Paraná perde por 2 a 1 e se complica na Libertadores

Ficou complicado.

A derrota para o Libertad por 2×1, ontem, na Vila Capanema, dificultou muito a vida do Paraná Clube na Copa Libertadores da América. Mas ainda há o jogo da volta, no qual se espera uma equipe mais serena e uma arbitragem menos parcial.

Ao time do Paraguai, até mesmo uma derrota por 1×0 no jogo da volta, próxima quinta, no Defensores del Chaco, em Assunção, serve para garantir a classificação para as quartas-de-final da Libertadores – além, é claro, da vitória e do empate. Ao Paraná é necessária uma vitória por dois ou mais gols de diferença, ou vitórias por 3×2, 4×3 e assim sucessivamente.

A inversão do placar (2×1 para o Paraná) leva a decisão para os pênaltis.

O primeiro tempo foi bastante complicado para o Tricolor. Acuado pelo avanço da marcação do Libertad, o Paraná demorou a se assentar na partida. Dinelson era sempre acossado por dois jogadores. E até isso acontecer, Flávio foi exigido e os visitantes quase abriram o placar. Alguns jogadores, como Egídio e Daniel Marques, estavam visivelmente nervosos, e Josiel sofria com a pressão da torcida, que pegava no pé do centroavante a cada erro.

Mesmo assim, o Paraná teve as melhores oportunidades. Primeiro, em um pênalti não marcado pelo árbitro uruguaio Roberto Silvera – Dinelson arrematou e Ricardo Martínez desviou com a mão dentro da área. Depois, com um preciso passe de Josiel para Gérson, que tirou do goleiro González mas acabou acertando a trave. A pressão deixou os paraguaios tensos, e Balbuena, ao ser substituído, deu um bico no banco de reservas e bateu boca com o técnico Sergio Markari[an. ?Estivemos bem, tivemos mais oportunidades. O jogo esteve sob controle. Mas em uma partida como essa é preciso um pouco mais?, comentou o técnico Zetti, no intervalo.

O ?pouco mais? veio logo a 6 minutos da segunda etapa, na envolvente troca de passes entre Dinelson, Lima e Josiel, que completou para o gol -acabando com um jejum de seis partidas. Parecia que o Paraná iria se acertar em definitivo e conseguiria abrir a vantagem necessária para encaminhar a classificação.

Mas, inexplicavelmente, o Tricolor se retraiu e começou a abrir espaços para o Libertad. Percebendo a chance de buscar o empate, Sergio Markaríán mandou seu time para frente, enquanto Zetti sacava Gérson para a estréia de Adriano. °E não houve nem tempo do volante ?se aquecer?. Aos 26 minutos, o improvável Marín (aquele que jogou no Atlético) cobrou falta, a bola passou pela barreira e Flávio ficou pelo caminho.

Jogo empatado e, para piorar, Neguete foi expulso – excesso de rigor do árbitro com o zagueiro, que saiu de campo indignado. Enquanto os donos da casa se enervaram ainda mais, os visitantes faziam ?cera? sempre que podiam, com a complacência de Roberto Silvera. Só uma coisa podia fazer tudo piorar. E ela aconteceu aos 45 minutos, quando Marín cobrou escanteio e Barone cabeceou para sacramentar a virada.

Ordem é não baixar a cabeça

Carlos Simon

Perder em casa um duelo eliminatório pela Libertadores já é motivo para decepção. Pior ainda se um time está às vésperas de outra decisão, como no caso do Paraná, que tenta resgatar o ânimo para a final do Campeonato Paranaense, domingo, diante do Paranavaí.

A empolgação paranista já havia baixado com a derrota e a fraca atuação no primeiro jogo da decisão doméstica. Agora, com mais um tropeço, Zetti terá dois dias para ?trabalhar? a cabeça de seu time e não deixar a auto-estima cair. ?Muitos clubes queriam estar em duas decisões. E está tudo nas nossas mãos, não dependemos de ninguém mais. Tenho plena certeza de que no domingo vamos mudar essa história. E ganhando o título vamos mais motivados para o Paraguai?, falou.

Na finalíssima do Estadual, o técnico espera escalar Vinícius Pacheco, em recuperação de uma lesão muscular, no lugar de um dos atacantes. O restante do time tende a ser o mesmo que enfrentou ontem o Libertad.

Jogadores sentiram o peso da derrota em casa

O sonho tricolor na Libertadores ficou por um fio. Apesar do discurso otimista para o jogo da volta contra o Libertad, os paranistas mostraram ter sentido o peso da derrota por 2 x 1.

O goleiro Flávio reclamou da barreira no gol de falta de Marín (?se ela pulasse, poderíamos ter cortado?) e da ?ousadia? do time. ?Era melhor ter segurado o 1 x 0 e matar o jogo no contragolpe. Mas demos campo e saímos com o resultado ruim?, disse o Pantera.

O capitão Beto preferiu elogiar o adversário de ontem. ?É uma equipe de bastante qualidade. Mas fizemos boa partida e tínhamos condição de levar melhor sorte?, lamentou.

Zetti, por sua vez, enxergou predomínio paranista em toda a partida – apesar do visível equilíbrio e dos momentos de pressão que a equipe paraguaia chegou a exercer sobre o Tricolor. ?Quem assistiu à partida viu que, quando estávamos à frente, poderíamos sair com placar até maior que o 1 x 0. Fomos superiores em ousadia e criatividade. Mas ficamos com um a menos, o que nos complicou, e o Libertad foi eficiente em dois lances de bola parada?, disse.

Para a dura tarefa do jogo de volta, com obrigação de vencer e marcar pelo menos dois gols, o técnico não antecipa nenhuma estratégia especial. ?Não podemos mudar nossa maneira de jogar. Com igualdade numérica, fomos superiores, sinal que (reverter o placar) será difícil, mas não impossível.?

Beto foi o único a contestar a arbitragem, que falhou em lances capitais – a expulsão rigorosa de Neguete e a falta inexistente de Gerson que gerou o gol de Marín, além de um toque de mão na área paraguaia no primeiro tempo. ?Estava do lado do Neguete e vi que ele encostou na bola antes do adversário. E num outro carrinho em cima de mim, ele (o árbitro) deu só amarelo.?

Paraguaios saem sorrindo

No final da partida de ontem, só uma minoria festejou na Vila Capanema. Foi a comportada e elitizada torcida do Libertad, que contrariou todos os estereótipos dos grupos organizados sul-americanos.

O Libertad, que disputa com o Guarani o posto de terceira torcida do Paraguai – bem atrás de Cerro Porteño e Olimpia – é conhecido por ser a equipe da elite de Assunção. E seus fãs parecem não se importar com o rótulo. ?É um time familiar, de nível médio para cima. Aqui só há gente importante?, brinca Guillermo Morán, empresário e espécie de líder de um grupo que costuma seguir os ?gumaleros? em competições internacionais. Segundo ele, todos os cerca de 50 torcedores que estiveram na Vila vieram a Curitiba de avião ou de condução própria.

COPA LIBERTADORES
Oitavas-de-final – jogo de ida
Súmula
Local: Vila Capanema
Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Assistentes: Olivier Viera (URU) e Walter Rial (URU)
Gols: Josiel 6, Marín 26 e Barone 45 do 2º
Cartões amarelos: Gérson, Beto, Daniel Marques (PR); Ricardo Martínez, Rodrigo López, Guiñazu (LIB)
Cartão vermelho: Neguete
Renda e público: não divulgados

Paraná Clube 1×2 Libertad

Paraná
Flávio; Léo Matos, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Beto, Xaves, Gérson (Adriano) e Dinelson; Josiel e Lima (João Paulo). Técnico: Zetti

Libertad
González; Bonet, Ricardo Martínez, Barone e Balbuena (Damiani); Cáceres, Guiñazú, Aquino e Osvaldo Martínez (Marín); Rodrigo López e Roberto Gamarra (Bareiro). Técnico: Sergio Markarián

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