O Paraná Clube já tem um modelo a seguir. A atuação do time no primeiro tempo do jogo da última quarta-feira passou a ser referência para o técnico Zetti. ?A equipe foi perfeita?, disparou o treinador. O desafio do Tricolor, agora, é estender esse rendimento para os noventa minutos do clássico de domingo – às 18h, no Joaquim Américo -, valendo vaga na finalíssima do Paranaense. Um jogo onde a estratégia é não jogar pelo regulamento.
Por paradoxal que possa parecer, a proposta de jogo do Paraná é entrar em campo ?desprezando? o empate. ?Quero o meu time jogando futebol?, sentenciou Zetti. Os jogadores recorrem a conhecidos chavões para justificar a postura que o Tricolor tentará aplicar no duelo contra o rubro-negro. ?Quem joga para empatar, está mais próximo da derrota?, destacou o zagueiro Daniel Marques. ?Nosso time tem característica ofensiva. E é assim que a gente deve jogar?, lembrou.
Zetti ainda não definiu a formação que irá utilizar. Mas quer um time cooperativo. ?Foi assim contra o Maracaibo. Não deixamos o adversário pensar?, comentou. Com essa postura, o Paraná já vencia por 2×0 com menos de 15 minutos de jogo. Com a participação coletiva, Zetti espera uma atuação equilibrada, capaz de anular a força do adversário. ?O Atlético vai tentar a pressão desde o primeiro minuto. Essa pressão é normal e temos que ter inteligência para não apenas quebrar o ritmo das investidas como tentar surpreendê-los?, destacou o capitão Beto.
Os jogadores paranistas dão pouca importância à natural rivalidade ou ao histórico tabu.
O Tricolor jamais venceu um jogo no estádio Joaquim Américo. ?Sempre há uma primeira vez. Quem sabe não será neste domingo??, disse Daniel Marques. O fato do time ainda não ter vencido um clássico nesta temporada não causa desconforto a Zetti. ?O importante é que estamos alcançando nossos objetivos?, afirmou. ?Podemos chegar à decisão sem vencer um clássico. E daí??
O treinador deve definir no treino desta tarde o substituto de Gérson, suspenso. Deixou no ar a possibilidade de manter o time no 4-4-2, mas citou três opções para a vaga: Joelson, Renan e Goiano. As outras alternativas – João Paulo ou Toninho – determinariam uma transição para o 3-5-2, esquema adotado em momentos isolados pela comissão técnica tricolor. ?O grupo assimilou as duas formações. Por isso, posso escolher a melhor estratégia com tranqüilidade?, finalizou Zetti.
Melhor que seja de fora
O técnico Zetti não teme confronto com uma equipe brasileira nas oitavas-de-final da Libertadores da América. Porém, não esconde que a sua preferência seria por um adversário de outro país. ?Até pela característica do nosso time, poderíamos encontrar maior facilidade contra outras equipes sul-americanas?, comentou. Como tende a ficar entre os três piores segundos colocados, o Paraná Clube deverá encarar no mata-mata Santos, Flamengo ou São Paulo.
?Não dá pra ficar escolhendo. Tenho um grupo competitivo e a partir dessa fase é uma nova competição?, frisou. Zetti, que até então sempre destacou a importância de se buscar a classificação (na fase de grupos, sendo melhor que dois dos quatro concorrentes), agora busca dar ao time um perfil ?copeiro?. Uma regra que já vale neste Paranaense, onde disputa jogos eliminatórios com o Atlético. Mesmo tendo se garantido com apenas 50% de rendimento, Zetti não fez restrições à campanha do Tricolor na Libertadores, até aqui.
?Perdemos dois jogos para o Flamengo, ambos por 1×0, em partidas equilibradíssimas?, lembrou. ?No Rio, ainda fomos prejudicados pela arbitragem?. Para Zetti, o tropeço frente ao Real Potosí tem pouco valor numa avaliação técnica. ?É desumano jogar naquela altitude. Não há condição de analisar a equipe técnica ou taticamente por aquele jogo?, resumiu. Independente do adversário que o Paraná tiver pela frente, é certo que o Tricolor faz o primeiro jogo em casa e decide a vaga às quartas-de-final longe de sua torcida. Os jogos serão nos dias 2 e 9 de maio.
Paraná é 19.º na fase eliminatória
Cristian Toledo
A classificação de quinta-feira, ao vencer o Unión Maracaibo por 2×1 na Vila Capanema, fez o Paraná Clube entrar em um seleto grupo de times brasileiros: aqueles que já conseguiram entrar na série de jogos eliminatórios da Copa Libertadores da América (ver quadro). O tricolor faz história também ao conseguir tal feito na primeira vez em que disputa a competição.
Até o ano passado, dezoito equipes brasileiras passaram no campo da primeira fase (nos primeiros anos da competição) ou da fase de grupos (na ?moderna? Libertadores). O primeiro time a conseguir, o Palmeiras – em 1961 -, é também o mais assíduo nas séries de ?mata-mata? do principal torneio interclubes do continente. O alviverde paulista passou de fase em onze oportunidades. E tem uma vantagem considerável em relação ao segundo colocado nesta lista, o Cruzeiro, que classificou-se sete vezes para a segunda fase, ou para as séries eliminatórias.
Não estão contadas as classificações diretas, benefícios que a Conmebol dava ao campeão da Libertadores – esta vantagem seguiu até a competição de 1999, quando o Vasco entrou direto no ?mata-mata?.
Entre esses clubes, treze conseguiram passar de fase logo na primeira participação no torneio – feito repetido agora pelo tricolor. São eles: Palmeiras (em 1961), Santos (1962), Botafogo (1963), Cruzeiro (1967), São Paulo (1972), Guarani (1979), Flamengo (1981), Corinthians (1991), Criciúma (1992), Atlético (2000), São Caetano (2001), Paysandu (2003) e Goiás (2006).
Títulos
Apenas oito times brasileiros foram campeões da Copa Libertadores: São Paulo (1992, 1993 e 2005), Santos (1962 e 1963), Cruzeiro (1976 e 1997), Grêmio (1983 e 1995), Palmeiras (1999), Flamengo (1980), Vasco (1998) e Internacional (o atual detentor da taça).