Livre da degola

Acabou 2016 pro Paraná Clube. Foi ruim. Agora, é hora de mudanças e atitudes

Roberto Fernandes desesperado à beira do gramado. Cena que não deve se repetir ano que vem. Foto: Albari Rosa

Uma tarde melancólica. Para quem esteve na Vila Capanema, foi assim o sábado que definiu a permanência do Paraná Clube na Série B do Campeonato Brasileiro. De forma simbólica, a fuga do rebaixamento veio com uma derrota para o Criciúma combinada com as derrotas de Joinville e Goiás. E se de um lado a partir de agora é preciso (é obrigatório) pensar melhor o que será feito em 2017, as cenas da partida contra o Tigre mostraram o quanto de errado foi feito dentro e fora de campo.

A atuação paranista foi trágica mais uma vez. Querendo dar uma de ofensivo, o técnico Roberto Fernandes resolveu tirar um volante – Johny – e colocar Murilo de volante, Nadson aberto pela esquerda e Lúcio Flávio centralizado e vindo de trás. Deu completamente errado. Com um esquema sendo testado, usando três zagueiros, o Criciúma de Roberto Cavalo engoliu o Tricolor e saiu na frente com uma falha de Rafael Carioca e com a boa finalização de Bruno Baio.

A partir dali, mostraram-se falhas apresentadas desde o início da Segundona. A defesa errava uma jogada atrás da outra, principalmente com Pitty e João Paulo. Depois, Bob Fernandes contribuiu mostrando sua incoerência – Anderson Uchôa se chocou com Diego Giaretta e sofreu uma fratura na face (não joga mais este ano), e em seu lugar entrou Wellington Reis, e não Johny, o melhor em campo contra o Paysandu.

Faltava também qualidade para armar jogadas – Diego Tavares, sempre voluntarioso, e Nadson, uma ilha de talento, eram os únicos a tentar com mais inteligência. Quando ficou na cara do gol, Fernando Karanga quis aparecer no Fantástico em vez de empatar o jogo, e aí errou. Ainda era o primeiro tempo, o Bragantino empatava com o Vasco e a combinação ainda não dava ao Tricolor a garantia matemática da fuga do rebaixamento.

Mas na volta para o segundo tempo já não havia risco, o Braga havia perdido. O Paraná resolveu partir para cima, já com Henrique Gelain em campo – Rafael Carioca saiu, e talvez nem jogue mais. E do nada veio um destempero inexplicável – talvez reflexo do que se vê no banco de reservas. Fernando Karanga fez falta, levou cartão amarelo e aí começou a discutir com o fraco árbitro Elmo Alves Rezende Cunha. Acabou expulso e precisou ser contido para não brigar com o juiz e com mais quem aparecesse pela frente.

Virou um “seja o que Deus quiser”, sem qualquer tática. E assim veio o empate numa cabeçada fulminante de Leandro Silva, um gol bonito, talvez o alento da tarde triste. Quando era para as coisas se acalmarem, João Paulo puxou a camisa de Bruno Baio na cara do árbitro. Pênalti que Roberto converteu. Instantes depois, Lúcio Flávio também foi expulso por discutir com o juiz. E saiu sob os gritos de revolta com a arbitragem e de “burro” para ele próprio.

Foram cenas decepcionantes para os quase dois mil heróis que foram acompanhar o Paraná no sábado. Estes, e todos os torcedores do Tricolor, são os únicos que não podem ser criticados, porque mais uma vez acreditaram nas promessas de uma diretoria e viram de novo o resultado ser muito abaixo do esperado. Que a partir de hoje comecem a surgir fatos que tragam esperança, e as mudanças estão escancaradas, só não vê quem não quer.

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