Valquir Aureliano |
Gol salvador: Henrique tira da cartola um ?pombo sem asa?, que morre no ângulo do goleiro Harlei. Tricolor segue firme na busca da vaga pra Libertadores 2007. |
A persistência é uma das virtudes inerentes aos times vencedores. E o Paraná Clube mostrou que sabe perseverar quando o insucesso parece inevitável. Contra o Goiás, ontem, na lotada Vila Capanema, o tricolor criou, insistiu, chutou e transformou o goleiro adversário em melhor jogador em campo. Dava a impressão de que jamais chegaria ao objetivo, mas buscou um gol no finalzinho, através de um reserva até então pouco utilizado, e deu novo salto no Campeonato Brasileiro.
O tirambaço do atacante Henrique, que entrou no ângulo de Harlei aos 42 minutos do segundo tempo, faz o Paraná subir um degrau no torneio – com 49 pontos, ultrapassou o Santos e agora é o quarto colocado. A vitória por 1 a 0 reduziu para dois pontos a diferença em relação ao vice-líder (agora o Grêmio) e manteve em cinco a vantagem para o primeiro time fora da zona da Libertadores (agora o Vasco).
Dureza
Vencer o Goiás não foi fácil, mas o empate seria um castigo cruel aos tricolores.
Empurrado por 14 mil torcedores (a partida foi patrocinada pela Nestlé), o Paraná comandou as ações durante toda a partida e acumulou oportunidades desperdiçadas. O time goiano, que estava invicto há oito rodadas, recuou em excesso e mostrou pouca eficiência nos contragolpes – até porque os atacante Souza e Jonhson não têm velocidade, alas apoiaram timidamente.
O Paraná foi precavido no início, deixando Cristiano sozinho no ataque e não desguarnecendo a defesa. Mas Sandro, Maicosuel e Batista, que vinham de trás, organizavam boas tramas e o ataque criou cinco chances de gol nos primeiros 30 minutos. A superioridade virou jogo de gato e rato quando o veterano Galeano foi corretamente expulso, aos 31.
Como o Goiás praticamente abdicou do ataque, no intervalo Caio Júnior trocou o zagueiro Emerson pelo meia Joelson. Mas a cartada do técnico durou oito minutos, até que o mesmo Joelson deu um carrinho num adversário e o árbitro Djalma Beltrami, numa decisão discutível, expulsou o paranista.
A igualdade numérica pouco mudou o panorama do jogo.
A blitz sobre a meta goiana incluía tiros de média distância, inspiradas jogadas individuais (principalmente de Sandro e Maicosuel) e tabelas pelo meio da área. Todas era paradas por Harlei, autor de pelo menos três defesas difíceis. A diferença era o espaço que agora o Goiás encontrava para buscar algo mais que o empate – só aos 22 minutos criou a primeira situação de real perigo.
Com o passar do tempo, o Goiás abraçou-se de vez no empate e tentou trancar ainda mais a defesa. Mas o Paraná tirou da cartola um coelho chamado Henrique e seguiu pavimentando o caminho rumo à Libertadores.
Caio Júnior diz que meta é ser vice do Brasileirão
Quatro vitórias separam o Paraná do maior momento de sua história. Na projeção do clube, mais 12 pontos são suficientes para garantir uma vaga na Copa Libertadores, mas a ambição torna-se maior com o bom futebol e a seqüência de resultados satisfatórios – o triunfo sobre o Goiás foi o terceiro seguido e o quinto nos últimos seis jogos.
Agora, Caio Júnior solidifica o vice-campeonato como meta a ser atingida – somente os dois primeiros colocados asseguram lugar na fase de grupos da Libertadores. ?Vamos olhar no retrovisor, mas almejar algo a mais?, pediu o técnico.
?Se pensarmos no vice-campeonato, automaticamente nos afastamos de quem está em quinto ou sexto lugar?, repete o zagueiro Neguete, ontem capitão do time.
O técnico classificou de ?infeliz? a expulsão do meia Joelson, no início do segundo tempo, mas acredita que o lance desencadeou certa vantagem ao Tricolor. ?A expulsão foi psicologicamente interessante. Com um (jogador) a mais há certa obrigação em vencer, até para a torcida. Mas com 10 contra 10 o time se acende mais, sabe que qualquer descuido pode ser fatal?, observou. Para Caio, o tricolor poderia até ter goleado se marcasse um gol no início. ?Mas o futebol é ingrato e corremos o risco de tomar gol no contra-ataque. Fiquei ainda mais preocupado com a saída do Emerson e a expulsão do Joelson, que deixaram o time com estatura muito baixa. Mas pelo número de oportunidades que tivemos o empate não seria justo. O resultado foi sofrido, mas merecido?, avaliou.
O Paraná volta a campo domingo que vem, às 16h, diante do Flamengo, na Vila Capanema – onde mantém 100% de aproveitamento em três jogos disputados neste Brasileirão.
Campeonato Brasileiro
Série A – 29.ª rodada
Local: Durival Britto, em Curitiba (PR).
Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira (FIFA-RJ).
Assistentes: Hilton Moutinho Rodrigues (FIFA-RJ) e Jorge Luiz Campos Roxo (RJ).
Gol: Henrique, aos 42 minutos do 2.º tempo.
Cartões amarelos: Peter (P) e Danilo Portugal (G)
Cartões vermelhos: Galeano (G), aos 31 minutos, do 1º tempo e Joelson (P) 8? do 2.º tempo.
Público: 14.475 (total). Renda: R$ 84.975
Paraná 1×0 Goiás
Paraná
Flávio; Gustavo, Émerson (Joelson) e Neguete; Peter, Pierre, Batista, Sandro e Eltinho (Gerson); Maicosuel e Cristiano (Henrique). Técnico: Caio Jr.
Goiás
Harlei; Leonardo, Aldo e Galeano; Vítor, Cléber (Muñoz), Danilo Portugal, Róbson Luiz (Juliano) e Jadílson; Johnson (Nonato) e Souza. Técnico: Geninho.