampamento no campo ofensivo.

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A tática do “erro zero” funcionou, mas quando o jogo se encaminhou para o final, com inacreditáveis sete minutos de acréscimos, o Tricolor não tinha mais fôlego. Nem para as saídas em velocidade, impedindo que Silvinho aproveitasse a chance que teve, nem para marcar, o que levou Thiago Rodrigues a aparecer decisivamente em duas tentativas de Lima, uma de cabeça e uma em um chute forte de média distância. Mas, até pela luta paranista, o empate sem gols teria que ser o resultado do jogo.

Agora com dois pontos, o Paraná Clube tem o Atlético pela frente, no clássico do próximo domingo, também na Vila Capanema. Claro que o enfoque é outro, a forma de jogar deverá ser outra, o Tricolor vai tentar buscar a vitória. Mas por mais que o torcedor queira sempre ver o seu time vencer, no jogo de ontem o empate foi um bom resultado no Durival Britto.

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