“O grande diferencial, na Europa, é que lá existe a preocupação de formar o atleta, ampliando horizontes e conhecimento. Há uma preocupação muito grande com o estudo e aproveitei ao máximo esses cinco anos fora do país”. A frase de Jonas Pessalli foi dita quando chegou ao Paraná Clube, em janeiro. Era um desconhecido para a maioria, mas vinha com respaldo de ser destaque na base do Grêmio e de quatro temporadas pelo Angers, da França. Morto na madrugada desta segunda-feira (12), em um gravíssimo acidente automobilístico, Pessalli não era um “boleiro”.
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Aos 26 anos, tinha um estilo bem diferente do que achamos ser o normal entre os jogadores de futebol. Era introvertido e estudioso. E com frequência trocava a habitual resenha com os colegas de time nos vestiários e viagens pela solitária e silenciosa companhia de um livro, o que chegava a causar estranhamento em alguns dos atletas de futebol mais “tradicionalistas”. Fruto do aproveitamento do período europeu, principalmente na França.
Em 2012, ele saiu do Grêmio para o Angers. Lá, obteve reconhecimento não apenas pelo futebol em campo, mas principalmente pelo comportamento adotado fora dele. Em poucos meses, aprendeu o idioma local e surpreendeu os dirigentes franceses pelo perfil estudioso e apego aos livros e estudos. Em abril de 2016, em entrevista ao UOL Esporte, Pessalli contara estar lendo seu nono livro apenas naquele ano.
Revelou ainda o desejo de se naturalizar francês e permanecer no país. “O Brasil é o país do futebol, mas não vejo isso como um ponto positivo. Acredito que no Brasil não deveria ser só o jogador, mas o médico, o professor. Cada um na sua área tendo reconhecimento. É um visão diferente e eu acredito que todo brasileiro vá pensar assim”, declarou.
Acabou voltando para o Brasil, ganhando a oportunidade no Paraná Clube. Acabou se entrosando rapidamente. Era um dos que encontrava no Tricolor a oportunidade de recuperar espaço. Por isso, fez amigos, como o zagueiro Rayan. Até por isso o titular da defesa paranista não viajou com o time para a partida diante do Náutico, nesta terça-feira (12), em Recife. Ficará em Curitiba próximo da família de Jonas, para ajudar com os trâmites burocráticos.
O jogador, gaúcho de Bento Gonçalves, também estava tratando desses trâmites burocráticos nos seus últimos dias de vida. Liberado pelo Paraná Clube, estava acertando a rescisão de contrato para seguir a vida de jogador de futebol. Até que uma curva do destino o encontrou.
Jonas Henrique Pessalli, 26 anos, deixa a esposa Marjorie e três filhos – Ana Carolina, 7 anos, Emanoel Henrique, 5 anos e Paulo José, 3 anos.