O Operário divulgou na tarde desta quarta-feira (06), uma nota lamentando o caso de assédio contra a estudante de jornalismo Milena Oliveira. A fotógrafa registrava as imagens da partida entre o Fantasma e o Criciúma, ocorrida no Germano Krüger, pela Série B do Campeonato Brasileiro, quando ouviu diversas vezes um senhor a chamando de ‘gostosa’ enquanto realizava seu trabalho no gramado.

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Milena é fotógrafa do Portal Do Rico Ao Pobre e estudante de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ela, que cobre o time desde 2017, contou que o senhor passou a assedia-la a partir da segunda etapa do jogo e nem mesmo após confronta-lo, o torcedor se intimidou.

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“Antes do começo do segundo tempo, sentei para trabalhar e escutei meu primo gritando meu nome na torcida. Acenei para ele e para meu tio. Quando virei procurar minha família este senhor olhou nos meus olhos e me chamou de gostosa”, contou a fotógrafa que tentou dialogar com o agressor, sem sucesso.

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“Não havia seguranças por perto, mesmo assim falei que era nojento, que alguém poderia estar fazendo isso com alguém da família dele e ele não iria gostar, pedi para parar e ainda afirmei que o Operário poderia perder pontos por isso”, relatou à Tribuna do Paraná.

Milena contou que nem mesmo o apelo da família e de amigos, na arquibancada, fez o senhor parar de assedia-la durante o segundo tempo de jogo. “Na torcida estavam três amigos vendo toda a situação e foram tirar satisfação com o senhor. Ele bateu de frente, eu fiquei de pé do lado da grade vendo tudo e tirei foto”, falou.

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Indignada com todo o contexto do machismo, a estudante ainda precisou ouvir de outros torcedores que a discussão não fazia sentido, reforçando ainda mais as atitudes deploráveis de torcedores que não tiveram empatia com ela. “Escutei um torcedor afirmando que não entendia a confusão, pois eu nem era gostosa” , relatou.

O senhor parou com as palavras de assédio apenas quando dois outros fotógrafos que estavam trabalhando no jogo, interviram. “Ambos foram tirar satisfação com o senhor e perguntar seu nome para tomar previdências, só que com eles o senhor não respondeu, não foi agressivo e muito menos os assediou”, disparou.

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Não foi o primeiro episódio de assédio que a estudante sofreu dentro do estádio do Fantasma enquanto trabalhava e, por isso, ela vai realizar Boletim de Ocorrência e irá processar o homem que a assediou. “Minha intenção é que homens como ele entendam o quanto o machismo machuca, fisicamente e verbalmente. O estádio não é local para disseminação de ódio e violência, e sim um local onde todos devem ser respeitados igualmente, sem medo algum de trabalhar ou torcer pelo time que amam”, conclui a estudante.

Reincidência

Em janeiro deste ano, a assessora de imprensa do Operário, Bianca Machado, também passou por uma situação de assédio. A jornalista foi vítima de insultos e assédio sexual verbal após o jogo do Fantasma em Irati, no Estádio Emílio Gomes. Com palavras de conotação sexual, aproximadamente 20 torcedores do Iraty se dirigiram à profissional tentando intimida-la. Na ocasião ela também registou um Boletim de Ocorrência.

Confira a nota oficial do Operário:

O Operário Ferroviário Esporte Clube vem, por meio de nota oficial, repudiar o desrespeito praticado contra a fotógrafa Milena Oliveira, em partida contra o Criciúma (05) no Estádio Germano Krüger. O clube destaca-se historicamente militando pela igualdade em todas as instâncias e reafirma esse compromisso promovendo constantemente campanhas de conscientização.

Em setembro deste ano, o Operário Ferroviário lançou a campanha ‘O Operário é de todos’, a fim de combater comportamentos discriminatórios durante os jogos de futebol e continuará na luta por um mundo mais igualitário e humanizado. O Germano Krüger é um ambiente democrático, mas que não tem espaço para intolerância, ódio e desrespeito.

Prestamos nossa solidariedade à Milena Oliveira e colocamo-nos à disposição para o que for preciso.

Operário Ferroviário Esporte Clube