O Paraná Clube decidiu não aceitar passivamente os erros de arbitragem que acabaram sendo determinantes na sua derrota para o Fluminense, no último sábado, no Maracanã.
O Tricolor ingressa hoje, através do advogado Domingos Moro, com representação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, na tentativa de punir judicialmente o trio de arbitragem e obter a impugnação da partida.
Inicialmente contrário à ação, o presidente José Carlos de Miranda decidiu dar ?sinal verde? aos advogados, após reunião com o vice jurídico Luiz Carlos de Castro e Domingos Moro.
?Não tememos retaliação. Estamos apenas defendendo nossos direitos e agindo dentro da lei?, disse o presidente paranista. Para obter sucesso total no STJD, o desafio de Moro será comprovar erro de direito nos três lances polêmicos ocorridos na partida.
Serão utilizadas como provas as imagens dos lances – o gol irregular do Fluminense e duas penalidades máximas não-assinaladas – e toda a repercussão do jogo na imprensa nacional. ?Se o tribunal aceita imagens para punir atletas que cometeram infração fora do lance de bola, porque não ter o mesmo procedimento quando quem erra é o árbitro??, indagou o advogado paranista.
O primeiro passo de Domingos Moro será apresentar queixa à procuradoria do STJD contra o trio de arbitragem do Espírito Santo. ?Se obtivermos sucesso, o Paraná estará prestando um serviço ao futebol brasileiro.
O STJD é o local onde se deve julgar a atuação dos árbitros de futebol?, explica. Moro diz ser cômodo para o árbitro as tradicionais ?punições administrativas?, como é o caso de Édson Esperidião e Alfonso Scarpati, afastados por três rodadas pelo diretor do departamento de arbitragem da CBF, Édson Resende.
?Árbitro não é diferente de atleta ou de dirigente.
Deve ser julgado no tribunal competente pelos seus atos?, disse Domingos Moro.
?E isso só pode ocorrer com a denúncia à procuradoria?, falou. Como todos os processos são baseados nas súmulas dos jogos, somente com uma queixa como a que o Paraná está impetrando é que um árbitro estará sujeito a uma punição. ?O árbitro não vai relatar que errou.
Por isso, essa postura do Paraná é inédita e talvez seja o caminho para que os árbitros conduzam as partidas com maior responsabilidade?, afirmou Moro.
A base da representação é o artigo 259 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata especificamente da não-aplicação da correta regra de arbitragem. A pena prevista é de 30 a 120 dias de suspensão. O parágrafo único do artigo traz o seguinte texto: ?A partida, prova ou equivalente poderá ser anulada se ocorrer, comprovadamente, erro de direito?. ?Não é um caso fácil e não sou vendedor de ilusões. Mas, se está na lei, algum dia, alguma partida será anulada. Por que não essa??, finalizou.
Carlinhos pode ter sua chance de ouro
O goleiro Carlinhos vive a expectativa de sair do anonimato no fim de semana. Caso o goleiro Flávio não seja liberado pelo departamento médico, será dele a missão de vestir a camisa 1 do Paraná frente ao Corinthians, domingo – às 18h10 -, em Maringá. ?Não sei qual a situação do Flávio. Mas, tenho certeza que estou pronto para entrar no time?, disse Carlinhos (21 anos), formado nas categorias de base do clube.
O Tricolor inicia a semana de preparação para encarar o Timão sem saber quem estará na meta. Flávio, ao que tudo indica, deve ser liberado. Ele sentiu uma dor na parte posterior da coxa direita contra o Fluminense, foi substituído por Marcos Leandro, que também se lesionou. Com uma torção no tornozelo, Marcos Leandro já foi vetado. Flávio se submeteu à uma ressonância magnética, mas somente hoje o resultado será conhecido.
Diante dessa situação, Carlinhos pode fazer a sua estréia na equipe principal.
O jogador ficou no banco de reservas nas duas primeiras rodadas deste Brasileirão e em um jogo do estadual.
?Ser o terceiro goleiro é difícil. As chances são raras e os torcedores não fazem idéia de quem você é?, disse Carlinhos. ?Mas, faz parte da profissão. Confio no meu potencial. Quem sabe depois das eras: Régis, Marcos e Flávio não vem aí a era Carlinhos??.
O jogador sabe que terá que romper barreiras para transformar esse sonho em realidade. No Paraná, apenas Marcos – dos vários goleiros formados no clube – conseguiu se firmar como titular. ?Espero quebrar essa barreira, com muito trabalho e paciência. Sou jovem e esse período ao lado do Flávio e do Marcos Leandro tem sido de aprendizado para mim?, finalizou.
O preparador de goleiros Renato Secco se mostra absolutamente tranqüilo diante da possibilidade de lançar o garoto como titular no próximo domingo. ?Se está no grupo principal é porque tem qualidade para jogar, não importa o momento?, disse Renato.
O profissional fala com total conhecimento, já que trabalha com Carlinhos há quase três anos, desde as categorias de base do Tricolor. Se Carlinhos for escalado, outro garoto ficará como opção no banco: Gabriel (19 anos), que ainda pertence à equipe de juniores.