Ainda há discórdia

Mesmo fora, Celso Bittencourt contesta balanço do Tricolor

Engana-se quem pensa que o ambiente do Paraná Clube está tranquilizado. Se internamente as brigas diminuíram com a renúncia de Rubens Bohlen e a posse de Luiz Carlos Casagrande, com o apoio dos “Paranistas do Bem”, ainda há quem conteste a gestão tricolor – e agora quem critica é quem estava até recentemente no poder.

A divulgação do balanço financeiro do Paraná referente ao exercício de 2014, no último dia 30 de abril, gerou controvérsias entre membros da atual e da antiga diretorias do clube. Vice-presidente de futebol durante a gestão do presidente Rubens Bohlen à frente do Tricolor, entre 2012 e 2015, Celso Bittencourt alega que não teve a participação na elaboração do atual balanço vetada pelos novos dirigentes.

“Como nos últimos quatro anos participei da elaboração dos balanços, me coloquei à disposição para ajudar. Mas optaram por não me ouvir, o que respeitei, apesar de entender que quem deveria apresentar o balanço e defender seus números fossem os participantes da gestão e não quem entrou agora”, argumenta.

Presidente do Conselho Fiscal paranista, Thiago Oliveira, nega que o ex-diretor tenha tido a participação negada. “O Celso fala que foi proibido de participar, mas esteve no clube até dezembro de 2014 e não estava nem aí. Nunca se preocupou. No ano passado, entregaram apenas em junho o balanço, contrariando a lei”, diz Oliveira.

Problema com empréstimos

A discórdia continua. Bittencourt reclama do item “Partes Relacionadas” do balanço, que diz respeito a empréstimos realizados por ex-dirigentes ou empresários ligados ao clube. O valor saltou de R$ 5,4 milhões, em 2013, para R$ 8,6 milhões em 2014.

“Não houve nenhum fato para esse aumento exorbitante”, contesta Bittencourt. “Ou fizeram regularização retroativa de crédito de ex-diretores, como Aquilino Romani, Waldomiro Gayer Neto e outros. Ou contabilizaram a bancagem da base pelo Carlos Werner como mútuo, quando teriam que colocar como receita de vendas de direitos econômicos, pois suas contribuições foram assim documentadas”, prossegue.

Segundo Bittencourt, Romani emprestou R$ 399 mil ao Paraná durante sua gestão, entre 2010 e 2011. Outro membro dos Paranistas do Bem, Gayer Neto, tem a receber R$ 19.470, nos mesmos moldes de Romani.

O contador do Paraná nega que tenha havido regularização retroativa, mas confirma que o investimento de Werner no Ninho da Gralha foi contabilizado. “O Carlos Werner fechou R$ 1,1 milhão de investimento no Ninho até o momento.

Ele e o Leonardo Oliveira (também dos Paranistas do Bem) emprestaram esse dinheiro com garantia em futuras vendas de atletas da base. Caso não sejam vendidos os atletas, o Paraná terá que pagar essas pessoas”, diz o contador Roberto Santos Anhaia.

Mais erros

Bittencourt também contesta o déficit de 2014. O passivo total, contando com o contingenciamento de ações judiciais, foi de R$ 76 milhões. Deste valor, segundo o balancete, R$ 11 milhões não dizem respeito a ações judiciais, mas sim à gestão financeira do clube. “Além das ações do Banco Central (R$ 30 milhões), Ministério Público (R$ 7 milhões) e empresa Systema (R$ 27 milhões), uma série de ações impetradas antes de 2012, de gestões anteriores, não deveriam ter sido contingenciadas. Todas estas ações contingenciadas totalizam R$ 76 milhões. Ou seja, se não tivessem sido contingenciadas, o resultado da gestão anterior seria próximo a zero”, defende. Roberto Santos Anhaia, contador do Paraná, rebate.

Menor

“Se a gente fechar o balanço sem as contingências feitas em 2013, fecha-se nos R$ 11 milhões”, garante.

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