A cena pode ter passado despercebida de muitos que estavam no Couto Pereira neste domingo (5), mas foi emocionante para quem a acompanhou. Guilherme Biteco, volante do Paraná, fez seu primeiro jogo depois de uma série de acontecimentos complicados – um, delicado, a recuperação de uma cirurgia no joelho em fevereiro do ano passado; outro, terrível, a perda do irmão Matheus no acidente com o avião da Chapecoense em 29 de novembro. Quando Rodolpho Toski Marques apitou o final do clássico contra o Coritiba, derrota tricolor, Guilherme não aguentou. Chorou.
E, da forma mais tocante possível, foi sendo amparado por todos. Jogadores de Coritiba e Paraná Clube, comissões técnicas, quem se aproximava tinha uma palavra de carinho e de apoio para o jovem de 22 anos, que carregava toneladas de pressão e tristeza sobre suas costas depois de tanta dor.
Matheus e Guilherme surgiram no futebol como joias do Grêmio. Lá também estava outro irmão, Gabriel. Mas os dois primeiros foram “conquistar o mundo”. Jogaram nas categorias de base da seleção brasileira, saíram de Porto Alegre. Matheus foi para a Chape e acabou morrendo na tragédia de novembro. Guilherme foi parar na Alemanha, mas o Hoffenheim foi o emprestando, para o próprio Grêmio, Vasco, Santa Cruz, Ceará e agora o Paraná.
Seu primeiro jogo começou no decorrer da etapa final do clássico quando substituiu Alesson. Foi bastante elogiado e teve uma grande chance, numa cabeçada defendida por Wilson. Não será surpresa se ele for titular nesta quarta (8), contra o São Bento, em Sorocaba, pela Copa do Brasil. No domingo, ele mostrou seu talento, e emocionou quem o viu chorar pelo irmão Matheus.