O Paraná Clube sentiu nos cofres a dureza que é a Série B. Relegado ao segundo escalão do futebol brasileiro, o clube teve um déficit de nada menos do que R$ 7,68 milhões na temporada 2008. Um ano antes, quando caiu para a Segundona (mas disputou a Libertadores), o déficit foi de R$ 388 mil. O clube trabalhou no vermelho tanto no futebol quanto no social, reflexo imediato da queda no faturamento, principalmente no que diz respeito às cotas de televisão e patrocínio.
No ano passado, quando precisou reconstruir seu orçamento para se manter na Série B (reformulando o time para o segundo turno), o Tricolor comprometeu o orçamento dos três primeiros meses deste ano. Na prática, o rombo está intimamente ligado à queda acentuada das receitas.
Em 2007, por exemplo, o clube arrecadou só no futebol R$ 19,23 milhões. No ano passado, só entraram nos cofres R$ 12,24 milhões. Resumindo: o clube recebeu muito menos e gastou praticamente o mesmo para sobreviver. Para o vice financeiro do clube, Waldomiro Gayer Neto, apesar do balanço negativo, boa parte da dívida já está negociada.
“Por uma questão técnica, nesse valor (R$ 7,68 milhões) estão incluídos valores de negociações trabalhistas que estão parceladas”, explicou Gayer Neto. “Os casos do Ricardo Machado Lima e do Hadson, por exemplo, incluem em torno de dez, doze parcelas. Mas, para efeitos contábeis, se computa o valor integral da ação”.
Outro atenuante: nos R$ 5,87 milhões arrecadados com venda de direitos federativos não estão incluídas as transações envolvendo Giuliano (Internacional) e Rodrigo Pimpão (Vasco), realizadas no início desta temporada. A venda de jovens valores, aliás, representou no ano passado praticamente a metade do faturamento do futebol.
“Não há outra saída. Se hoje não temos cotas maiores da tevê, temos que fabricar e vender jogadores”, admitiu Waldomiro Gayer Neto. Por isso, o Paraná, independente da parceria com a Base, que resultou na construção do Ninho da Gralha, praticamente dobrou o investimento com formação de atletas. Uma questão, porém, subjetiva.
Se recentemente o Paraná “fabricou” atletas do porte de Éverton, Giuliano e Pimpão, hoje o clube deposita em Elvis sua maior esperança. Internamente, todos têm a consciência de que de imediato o clube não conseguirá colocar no mercado outros jogadores que representem um retorno financeiro expressivo.