Valquir Aureliano
Leonardo inferniza a defesa do Santos. Atacante do Paraná não marcou gols, mas ajudou o tricolor a ficar entre os primeiros na tabela.

Jogando em casa, com estádio cheio, o Paraná Clube somou só um ponto e viu alguns adversários diretos vencerem. Mas, maduramente, não reclamou da sorte. Afinal, fez duelo duro e rigorosamente equilibrado com outro aspirante às primeiras posições – e o justo empate em 1 a 1 diante do Santos, ontem, no Pinheirão, mantém o Tricolor como um dos melhores do Brasileirão e candidato às vagas na Libertadores. Acabou perdendo a vice-liderança para o Internacional, mas segue entre os classificados para o torneio continental.

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O jogo que reunia o segundo e o terceiro colocados do campeonato atraiu 17 mil torcedores e justificou a expectativa. Principalmente na etapa inicial, quando os dois times imprimiram ritmo alucinante, abusando da velocidade e ignorando o péssimo gramado do Pinheirão. O time da Vila Belmiro começou com estilo bem definido: atrair o Paraná para seu campo de defesa e sair em bloco nos contragolpes. Deu certo logo aos quatro minutos, quando Wellington Paulista deixou a zaga tricolor na saudade e bateu no canto de Marcos Leandro. O mesmo Wellington, que não marcou um gol sequer em mais de 20 jogos pelo Paraná, anotava pela primeira vez com a camisa santista. Não deixou por menos e comemorou provocando a torcida tricolor. ?Foi uma resposta sim.

Queria ficar no Paraná e a diretoria não deixou?, explicou, depois da partida.

O gol sofrido não abateu o Paraná, que logo depois empatou num belo lance concluído por Maicosuel.

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A partida seguiu lá em cá, com lances de perigo para os dois lados. O Santos começou a perceber a insegurança do goleiro reserva Marcos Leandro, que falhou em alguns lances, e arriscou chutes de média e longa distâncias.

O Tricolor apostava em tabelas rápidas e na habilidade de seus meias ofensivos e atacantes.

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No segundo tempo, o Paraná ganhou um reforço: o apoio ativo da Torcida Fúria Independente, que em toda a primeira etapa fizera ?greve de silêncio? em protesto contra a proibição de entrada de faixas e camisas da organizada, e pela recusa da diretoria em incluir a vestimenta da Fúria na promoção de ingressos (quem vestia a camisa do Paraná pagou metade do preço).

Mas, curiosamente, a qualidade do jogo caiu. Sabendo que o contragolpe adversário era arma importante, os dois times postaram-se com mais cautela. O Tricolor errou muitos passes – Felipe Alves era o campeão neste quesito – e pouco incomodou a defesa santista. Quando teve a chance, a arbitragem anulou gol de Maicosuel apontando impedimento inexistente. Mas em lance anterior, outra falha do trio anulou lance legal que deixaria Wellington Paulista na cara do gol. Empate também na reclamação, em jogo que comprovou a equivalência entre o Tricolor e os principais times do País.

Iguais em campo, no papo e na classificação

Equilíbrio em campo, equilíbrio fora dele. Paraná e Santos fizeram jogo tão parelho quanto as análises nos vestiários depois dos 90 minutos.

Vanderlei Luxemburgo considerou o empate um ?grande resultado?. ?Jogamos para vencer e expus a equipe para tentar os três pontos. Mas o Paraná tem méritos e não está nas primeiras colocações por acaso. O empate é melhor para nós, que faremos o jogo de volta em casa?, afirmou o técnico santista.

No outro lado, Caio Júnior também não reclamou do resultado. ?Tivemos muitas dificuldades. Depois do gol (de empate) melhoramos, e no segundo tempo o jogo ficou mais feio, até pelo estado do gramado, que não permite o uso da técnica. Mas temos que valorizar nossa invencibilidade no Pinheirão. Jogando assim, vai ser difícil ganhar do Paraná?, disse o treinador do Paraná.

Assim como o colega santista, Caio puxou a sardinha e achou que seu time teve mais chances de vencer.

O comandante tricolor também aliviou a barra do goleiro reserva Marcos Leandro, que cometeu várias falhas.

?O torcedor não sabe, mas ele jogou com 38, 39 graus de febre e se superou?, lembrou o treinador, que faz observação semelhante em relação ao volante Pierre, que reestreou ontem, e ao meia Sandro. ?Pierre agüentou até não

poder mais andar por causa de cãibras. Dá orgulho tem um jogador assim?, destacou Caio.

O capitão paranista foi outro que não menosprezou o ponto conquistado.

?Pelo adversário, que vai brigar pelo título, não deixa de ser bom resultado. Qualquer um poderia ganhar. Uma derrota talvez prejudicasse nosso bom momento, mas assim seguimos confiantes e entre os quatro melhores?, apontou Emerson.

Agora o Paraná ganha folga na tabela. A partida diante do Internacional, em Porto Alegre, antes marcada para quinta-feira, foi adiada para 30 de setembro em virtude da participação da equipe gaúcha na final da Libertadores.

No jogo contra o São Caetano, domingo, às 18h10, no Pinheirão, o Tricolor poderá ter novamente Flávio e Batista, que cumpriram suspensão.

Artilharia diversificada

Mesmo marcando apenas uma vez contra o Santos, o Paraná segue exibindo o melhor ataque do Brasileirão. O Tricolor já fez 30 gols na competição (média de 1,87 por partida), dois a mais que o Fluminense e três à frente de São Paulo e Cruzeiro.

E a tarefa de anotar os gols é bem dividida na equipe. O time não tem um artilheiro destacado – o ala Ângelo, que marcou cinco vezes, é o principal goleador. Logo em seguida vêm um zagueiro (Emerson), um meia-atacante (Maicosuel) e dois avantes (Leonardo e Cristiano), todos com quatro. No total, onze paranistas já balançaram as redes adversárias.

CAMPEONATO BRASILEIRO
16ª RODADA
SÚMULA
Local: Pinheirão (Curitiba).
Horário: 18h10.
Árbitro: Antônio Hora Filho (SE).
Assistentes: Ivaney Alves de Lima (SE) e Antônio da Cruz dos Santos (SE).

PARANÁ CLUBE 1×1 SANTOS

PARANÁ
Marcos Leandro; Gustavo, Émerson e Edmilson; Angelo, Pierre, Felipe Alves, Sandro e Edinho; Maicosuel e Leonardo. Técnico: Caio Júnior.

SANTOS
Fábio Costa; Domingos, Ronaldo e Luiz Alberto; Dênis, Wendel, Cléber Santana, André (Rodrigo Tabata) e Kléber; Wellington Paulista e Jonas. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.