O Paraná Clube, que chegou a viver dias tranquilos na Série B, voltou a ficar próximo da zona de rebaixamento e ganhou uma carga extra de pressão para as três últimas rodadas. A torcida organizada Fúria Independente divulgou uma nota oficial ontem cobrando mais empenho dos jogadores e até ameaçando o time – que, se não vencer o América-MG, amanhã, às 21h, na Vila Capanema, pode ver ainda mais perto o risco de queda à terceira divisão.
“Para vestir nossa camisa, tem que ter no mínimo raça. E que será cobrada ao extremo nestas três últimas rodadas. Se não correr, não lutar, o bicho vai pegar. Terão que correr, nem que seja na marra. Já estamos de saco cheio de jogador bunda mole. O risco de cair apareceu por única e exclusiva falta de vontade desses pangarés”, diz o trecho da nota, que cobra veementemente os jogadores.
Um dos integrantes da atual diretoria tricolor, denominada de Paranistas do Bem, é João Quitéria, ex-presidente da Fúria Independente. E o futuro presidente, Leonardo Oliveira, é oriundo da facção. Talvez por isso, a nota defende a decisão da cúpula paranista em vender a sede da Kennedy para salvar o futebol e destaca também o trabalho realizado pelo grupo depois que assumiu o clube no final de março deste ano.
“Sério mesmo que vocês acham que estes do grupo que aí estão são os culpados desta situação? Que assumiram a gestão há sete meses? Nosso time ia fechar as portas em março, daí os caras chegam e colocam mais de 6 milhões, salvam o ano e você ainda mete o pau? Entre erros e acertos, botaram a cara pra bater. Não queriam atitude? Deixaram de tapar o sol com a peneira como já estávamos cobrando há anos. O Paraná é futebol e ponto final”, diz outro trecho da nota.
Jogadores não conseguem dormir
A aproximação perigosa com a zona de rebaixamento tem tirado o sono dos jogadores paranistas. O zagueiro Zé Roberto, depois de viver uma temporada com muitas dificuldades por conta de lesões, voltou ao time na reta final e afirmou que o risco de queda tem atrapalhado a vida pessoal.
“Estamos todos muitos preocupados com esse risco de rebaixamento. Não estou nem conseguindo dormir direito. Não vejo a hora de conseguir, o mais rápido possível, essa pontuação e acabar de vez com essa agonia que é o risco de ser rebaixado para a Série C”, apontou.
O risco de queda pode ser explicado pela campanha ruim nos últimos oito jogos. O time venceu apenas uma vez, perdeu duas e empatou cinco. Para o técnico Fernando Miguel, a queda de rendimento aconteceu pela acomodação da equipe que acreditou que já estava livre do risco de rebaixamento.
“Essa queda de rendimento deve-se à situação do clube, na qual todo mundo já dizia que o Paraná não almejava mais nada, não se preocupava com o rebaixamento, mas desde que assumi venho falando que minha preocupação era com a parte de baixo. Infelizmente fizemos bons jogos, mas não obtivemos os resultados. A responsabilidade aumenta e, no jogo difícil contra o América-MG, temos que ter mais garra, aquele algo mais e vou cobrar isso dos jogadores”, concluiu o comandante.
Treinador defende seu elenco
Ontem à tarde, o técnico interino Fernando Miguel desconhecia o posicionamento da organizada e saiu em defesa dos jogadores. “Não sabia disso, mas o grupo que eu trabalho eu acredito que não tenha isso de corpo mole. Acredito que o pessoal treina intensivamente no dia a dia, mas infelizmente, em alguns jogos, estamos deixando a desejar mesmo. Mas não acho que seja falta de vontade ou corpo mole. Acredito que sejam situações de jogo. Tem dias que o pessoal não está bem e dias que está bem”, frisou.
O zagueiro Zé Roberto, que foi titular contra o CRB e é um dos mais, experientes do grupo, também afirmou que o time não está fazendo corpo mole, mas ressaltou que a cobrança mais dura do torcedor tricolor é justa.
“Eu acho justo, principalmente pelos dois resultados que a gente teve fora de casa agora. Nada mais justo que essa cobrança. Só discordo da parte do corpo mole. Aqui ninguém está fazendo. Contra o Náutico fizemos uma má partida tecnicamente, mas contra o CRB a gente pecou um pouco nas finalizações. A gente está bem ciente da situação, mas estamos imbuídos de mudar essa história nos próximos dois jogos. Precisamos de uma vitória a qualquer custo para nos livrar da zona de rebaixamento”, concluiu o defensor.