Partido ao meio

Isolamento de Rubens Bohlen foi decisivo para a renúncia

A forma como Rubens Bohlen foi levado a renunciar à presidência do Paraná Clube foi talvez a pior possível. E novamente ficou evidente o racha dentro do clube, que atingiu padrões gigantescos. Parte dessa cisão é colocada por conselheiros ao próprio ex-presidente, que ao mesmo tempo em que foi isolado também se isolou dentro do comando do Tricolor.

Ontem, antes da renúncia definitiva, alguns paranistas “graúdos” contestavam a forma de agir de Bohlen. “Você ligava para ele e ele não atendia. Você o procurava e ele não respondia. Você ia na sede e ficava esperando na antesala até ser avisado que ele não poderia receber”, comentou um conselheiro tricolor.

O isolamento era gigantesco dentro da sede da Kennedy. Com seus dois vice-presidentes (Luiz Carlos Casagrande, agora o presidente, e Aldo Coser) na oposição, o único anteparo não estava perto dos gabinetes, mas no campo. Era com o técnico Luciano Gusso, o supervisor Fernando Leite, o superintendente Marcello Nardi e o gerente Marcus Vinícius que Bohlen vinha se reunindo nas últimas semanas – foram eles que ouviram sobre as pressões na semana passada, e foram eles que souberam que a renúncia seria ontem.

A ligação com a turma da bola aumentou a crise institucional no clube. Era evidente a insatisfação de conselheiros com Marcus Vinícius, desde a entrevista em que o demissionário gerente disse que, se a vaidade não fosse contida, “o Paraná vai acabar”. Ontem, em várias entrevistas, integrantes do grupo “Paranistas do Bem” diziam textualmente que não iriam deixar o clube fechar.

Em exatos três anos, três meses e onze dias como presidente, Bohlen foi gradativamente perdendo o respaldo dentro do clube. A falta de apoio dos “cardeais” se consolidou quando ele decidiu cobrar na Justiça prejuízos ao clube. Os alvos das ações foram ex-presidentes e ex-diretores – alguns deles integrantes dos “Paranistas do Bem”, outros apoiando indiretamente a renúncia. Mesmo assim, o bafafá que virou boletim de ocorrência, com diretores relatando ameaças, foi criticado mesmo por quem apoiava a saída do cartola. “Essas coisas definitivamente não podem acontecer no Paraná Clube”, disse o mesmo conselheiro que contestou a forma de agir do ex-presidente.

No desabafo de ontem, Bohlen falou que entrega “aos meus sucessores um clube organizado, com dívidas planilhadas e tudo mais”. Mas entrega também um clube dividido.

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