Paraná e Palmeiras protagonizaram dois grandes jogos no Brasileirão. Se no primeiro turno o Tricolor teve bela atuação no Parque Antarctica, mas caiu por 4 x 2, ontem foi ainda melhor: com excelente exibição coletiva, devolveu o mesmo placar na Vila Capanema e vê cada vez mais real o sonho de disputar a principal competição interclubes do continente.
O resultado coroa uma rodada perfeita para o Paraná, beneficiado por derrotas de adversários diretos pela vaga na Copa Libertadores. O principal deles, o Vasco, chegará com três pontos a menos ao duelo decisivo entre os dois times, quarta-feira, em São Januário. De quebra, o Tricolor volta a aspirar a classificação direta à fase de grupos da Libertadores – ficou só dois pontos atrás do Santos, terceiro colocado.
A vitória de ontem veio numa partida cheia de alternativas, em que o Tricolor esteve duas vezes atrás no marcador. E que pouco demorou a pegar fogo. Em menos de 10 minutos, Marcos Leandro fez ótima defesa em chute à queima-roupa de Enílton e Eltinho perdeu um gol feito, cara a cara com Marcos. O Palmeiras, que reestreava o técnico Jair Picerni, tinha postura ligeiramente mais retraída – o ainda perigosíssimo Edmundo voltava bastante e atuava como meio-campista -, mas nem por isso deixava de buscar o ataque.
A ofensividade deixava a partida aberta, e pelos espaços no lado esquerdo da defesa paranista o Palmeiras achou seu primeiro gol, com Juninho.
Como os visitantes usavam apenas um atacante de fato (Enílton), Caio Júnior arriscou e trocou o zagueiro João Paulo pelo meia Batista, ainda no primeiro tempo. A tentativa deu certo: o Tricolor ampliou o domínio tático e Sandro empatou após boa jogada de Peter, decretando o justo empate aos 45 minutos de jogo.
Se a primeira etapa já havia agradado o torcedor, na segunda o Tricolor exibiu um futebol sólido, rápido e envolvente. Inabalável nem mesmo por uma ducha fria: a bola no braço de Gustavo, dentro da área, que resultou num pênalti bem cobrado por Edmundo: Palmeiras 2 x 1.
É bem verdade que o Tricolor contou com a sorte para igualar novamente – o pentacampeão Marcos furou feio e Cristiano empurrou para o gol vazio, aos 9 minutos.
Mas a partir daí o time de Caio Júnior tomou conta definitivamente da partida. Com tramas rápidas no ataque, jogadas constantes pelos flancos e atuação decisiva dos meio-campistas (Pierre, Beto e Sandro foram os melhores em campo), o Paraná sufocou o adversário. Virou o jogo com duas assistências de cabeça de Leonardo, para Sandro, aos 21, e Gustavo, aos 26, e perdeu chances de ampliar a goleada na já desestruturada zaga palmeirense.
E está a quatro vitórias de garantir, sem depender de ninguém, a passagem para a América.
Sandro dá a volta por cima
Sandro era um dos jogadores mais criticados pela torcida tricolor no primeiro turno do Brasileirão. Bastou um jogo e meio para que cravasse mais uma das reviravoltas características do futebol: com quatro gols diante de Cruzeiro e Palmeiras, saiu de campo ovacionado pela galera na Vila Capanema.
O meia reconhece que as críticas não eram em vão. ?Atrapalhavam um pouco, mas sei que não estava rendendo.
Mas segui trabalhando e hoje dei a volta por cima?, falou.
A atuação do jogador no segundo tempo teve o dedo de Caio Júnior, que reforçou uma instrução no intervalo. ?Falei para ele girar mais a bola no meio-de- campo e tentar os dribles só nas proximidades da área.
Cada vez o Sandro se firma mais como um meia-atacante finalizador?, elogiou o treinador. Com seis gols, ele é o vice-artilheiro paranista no Brasileirão, ao lado de Leonardo e do lateral Ângelo, que já deixou a Vila. Cristiano é o goleador do time, com dez.
CAMPEONATO BRASILEIRO
33ª RODADA
SÚMULA
Gols: Juninho (23-1º), Sandro (45-1º e 21-2º), Edmundo (6-2º), Cristiano (9-2º) e Gustavo (26-2º)
Local: Durival Britto (Curitiba)
Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira (FIFA-RJ).
Assistentes: Dibert Pedrosa Moisés (RJ) e Vilmar Raul (RJ).
Paraná 4×2 Palmeiras
Paraná
Marcos Leandro; João Paulo (Batista), Gustavo e Edmílson; Peter (Alex), Pierre, Beto, Sandro (Gerson) e Eltinho; Cristiano e Leonardo. Técnico: Caio Júnior.
Palmeiras
Marcos; Daniel, Nen e Alceu; Amaral, Francis (Marcelo Costa), Wendel, Juninho e Chiquinho (Willian); Edmundo e Enílton. Técnico: Jair Picerni.
Paraná preparado pra ?Batalha de São Januário?
São Januário, quarta-feira, 19h30: uma batalha espera o Tricolor. No estádio do Vasco, palco de vários episódios de antifutebol na história recente, o Paraná pode decidir a vaga na Libertadores. Algumas armas já são lançadas na Vila Capanema para prevenir o possível clima de pressão no Rio de Janeiro.
Ontem, Caio Júnior pediu à CBF a escalação de um árbitro da Fifa. ?Pela importância do jogo, é o mínimo que se espera. Vamos lá jogar bola, mas queremos um árbitro rigoroso, que não sinta a pressão nem deixe muita gente dentro de campo?, cobrou o treinador, que de antemão considera ?muito bom? um empate em São Januário.
Neste jogo, em que ainda não terá o lesionado Neguete, Caio cogita usar apenas dois zagueiros, ao contrário da grande maioria das partidas fora de casa. O motivo é a atuação no segundo tempo contra o Palmeiras, classificada de ?brilhante? pelo técnico. ?Gostei da dinâmica do time como um todo e principalmente da maneira como Pierre e Beto se postaram. Fico com um bom problema para quarta-feira?, disse.
O treinador elogiou também a reação da equipe, que perdia por 1 x 0 e depois por 2 x 1. ?Enfrentamos um grande time, com jogadores que desequilibram do meio para a frente, e a adversidade no placar, o que sempre esfria a torcida. Tivemos três fases ruins no campeonato e superamos todas. Foi um grande aprendizado?.