A derrota para o Atlético-GO no último sábado praticamente acabou com as chances de o Paraná subir para a Série A este ano. Desta forma, o torcedor terá que amargar seu nono ano consecutivo na Série B. Para acabar de vez com essa sina, o novo presidente do Tricolor, Leonardo Oliveira, eleito na semana passada, sabe que a tarefa será difícil.
O futuro mandatário paranista conhece a realidade financeira do clube e já afirmou que não cometerá loucuras. Mesmo assim ele garante que o foco principal da diretoria, que assume em dezembro, será o futebol.
“O Paraná é um clube de futebol, mas que tem uma característica social muito forte. Temos 24h no dia, dá para dividir bastante para resolver as coisas. Mas o equilíbrio tem que começar na parte financeira”, afirmou Oliveira, em entrevista exclusiva ao Paraná Online.
O novo presidente quer reviver os tempos áureos do Tricolor. O jejum de campeonatos já vai completar uma década e é preciso mudar a forma de montar o elenco. “Já temos um time formado. Algumas peças tiveram seus contratos renovados, como o Luiz Felipe e o Rafael Carioca. Temos várias peças que já estão fixadas para o ano que vem. Agora vamos avaliar o restante do elenco, alguns deles já mostraram interesse em ficar”, avaliou Oliveira, que durante a entrevista afirmou confiar no trabalho do ex-técnico Fernando Diniz. Porém, em nenhum momento cravou a permanência do treinador, que caiu ontem. Agora, o novo mandatário terá a função também de definir quem ira comandar a equipe em 2016.
Aposta na base
Certo mesmo, pelo menos é a promessa do presidente, é que o entra e sai de jogadores vai acabar. O objetivo é montar um time no começo do ano e não desmontá-lo após o Estadual. “Não temos o direito de errar mais. Pela nossa perspectiva financeira, montar e desmontar elenco atrasa alguns anos nossa reestruturação. Temos que trabalhar com os pés no chão”, completou ele, que até então trabalhava nas categorias de base e é de lá que ele aposta que virão os novos ídolos do clube, mas apenas daqui alguns anos.
“Começamos pela reconstrução da base há pouco mais de um ano. A parte administrativa está bem encaminhada, a parte estrutural também, mas não é apenas colocar dinheiro e conseguir o resultado, principalmente porque não temos esse dinheiro todo. Já perdemos muitas peças dessa geração (sub-20), porque não tínhamos como pagar salários, chegando a dez meses de atraso. Vamos levar uns dois, três anos para revelar um camisa 10 para o time”, apostou Leonardo Miranda.
Kennedy a pauta
Enquanto não assume oficialmente o cargo, e nem pode tomar decisões, cabe a Leonardo Oliveira apenas acalmar o ambiente paranista, principalmente quando se trata da sede social da Kennedy. Durante as eleições, a venda ou não do terreno se tornou o tema principal entre os candidatos e segue sendo assunto.
E o novo mandatário não foge da raia. O dirigente não nega que as dívidas assombram o Tricolor cada vez mais, mas que outras alternativas podem ser encontradas sem ter que vender alguma sede do clube. Porém, mais uma vez ficou claro que se desfazer da Kennedy não é nada impossível.
“Nós temos dívidas em casa e não vendemos a casa para pagar. Só que nossas dívidas são administráveis. O Paraná tem dificuldades para administrar as casas com as suas receitas. Essa cultura que as pessoas criaram de trabalhar sem pagar não pode existir mais. O passado nos complica demais, pois precisamos pagar também. E aí vira um círculo vicioso. Por isso não podemos gastar mais do que arrecadamos, caso contrário cada tijolo da Kennedy é vendido. Precisamos achar outras soluções”, explicou Oliveira.
Rivais sem aproximação
Com uma situação financeira complicada, disputar uma Série A ajudaria muito o Paraná, devido às cotas de televisão. No entanto, enquanto esta realidade está longe, uma alternativa seria pensar na Copa Sul-Minas-Rio, que está cada vez mais perto de sair do papel. Atlético e Coritiba estão diretamente ligados na volta do torneio regional e querem incluir o Tricolor, que está disposto a participar do torneio.
“Seria importante dependendo da forma que seria feita. Financeiramente, o Paranaense nos tira a oportunidade de trabalhar com um elenco único de janeiro a dezembro. Um campeonato mais atrativo traria uma facilidade maior para que possamos planejar o ano todo com investimentos já em janeiro”, ressaltou Leonardo Oliveira.
No entanto, a ligação do Trio de Ferro deve parar por aí. Ao contrário dos dois rivais, que desde o começo do ano se uniram em busca de patrocínios e outros interesses em comum, o novo presidente paranista não pensa em uma aproximação com a dupla Atletiba. “Eles definiram uma estratégia de marketing e não sei até que ponto vai esta união. É muito mais marketing e comercial. A nossa estratégia está bem definida e os nossos sócios e nossos torcedores tem uma visão diferente à deles. Temos que pensar nas nossas estratégias para o nosso público. Vamos caminhar com nossas próprias pernas por enquanto”, apontou o dirigente.