Volta por cima

Mais maduro, Roberto Fernandes confia no trabalho e acredita em segunda chance

Aos 45 anos, Roberto Fernandes chega animado e disposto a superar a desconfiança do torcedor. Foto: Monique Vilela/Banda B

Aos 45 anos, o técnico Roberto Fernandes, visivelmente mais maduro do que na sua polêmica passagem pelo Atlético, em 2008, foi apresentado ontem oficialmente como o novo comandante do Paraná Clube para a reta final da Série B do Campeonato Brasileiro. Com o time paranista sem chances de acesso e na luta apenas para permanecer na Segunda Divisão, o treinador foi o escolhido para a arrumar a casa e dar outro rumo ao Tricolor na competição nacional.

Esta não é a primeira experiência do treinador nesse tipo de situação. Recentemente, no comando do Confiança-SE na disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, ele conseguiu livrar o time sergipano da queda. Por outro lado, o técnico traz consigo também uma marca ruim, de ter rebaixado o Capivariano no Paulistão deste ano para a Série A2.

“Não é a primeira vez que passo por isso. Quando cheguei no Confiança, também para um trabalho de dois meses, assumi o time na nona colocação e conseguimos fazer um bom segundo turno”, lembrou Fernandes, que esperava uma nova oportunidade em um time da Série B.

“Todo mundo merece, no mínimo, uma segunda chance. Demorou para ter essa oportunidade aqui. Os últimos trabalhos me credenciam para isso. A Série B é uma competição que a gente conhece bem e vamos tentar fazer o melhor trabalho possível nesse curto espaço de tempo”, emendou.

O primeiro contato de Roberto Fernandes com a imprensa, ontem de manhã, no CT Ninho da Gralha, em Quatro Barras, foi bastante curioso. Já prevendo perguntas sobre suas declarações polêmicas dadas quando era técnico do Atlético ­ ele afirmou em um jogo que faltou testosterona ao time -, o técnico chegou falando que não ia ao médico há algum tempo e que não poderia falar sobre esse assunto.
O comandante paranista esclareceu ainda que foi injustiçado quando lhe foi atribuída a responsabilidade de fazer os jogadores do Figueirense usarem camisola rosa caso não tivessem um bom desempenho nos treinamentos.

“São oito anos. É muito tempo e você acaba amadurecendo. Algumas coisas me arrependo e outras acho que fiquei marcado por algumas injustiças, como por exemplo o episódio da camisola rosa. Nunca fui eu. Busquem isso. Sempre foi uma brincadeira entre os atletas e uma repórter teve a infeliz ideia de atribuir a mim. Até hoje fiz um milhão de coisas boas no futebol e só lembram disso. O passado quando é bom guarda na lembrança, quando é ruim, tira de aprendizado e vida que segue”, declarou.

Nas redes sociais, o técnico não ganhou a aprovação do torcedor paranista. O novo comandante do Tricolor, porém, deixa de lado essa possível rejeição inicial da torcida e lembrou das suas boas passagens por clubes como ABC-RN, América-RN e Remo.

“O mais importante não é como começa e sim como termina. Se o torcedor tem dúvida, a rede social serve para essas coisas. Nos últimos clubes que trabalhei, a torcida sente uma saudade imensa. Sou lembrado sempre com carinho no Náutico, no ABC eu tenho as portas abertas, assim como no Remo e no América. Nos três últimos clubes eu sai porque terminou o contrato e o ciclo de trabalho. Então, naturalmente vou fazer meu trabalho focado para fazer o meu melhor aqui”, cravou.

Roberto Fernandes chegou ao Tricolor com contrato somente até o final da Série B, mas sabendo que somente um bom desempenho nessa reta final da competição o credenciará a uma renovação de contrato.

“No futebol a gente tem muitas situações de julgamentos. O futebol brasileiro o treinador vivem de resultado. No futebol mundial da mesma forma. Já tive contratos com clubes de um ano e o contrato foi encerrado três meses depois. Outro clube que meu contrato acabaria ao final da competição e acabei ficando dois anos. No futebol as coisas evoluem, mas algumas características permanecem. A vida do treinador é muito atrelada ao resultado e o foco é buscar os resultados. Vamos vendo o que acontece na temporada”, arrematou o técnico.

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