O torcedor tricolor não deve esperar um time atuando em alta rotação nas primeiras rodadas do Paranaense.
O aviso parte do próprio preparador físico Fernando Moreno. A meta é trocar a ?correria? por um toque de bola cadenciado, para minimizar os efeitos de uma pré-temporada extremamente reduzida e distante do ideal. Reflexo de um calendário mal elaborado e de uma competição com poucos atrativos e que vem a cada ano priorizando quantidade e não qualidade.
?Não temos nenhum jogador em condições de suportar 60% de uma partida em ritmo intenso?, admitiu Fernando Moreno, após seis dias de treinamento.
Entre avaliações físicas e cardiológicas, restou pouco tempo para treinamentos específicos. ?Nós estamos tentando dar uma base ao grupo. Como são atletas profissionais, eles recuperam rapidamente a condição física. Mas, somente nas próximas semanas poderemos partir para trabalhos mais individualizados, de acordo com a necessidade de cada jogador?, resumiu o preparador físico.
Nas projeções de Fernando Moreno, somente na terceira rodada o grupo terá uma preparação mais próxima do ideal para este período do ano. Esse quadro físico fez com que a comissão técnica abrisse mão de amistosos ou jogos-treino. ?Seria um risco desnecessário. Ainda mais se houvesse a necessidade de uma viagem?, comentou o profissional. Assim, a comissão técnica terá apenas um coletivo – hoje à tarde – e um trabalho tático para definir o time que encara o Iraty no domingo, às 16h, na Vila Capanema.
Nesse jogo, aliás, muitos dos novos jogadores do Tricolor não estarão presentes. Dos 29 atletas do atual elenco, cerca de doze serão antecipadamente ?vetados? pelos preparadores físicos. ?Tem muito atleta que ficou parado mais de trinta dias. Outros, como o Batista, que chegou há poucos dias, o bom senso manda que a gente não o utilize neste fim de semana?, ponderou Fernando Moreno. Em situação parecida estão os zagueiros Daniel Marques e Aderaldo e o atacante Josiel.
Se neste início de temporada não haverá nenhuma ?semana cheia? para treinamentos, o jeito será improvisar.
A comissão técnica deverá optar por uma constante variação entre os jogadores que participarão dos cinco jogos do Estadual, antes da largada da Libertadores. ?É uma questão que a gente vai avaliar jogo a jogo. O Zetti vai definir quem joga e a gente, a partir daí, estabelece um programa de recuperação para cada um dos jogadores?, explicou Fernando. Assim, é bem provável que alguns dos atletas que atuarem frente ao Iraty sejam poupados do jogo frente ao J. Malucelli e assim sucessivamente.
Batista fica no Tricolor até dezembro
O volante Batista permanece no Paraná Clube por mais uma temporada. Mesmo tendo deixado a Vila Capanema, após o treino, afirmando que havia algumas pendências a serem solucionadas junto à Adap – clube que detém seus direitos federativos -, a diretoria tricolor confirmou a renovação do contrato do atleta até dezembro, visando as disputas de Paranaense, Libertadores e Brasileiro.
Um problema a menos para a comissão técnica. Não apenas na formatação do meio-de-campo.
Versátil, o jogador de 27 anos pode eventualmente ocupar a lateral-esquerda, setor para o qual o clube dispõe, até aqui, de dois garotos: o prata-da-casa Digão e o recém-contratado Egídio (Flamengo). Batista, pelo novo acerto, passa a ter participação – de 30% – em seus direitos econômicos no caso de uma eventual transação.
Se Batista fica, Marquinhos não vem mais.
A negociação não evoluiu e o Paraná já está trabalhando com outros nomes.
?Só havia uma possibilidade de negociação, nos moldes do clube. Mas, me parece que o Figger não demonstrou interesse?, comentou o vice de futebol José Domingos. O Paraná pretendia adquirir 60% dos direitos federativos do atleta, mas os valores oferecidos não sensibilizaram o empresário uruguaio.
?Ainda podemos trazer mais um ou dois jogadores para o meio-de-campo.
A cada momento surgem novos nomes e por isso estamos tratando do assunto com muito critério, para não errar?, disse Domingos.
O vice também confirmou que o clube descartou a vinda do volante Júnior (Flamengo) e uma eventual volta do ala Peter, que não acertou com o Botafogo. ?Ele queimou o filme. Boa sorte para ele, em outro clube?, disparou José Domingos.
Peter chegou a acertar permanência no clube, mas depois se deixou seduzir por uma proposta mais vantajosa, que não se concretizou. ?Agora, já temos o Parral e o Alex para o setor. Serão os nossos laterais para 2007?, finalizou o vice de futebol.
Pensando na Libertadores
Todo o trabalho neste início de temporada está voltado para a estréia na Libertadores, dia 1.º de fevereiro, frente ao Cobreloa, no Chile. Não que o Paraná deixará de lado o Paranaense. Mas, como trata-se de um torneio mais longo – são quinze rodadas para classificar a metade dos clubes – a comissão técnica utilizará o grupo de forma coerente, para conseguir uma evolução física, técnica e tática para os duelos decisivos pela competição continental.
Nessa programação, há um aspecto fundamental, na avaliação do preparador físico Fernando Moreno: a ausência de viagens. Dos cinco jogos que o clube realiza antes da Liberadores, três serão em Curitiba e um em São José dos Pinhais. A única viagem para a delegação tricolor ocorrerá na quarta rodada, dia 24 de janeiro, quando o Paraná enfrenta o Engenheiro Beltrão, na região noroeste do Estado. ?Assim, podemos iniciar a recuperação dos atletas logo após as partidas, sem o desgaste de várias horas num ônibus?, lembra Moreno.
O preparador físico também terá outra preocupação para o jogo de estréia na Libertadores. Os mais de 2.000 metros de altitude de Calama. ?Não é algo tão significativo, mas há efeitos. Por isso, vamos conversar muito com os atletas, para que tenham todo o cuidado no hotel onde ficaremos concentrados?, explicou. ?Passaremos algumas normas para que eles consigam minimizar os efeitos da altitude, fazendo com que o time possa realizar um bom jogo, até lá, muito melhor condicionados?, frisou Fernando.