O Paraná Clube quer fazer do clássico de domingo, frente ao Coritiba, o ?jogo da virada?. Após um início de temporada marcante, com atuações expressivas – em especial na Libertadores, o Tricolor começa a ver sua qualidade questionada diante dos recentes tropeços. A torcida, que na quarta-feira lotou a Vila Capanema, confiante numa vitória sobre o Flamengo, deixou o estádio desconfiada. Para jogadores e comissão técnica, uma reação natural diante do resultado da partida.
?Nós também ficamos muito tristes. Só que a torcida é passional. Nós temos que agir com a razão, ver onde erramos e pensar no próximo jogo, pelo Paranaense?, disse o técnico Zetti. O treinador creditou a primeira derrota na Libertadores – que custou ao Tricolor a liderança do Grupo 5 – à falta de pontaria. ?O jogo foi muito equilibrado. Pecamos no toque final?, resumiu.
Ele garante que o resultado não irá refletir no ambiente do grupo. ?Este vem sendo o nosso ponto forte. A união do elenco. E tem que continuar assim.?
Zetti deixou claro que pretende escalar a força máxima do Paraná, neste clássico. Na fase classificatória, o Tricolor entrou em campo com o time B, chegou a empatar a partida, após estar perdendo por dois gols, mas sofreu o revés aos 48 minutos do segundo tempo.
?O campeonato começa agora?, lembrou Zetti, prometendo um time forte e equilibrado para tentar largar com o pé direito na busca por uma vaga nas semifinais. ?Temos três concorrentes e para chegar lá temos que ser melhor do que dois deles?, afirmou.
O Tricolor, porém, não estará completo neste jogo, programado para o Couto Pereira. O atacante Dinelson está fora do clássico e deverá voltar à equipe somente na quarta-feira, dia da revanche frente ao Flamengo, no Maracanã. Em tratamento devido a lesão de tornozelo, o ?baixinho? deve voltar aos treinos normais somente na segunda-feira. Outro que deve desfalcar o Paraná é o atacante Henrique. Ele não está lesionado, mas Zetti acredita que seria pouco prudente exigir do atleta, que ficou três semanas sem jogar, participação em três partidas num período de oito dias.
Zetti não deu pistas quanto à esquematização tática que pretende aplicar, mas a tendência é que o Paraná volte a jogar com apenas dois zagueiros. ?Mais importante do que o plano tático é recuperar aquele brilho nos olhos.
Aquele brilho de vitória?, sentenciou Zetti. Quer, assim, que os jogadores não percam a confiança depois das derrotas para Atlético e Flamengo, ambas na Vila Capanema. ?Foram resultados ruins. Mas, estamos na segunda fase do estadual e, na Libertadores, perdemos a liderança, mas não a possibilidade de classificação. Dependemos apenas de nossos resultados?, comentou o treinador.
Vaias não abatem Joelson, ?Vou dar a volta por cima?
O meia Joelson não questionou a torcida, que o vaiou intensamente no jogo frente ao Flamengo, depois que ele desperdiçou uma chance incrível para empatar a partida. ?A torcida está de parabéns. Veio, lotou o estádio e incentivou o time?, disse o jogador. ?Eu mesmo não sei como perdi aquele gol?, deixou escapar. Joelson, no dia seguinte ao jogo, reconheceu que a melhor opção, naquela jogada, era o toque, tirando do goleiro.
Ao invés disso, Joelson ?encheu o pé?. ?Minha característica é o chute forte.
Foi assim que sempre marquei meus gols?, comentou. O jogador disse que, na sua avaliação, fez um bom jogo frente ao Flamengo, mas o gol perdido foi marcante. ?Se fizesse, sairia como herói, tenho certeza.? O meia está confiante numa grande partida frente ao Coxa. ?Se o Zetti precisar, estou pronto. Aquelas vaias não vão me abater. Já vivi momento pior aqui no Paraná.?
O jogador, no ano passado, chegou a ser hostilizado por integrantes de torcida organizada e quase foi agredido. ?Sei que a torcida ainda não tem confiança em mim.
Mas, isso, só vou conquistar com jogos e gols?, frisou Joelson. O jogador continua sendo uma das apostas de Zetti. ?Conquistei a confiança dele nos treinos. Agora, é trabalhar para ganhar essa torcida.? Para Joelson, a ?falta de tolerância? se justifica pela expectativa que foi criada em torno de sua contratação, há um ano.
?Torcedor é assim mesmo.
E essa cobrança deve existir. Eles cobram daqueles que podem dar resposta. Não adianta querer é cobrar de um garoto, recém-promovido das categorias de base?, analisou Joelson.
João Vítor passa o aniversário no hospital
Quis o destino que o zagueiro João Vítor ?comemorasse? seu aniversário de 24 anos num quarto de hospital. Operado ainda na noite de quarta-feira, o jogador ficará seis meses afastado dos campos de futebol, devido a séria fratura que sofreu no antebraço esquerdo, no jogo frente ao Flamengo, pela Libertadores da América. Com serenidade, agradeceu a visita de amigos e companheiros e preferiu não culpar o atacante Souza pelo incidente.
?Foi fatalidade?, disse o jogador. O diretor-médico do clube, Mothy Domit, revelou que a fratura foi agravada pelo fato de João Vítor estar com o braço apoiado no chão, quando o atacante rubro-negro chutou a bola e atingiu também o zagueiro paranista. ?O impacto foi forte, mas se ele estivesse com o braço ?solto?, a contusão não seria tão séria?, comentou Domit. A cirurgia foi comandada pelo doutor Curi, do Hospital Evangélico. No procedimento foram colocadas duas placas metálicas e doze parafusos de fixação.
A previsão é que somente a partir do dia 15 de setembro João Vítor esteja apto a realizar treinamentos coletivos. ?Dentro de um mês, ele pode voltar aos treinos físicos. Mas, atividades com o risco de queda, não?, frisou Domit. Neste período, João Vítor poderá passar por novas cirurgias para enxerto dos ossos, já que além da fratura completa dos dois ossos do antebraço, um deles se partiu em dois fragmentos. Isso sem contar um procedimento final, para a retirada das placas.
?Para essa cirurgia, o prazo de recuperação gira em torno de quatro meses?, explicou o médico paranista. Porém, é possível que João Vítor volte a jogar sem a remoção das placas. O vice de futebol José Domingos confirmou que o Paraná deverá prorrogar o contrato do jogador, que se encerra no próximo mês. ?Daremos toda a assistência ao atleta. A tendência é que João Vítor tenha seu vínculo prorrogado ao menos até dezembro deste ano.