Lucimar do Carmo
Moura e Teixeira em 2003 eram amigos. Hoje o presidente
da CBF nem recebe mais
o dirigente da FPF.

Até o momento, a rota da Copa do Mundo de   2014 não passa por Curitiba. E a presença da capital paranaense no maior evento do esporte no planeta depende da conjunção de cartas políticas. A principal delas seria a saída de Onaireves Moura do poder do futebol local.

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O Paraná tem a sexta maior população e o quinto maior PIB do Brasil. Curitiba conta com alto poder aquisitivo, colonização de países europeus com tradição no esporte, curta distância de países vizinhos e o estádio mais próximo das exigências para abrigar uma Copa do Mundo (a Arena da Baixada), segundo o próprio Ministério dos Esportes. Nada mais natural que a capital do Estado se tornasse uma das 12 sedes do Mundial.

Esta semana, porém, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, reuniu-se com governadores, prefeitos e presidentes de federações no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Na semana passado, périplo foi por estados do Nordeste. Nada do Paraná, o que causou estranheza até na cidade-sede da entidade nacional.

A CBF ainda não se manifestou oficialmente sobre a ausência do Paraná no roteiro de visitas. Mas o ?salto? estaria associado à rejeição que Teixeira nutre pelo presidente da federação, Onaireves Moura. Além de ver o cartola paranaense como um administrador pouco confiável da verba proveniente para uma Copa do Mundo, Teixeira ainda espera receber R$ 1,5 milhão em dívidas referentes ao jogo Brasil x Uruguai, em 2001, pelas Eliminatórias do Mundial da Ásia. Para o dirigente carioca, associar sua imagem com a de Moura seria prejudicial neste momento de captação de recursos e composições políticas com os chefes do Executivo.

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Um vistoso indício da falta de prestígio de Onaireves na cúpula do futebol brasileiro foi visto ontem, no final do julgamento que culminou com a eliminação do Rio Branco. O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Rubens Approbato, foi irônico e contundente ao saber que o contrato extraviado do volante Paulo Augusto – que causou a eliminação do time de Paranaguá – teria sido encontrado por uma faxineira da FPF. ?Essa faxineira então deveria ser presidente da Federação Paranaense. A entidade, aliás, realmente precisa de uma limpeza?, falou o jurista. O STJD, que já fez severas críticas à falta de transparência e seriedade na casa do futebol paranaense, sugeriu a abertura de investigação por conta do caso Rio Branco.

A troca no comando da FPF, no entanto, depende de mudanças nos estatutos da entidade. Têm poder para isso os clubes profissionais, amadores e ligas amadoras do interior com direito a voto. Através de sua assessoria, Moura informou que não vai mais se pronunciar sobre assunto relacionados à Copa de 2014.

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Estado tenta recuperar o tempo perdido

Clewerson Bregenski

?O Paraná está bem posicionado e trabalhando para não perder a oportunidade de ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.? Essa frase foi dita pelo diretor-presidente do Paraná Esportes, Ricardo Gomyde, ao ser questionado se o Estado estava sendo preterido pela Confederação Brasileira de Futebol, devido ao não-comparecimento do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, ao Paraná. Nesse período, Teixeira conversou com os governadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

De acordo com Gomyde, o Paraná tem representatividade junto à CBF e tanto ele quanto o governador Roberto Requião têm mantido contatos diretos com o presidente da CBF e Ministério dos Esportes sobre o posicionamento do Estado. ?Não podemos perder uma oportunidade como essa, pois há um retorno muito grande em todos os setores. Reflete no crescimento econômico do Estado. Também serão realizados investimentos pesados para melhorar a infra-estrutura das cidades (sedes) e o Paraná não pode ficar de fora?, afirmou.

Curitiba não foi visitada por Ricardo Teixeira, conforme Gomyde, por problemas que ele considerou de ordem administrativa e que dizem respeito somente à CBF e à Federação Paranaense de Futebol – leia-se Onaireves Moura. Para o presidente do Paraná Esportes, o processo de escolha para as cidades-sede é lento e ainda não há confirmação de nenhuma cidade brasileira. ?O Paraná naturalmente é um candidato a sediar a Copa do Mundo de 2014, devido a sua importância dentro do cenário nacional?, finalizou.

Miranda aprova novo estádio

Na avaliação dos dirigentes do Paraná Clube, caso a Copa do Mundo de 2014 seja confirmada para o Brasil, o Estado do Paraná deverá ser uma das sedes na competição?. Porém, o presidente do Tricolor, José Carlos de Miranda, afirma que por exemplo nenhum dos estádios de Curitiba teria condições de atender as exigências que a Fifa faz para que possam sediar jogos da Copa?. ?Seria necessária a construção de um novo estádio?, afirmou Miranda. E nessa projeção o presidente do Paraná considera como ?único local compatível na cidade para essa nova praça esportiva, a região onde está localizado o Pinheirão – estádio da Federação Paranaense de Futebol.

Miranda também esteve ontem na sede da FPF conversando com o presidente da entidade, Onaireves Moura. Coincidência ou não, o presidente da FPF lançou no dia anterior – 4.ª feira – a idéia de construir um novo estádio na capital. ?O Moura negou também que seja a pessoa dele – Moura -, o empecilho para a vinda de Ricardo Teixeira – presidente da CBF – ao Paraná.?

O chefão do futebol brasileiro passou por vários estados, conversando com os respectivos governadores, prefeitos e dirigentes esportivos, entregando o Caderno de Encargos da Fifa.

O Estado ficou fora dessas visitas oficiais. O presidente do Paraná Clube disse ainda que ? estará integrado a qualquer esforço, ou comissão envolvendo os clubes e representantes do governo para ajudar a assegurar que o Estado receba os jogos da Copa?. Se for liderada pelo governo, ou pela FPF, estaremos lá?, garantiu Miranda.