Indo bem

Opinião: é hora de aplaudir e apoiar o projeto do Paraná Clube

Nathan e Wagner Lopes se abraçam. Duas provas do acerto da temporada paranista. Foto: Hugo Harada

Ano após ano, o torcedor do Paraná Clube via seu clube repetir erros. Os dirigentes mudavam (ou não), os técnicos mudavam (ou não), os jogadores mudavam, mas as falhas eram reprisadas. Era a praticamente entrega do departamento de futebol a um único empresário, era a submissão a um treinador, era a falta de comando de algum presidente, era o desconhecimento de quem estava no clube, a desonestidade intelectual de determinadas pessoas… E assim o Tricolor ia definhando perigosamente, partindo para um caminho que parecia sem volta.

Mas no futebol, e isso Armando Nogueira explicava sempre em seus textos, não existem vitórias ou derrotas definitivas. Quando a diretoria do Paraná Clube aprendeu a principal lição, que era a de parar de se meter onde não sabia, começou a abrir o caminho – não o sem volta, mas o da volta da esperança. Estamos perto de maio, não podemos mais dizer que é o início de temporada mais promissor do clube desde o rebaixamento para a Série B. Já se pode dizer que é o melhor ano desde 2007, o ano em que se vê mais possibilidades, mais expectativas, mais organização.

Repito que o ponto de saída foi o reconhecimento de que não havia na atual diretoria um conhecedor de futebol. Não acho isso um demérito, acho que o presidente Leonardo Oliveira teve uma atitude nobre. Pra ser presidente de clube não é necessário ser especialista em bola – é preciso sim ser um bom gestor, saber colocar as pessoas certas nos lugares certos e ter bom trânsito na política interna. Oliveira amadureceu muito como dirigente neste ano e meio, e não à toa o Paraná melhorou.

A vinda de Rodrigo Pastana para comandar o futebol ao lado de Tcheco vem se mostrando acertada. Os dois trabalham mais nos bastidores. Não gostam de aparecer. Isso é ótimo nesse mundo de vaidades. Conscientes da situação financeira do Paraná, trabalharam dentro do orçamento, sem loucuras. Não estão criando mais dívidas, estão com tudo em dia. Trouxeram atletas que se identificaram com a causa do clube – que, no final das contas, é a mesma deles, aparecer no cenário nacional, encontrar seu espaço.

Wagner Lopes, o treinador, foi mais importante que qualquer contratação de jogador. Por um salário inacreditável para quem vive o futebol (é bem menor do que um técnico de Série B recebe), ele revolucionou o Tricolor. Montou um time confiável desde a primeira rodada do Paranaense. Foi o melhor da primeira fase com méritos. Acabou eliminado pelo Atlético, mas conseguiu manter a motivação do grupo para seguir forte na Copa do Brasil e conseguir uma emocionante classificação sobre o Vitória e colocar o time entre os 16 melhores da competição.

Ótima campanha no Estadual, nas oitavas da Copa do Brasil, nas quartas da Primeira Liga. Bons números, torcida voltando à Vila Capanema, dinheiro entrando com renda, transmissões e premiação dos torneios. O Paraná Clube de 2017 está “se pagando” graças ao sucesso do futebol. Que tem que ser aplaudido, porque começou praticamente do zero – Marcos e Diego Tavares estavam aí ano passado, além dos meninos da base – e está dando uma resposta espetacular.

E por essa resposta é natural que a expectativa para a Série B aumente. Mas o fundamental é permitir que Pastana, Tcheco, Wagner e a diretoria do Paraná continuem trabalhando. Que tenham a tranquilidade de agir, porque pelo que já fizeram eles precisam receber o apoio irrestrito de quem está do lado de fora.

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