Seis jogos, apenas dois gols sofridos. Esta é a estatística do goleiro Léo neste início de temporada. Se a garotada paranista está cumprindo à risca a tarefa de balançar as redes, o arqueiro vem garantindo a segurança defensiva para assegurar os bons resultados do Paraná Clube, que perdeu um jogo nesta temporada. A boa média vem com pinta de redenção, já que com 26 anos Léo pouco havia jogado na carreira.
No futebol, talvez uma das posições mais ingratas seja a do goleiro. Ele é o último homem antes da meta, cuja ultrapassagem pode decretar a derrota de um time. Já o arqueiro reserva, apesar de não estar no olho do furacão, amarga uma vida muito mais voltada aos treinamentos que aos jogos, uma vez que só tem chance de jogar quando o titular se machuca ou fica suspenso, o que pela posição não é tão normal quanto para um jogador de linha.
Léo, contratado no início desta temporada, chegou ao Paraná Clube após uma trajetória de reserva. Revelado nas categorias de base do São Paulo, ele atuou apenas 14 minutos em campo com a camisa tricolor, vivendo à sombra do ídolo Rogério Ceni. No Paraná, imaginava encontrar um panorama muito semelhante. A meta paranista, até então, era ocupada por Marcos, 40 anos, um dos remanescentes do elenco do ano passado. Assim como Ceni no São Paulo, Marcão foi revelado no clube – e apesar de ter tido uma passagem de dez anos pelo futebol português, decidiu encerrar a carreira no clube do coração.
Mesmo com o risco de reviver o papel de coadjuvante da meta, Léo chegou à Vila Capanema com o discurso de respeito ao colega de profissão. “O Marcos é um ídolo, tem trezentos e poucos jogos e o respeito por ele é muito da minha parte. Ele me deixou muito à vontade e vamos ser amigos independentemente a disputa de posição. Se tiver que ser minha hora de jogar vou estar preparado”, disse na ocasião.
Chance da vida
A hora, porém, chegou muito antes do que qualquer um imaginasse. Antes da estreia do Paraná Clube na temporada, contra o Avaí, na Primeira Liga, em 25 de janeiro, Marcos se contundiu e deu passagem ao recém-contratado.
“Foquei bastante nas férias esse para que este seja o ano mais importante da minha vida. É uma oportunidade que o Paraná Clube está me dando e não vou desapontar. Não tive muitas oportunidades, mas o torcedor pode ter certeza que vai ter mais um goleiro preparado para entrar em qualquer situação”, avisou.
Em campo, de fato, o torcedor não se decepcionou. Nos jogos disputados até aqui, ele fez importantes defesas e ganhou confiança. Agora, com Marcos voltando aos treinamentos, o que surge para Wagner Lopes é uma daquelas dores de cabeça que todo o treinador gosta de ter: decidir entre dois atletas. “Que bom que tenho um problema desses. Temos jogadores preparados e uma competição sadia dentro do clube. E todos têm certeza de que entrará em campo sempre aquele que estiver em melhores condições”, resumiu.