A possibilidade de perder uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 despertou as forças políticas paranaenses. O ?salto? do presidente da CBF Ricardo Teixeira, que visitou os principais governadores do País, mas excluiu o Paraná, fez acelerar a tímida articulação que se ensaiava para incluir Curitiba no mundial prestes a ser confirmado no Brasil.
Há duas semanas, políticos e importantes empresários paranaenses formaram uma espécie de grupo de negociação para garantir Curitiba no mundial. Os deputados Nelson Justus, presidente da Assembléia Legislativa, e Alexandre Curi foram os porta-vozes do núcleo e levaram o pleito ao governador Roberto Requião, que mostrou-se favorável a costurar politicamente a vinda da copa ao Paraná.
Mas a ausência de Teixeira, que já visitou Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e vários estados do Nordeste, mas ?esqueceu? o Paraná, preocupou o grupo, que inclui também o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia. Ontem houve nova reunião entre empresários e os deputados. ?Não se pode mais esperar que a coisa aconteça. Ou a CBF vem a nós ou nós vamos à CBF. O importante é que o Paraná não fique de fora?, afirmou Justus, que conta com uma peça importante nesta negociação – o ex-governador João Elísio Ferraz de Campos, amigo pessoal de Teixeira.
Paralelamente, Doático Santos, assessor e fiel escudeiro de Requião, anuncia para hoje o lançamento do ?Comitê Pró-Copa 2014 no Brasil e no Estado do Paraná?.
Os articuladores sabem que a maior pedra no sapato do Estado é a rejeição que Ricardo Teixeira nutre pelo presidente da Federação Paranaense de Futebol. O chefe da CBF não quer vincular sua imagem à do controvertido Onaireves Moura, que deve R$ 1,5 milhão à confederação nacional. ?Não há dúvida que há um estremecimento entre Ricardo Teixeira e o presidente Onaireves Moura. Não vamos admitir que uma coisa pequena como essa atrapalhe Curitiba e o Paraná. Uma copa do mundo envolve investimentos federais, retorno financeiro nos mais diversos ramos e mostra a cidade ao mundo inteiro. Não podemos perder essa chance?, disse Justus.
Uma das saídas ensejadas nos corredores do poder é o comprometimento do Estado em tirar Moura da federação. Uma intervenção direta da FPF, alvo freqüente de denúncias de irregularidades, seria uma solução traumática pelo fato de a entidade ser privada. A mais viável é a montagem de uma chapa com pesado apoio governamental para disputar a próxima eleição na FPF, marcada para março de 2008. Neste meio-tempo, Teixeira evitaria aparecer com Moura, mas garantiria Curitiba como uma das 12 sedes.
?Existe a possibilidade de se ganhar um pleito eleitoral?, falou o empresário e presidente de honra do J. Malucelli, Joel Malucelli, que também participou das reuniões com Justus e Curi. Ele mesmo não descarta concorrer às eleições. ?Se vier um convite, posso ajudar. Farei o que estiver a meu alcance para que Curitiba não saia da Copa?.
Embora o nome de Joel tenha peso, os candidatos mais fortes seriam o presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, e um nome ligado à Casa Civil do governo estadual.