Com boas atuações nos três últimos jogos do Paraná Clube, o meia Guilherme Biteco, de apenas 22 anos, está tendo que superar não apenas as dificuldades físicas, já que ficou um ano longe dos gramados, mas também a dor da perda do seu irmão. Matheus Biteco foi uma das vítimas do acidente aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, na Colômbia, em novembro do ano passado. O jogador, que não conteve as lágrimas após o clássico contra o Coritiba, revelou que está jogando também pelo seu irmão.
“A torcida pode esperar dois Biteco. Eu sinto ele em mim. Não está presente em corpo, mas em alma ele está. Sinto que ele vem me dando muita força lá de cima para continuar trabalhando a cada dia, que está sendo muito difícil”, apontou Guilherme.
Após a vitória sobre o Jotinha, Guilherme Biteco teve seu nome gritado pelo torcedor presente na Vila Capanema. O jogador não escondeu a emoção de ser abraçado pela torcida e espera manter essa boa sequência na equipe do técnico Wagner Lopes.
“A torcida gritando meu nome me dá muita força para seguir o meu sonho. No primeiro jogo contra o Coritiba foi muito difícil para mim por estar sem o meu irmão, que me dava muito apoio. Hoje estou mais emocionado pela torcida gritar o meu nome e saber que o meu trabalho está sendo bem feito”, emendou Biteco.
O técnico Wagner Lopes tem uma história de vida parecida com a de Guilherme Biteco. O treinador paranista perdeu quatro dos oito irmãos, também com mortes trágicas. “Eu tenho uma vasta experiência em perder entes queridos. Eu perdi quatro dos meus oito irmãos. E com mortes muito trágicas. Tive irmão assassinado com tiro na cabeça e eu precisava jogar no dia seguinte. No ano retrasado, meu irmão morreu asfixiado com um pedaço de pão aos 53 anos. Tinha jogo no dia seguinte e eu tive que participar”, declarou Lopes, que tem buscado ajudar Biteco também fora das quatro linhas.
“Então eu tenho essa experiência para ajudá-lo. Não só para emprestar um par de ouvidos, mas para orientar o que eu fiz e como eu fazia. Mas ele tem muita força, ele vem superando as dificuldades. Ele falou isso para o Rodrigo Pastana, pode me contratar que eu vou jogar por dois. E isso deixa a gente emocionado”, prosseguiu o treinador.
Guilherme Biteco, antes do acidente envolvendo seu irmão e a delegação da Chapecoense, tinha um acerto encaminhado com o time catarinense para recomeçar no futebol, já que ficou quase um ano parado por causa de uma lesão grave no joelho. A conversa com o diretor executivo do Tricolor, Rodrigo Pastana e a confiança que tem no dirigente foram determinantes para o acerto com o Tricolor para a temporada de 2017. O jogador quer manter a boa fase daqui em diante para retribuir o carinho prestado pelo torcedor paranista neste início do ano.
‘Está sendo muito bom para mim. A torcida está comigo. Meu irmão está mais comigo, vendo o bom momento que estou vivendo aqui, mas a torcida está me dando muita força. No próximo jogo vou querer dar mais. Não só dar o passe, mas também fazer os gols. Estou sentindo que estou me soltando mais e pegando confiança para seguir em frente‘, arrematou Biteco.