Paraná só anuncia reforços depois do réveillon

Reforços só na semana que vem. Mesmo garantindo que algumas transações estão ?engatilhadas?, a diretoria do Paraná Clube decidiu só anunciar novas contratações a partir da próxima segunda-feira. Com o grupo praticamente definido, restam apenas cinco pendências. Além do goleiro Flávio, o clube espera fechar com os zagueiros Émerson e Gustavo, com um lateral-esquerdo e um meia-armador (que viriam do interior paulista).

?Trazer o jogador agora seria custo dobrado?, disse o vice de futebol José Domingos. Com a decisão, a diretoria quer evitar atropelos nos dias que antecedem o recesso de fim-de-ano. ?Eles viriam a Curitiba apenas para os exames e para serem apresentados. Mas, como ninguém quer passar o Ano Novo longe da família, teriam que voltar para suas casas e novamente vir a Curitiba na terça-feira. É perda de tempo e dinheiro?, justificou.

Nas entrelinhas, José Domingos dá a entender que algumas negociações estão fechadas, faltando apenas a parte burocrática do processo. Porém, a diretoria evita citar nomes. Só não descarta aqueles que já ?vazaram?, como os casos dos zagueiros Émerson e Gustavo. Só que a pedida inicial do experiente Émerson foi, ao que tudo indica, acima do esperado. ?Não vamos fugir às nossas diretrizes. Temos um orçamento bem definido e só virão atletas que se enquadrarem nessa situação?, comentou Domingos.

Mesma regra vale para o goleiro Flávio, jogador há mais tempo no clube e maior salário do atual elenco. ?Negociar com o Flávio é sempre complicado. A única coisa que ele disse é que se apresentará no dia 3 e depois conversará sobre o assunto?, explicou. José Domingos disse ainda que o Paraná já tem outros três goleiros – Darci, Marcos Leandro e Carlinhos, que será promovido dos juniores – caso o impasse do ano passado se repita.

A outra negociação – esta muito mais urgente, no momento – envolve um lateral-esquerdo. Com as saídas de Edinho e Vicente (eles disputaram acirradamente uma posição no time nas duas últimas temporadas) o clube ficou sem um ala para a largada do Paranaense. Digão é considerado muito ?verde? e por isso a busca por um jogador para a posição é prioridade. Nomes são mantidos em sigilo, mas seriam duas opções para o setor, os dois estariam em atividade no interior paulista.

Apenas 12º no estadual 2005

Foi a temporada do ?tiro no escuro?. Em se tratando de Campeonato Paranaense esta talvez seja a melhor definição para o Paraná Clube ao longo dos três primeiros meses do ano. Sem dinheiro em caixa ou o aporte de parceiros comerciais, o clube naufragou no estadual – como ocorrera nas duas temporadas anteriores -, ficando num pífio 12.º lugar. Resultado do excesso de contratações equivocadas, premidas pela necessidade.

O próprio presidente José Carlos de Miranda definiu o quadro ao término da competição: ?fomos incompetentes na montagem do elenco?. O Tricolor, com a saída dos atletas da S.M. Sports (do empresário Sérgio Malucelli) após o término do Brasileiro – entre eles o quarteto de frente Cristian, Canindé, Marcel e Galvão -, partiu para uma desesperada reformulação de seu elenco. Nem mesmo com a manutenção de seis titulares obteve êxito.

A diretoria imaginava que com a permanência do técnico Paulo Campos e esta base, colocaria novamente o Paraná em uma posição de destaque -ao menos no futebol doméstico. Um engano. Nada menos do que 48 atletas estiveram no clube (muitos apenas em teste, sem jogar uma partida sequer) ao longo de apenas 80 dias. Ao mesmo tempo que trazia de volta o artilheiro Renaldo, perdia peças-chave como o zagueiro Émerson e o volante Axel. No fim, as contratações de atletas de qualidade duvidosa (como André Chu, Alberoni e Thoni) falaram mais alto.

Nesse entra-e-sai de atletas, o técnico Paulo Campos -apontado por muitos como o ?salvador? da equipe no Brasileiro (a partir de sua volta o time engrenou e se livrou do risco de rebaixamento com relativa folga) – entrou em rota de colisão com o grupo. Após a derrota para a Adap, em Campo Mourão, desabafou afirmando não ser ?mágico?. Era o sinal do fim de seu ciclo no Paraná Clube. Bastou uma derrota para o Coritiba, na rodada seguinte – a última do primeiro turno – para que a diretoria decidisse pela sua demissão.

O auxiliar-técnico Júlio César de Camargo assumiu interinamente para o jogo seguinte, enquanto Lori Sandri era contratado para as seis partidas finais da primeira fase. O novo treinador tratou de modificar a equipe, escalando alguns garotos recém-promovidos da equipe de juniores – e que chegaram à terceira colocação da Copa São Paulo da categoria -como Alex e Thiago Neves. Estreou com uma vitória suada sobre o Engenheiro Beltrão (4×2), no Pinheirão. Só que a missão era complicadíssima.

Um empate, em Bandeirantes, frente ao União, deixou o time com remotas possibilidades de classificação. Iniciava-se, então, o período de dispensas, com olhos voltados para o futuro. Diante do baixo nível da competição, o Tricolor chegou à última rodada ainda com chances matemáticas de qualificação à segunda fase e invicto sob a direção de Lori. Mas, nova derrota para o rival Coritiba, em Maringá, sacramentou o fim da temporada estadual para o Paraná Clube. Com carências mais do que evidentes, era hora de pensar no Brasileiro, onde entraria como um dos maiores favoritos ao descenso, segundo previsões dos ?especialistas?.

O ocaso do craque da camisa 9

Diz o ditado ?em terra de cego, quem tem um olho é rei?. Renaldo, mesmo com um futebol distante daquele que o consagrou em 2003, chegou com fama de artilheiro. E não decepcionou. Depois de passagens frustradas pelo futebol sul-coreano e pelo Palmeiras, Renaldo foi contratado para pôr fim à carência de gols. O ataque passou em branco em três dos quatro primeiros jogos no Estadual.

Sua reestréia ocorreu em Paranaguá, no início de fevereiro. Renaldo não marcou, mas teve atuação direta na vitória (2×0) sobre o Rio Branco. Ídolos são assim. Em casa, Renaldo passou a ser a referência do Paraná Clube. Foram oito jogos e nove gols, com uma média excepcional para um jogador próximo da aposentadoria. E o goleador comemorou seu 35.º aniversário em grande estilo. Um jogo memorável, frente à Adap, em pleno Pinheirão, no dia 19 de março.

O time de Campo Mourão abriu o placar no final do primeiro tempo, com Marcelo Peabiru. Renaldo, com fome de gols, empatou antes do intervalo. Só que o Paraná não se encontrava no jogo e com gols de Batista e Elvis a Adap ampliou a contagem no início do segundo tempo. Parecia que o resultado era irreversível. Mas, Renaldo estava em campo. Ele fez um, dois, três gols, virando o placar e igualando-se a Márcio como o maior artilheiro do Paraná em apenas um jogo. Uma reviravolta emocionante para os pouco mais de mil pagantes que foram ao estádio.

Só que um descuido no final ofuscou o ?parabéns pra você? de Renaldo. Jorginho empatou aos 43 minutos e o jogo ficou no 4×4. Mesmo assim, uma tarde histórica e que ficará gravada na memória de muitos. Especialmente de Renaldo. Foi seu último grande momento no clube, já que na seqüência entraria num processo de desgaste junto à diretoria, até ser negociado com o Coritiba no início de agosto. No Brasileiro, convivendo com lesões musculares, Renaldo disputou seis jogos e marcou somente um gol com a camisa tricolor.

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