Flávio fez o que pôde, mas o time
errou demais e chegou à décima derrota.

O Paraná Clube não conseguiu segurar o Goiás e sofreu ontem sua décima derrota em vinte rodadas disputadas no Campeonato Brasileiro. O time do gaúcho Celso Roth aplicou um clássico 3 a 0. Pior: o Tricolor foi salvo pelo Botafogo da temida zona de rebaixamento, em virtude da vitória do alvinegro carioca por 2 a 0 sobre o Guarani, que permaneceu na 21.ª posição, enquanto o Tricolor paranaense segue na perigosa 20.ª posição.

Outra má notícia chegou dos vestiários do Serra Dourada, onde o técnico Gilson Kleina – que chegou como uma alternativa para dar conjunto e melhor qualidade à equipe paranista -, colocou seu cargo à disposição da diretoria logo depois do jogo, mostrando a pressão que pesa sobre o cargo no time de Vila Capanema hoje em dia.

O ataque paranista ficou devendo mais uma vez. Pela segunda rodada seguida, passou em branco. Outro número negativo é o saldo tricolor: é o pior do campeonato, com 17 gols negativos.

Some-se a isso um grupo sem poder de reação e o leitor pode entender o quadro grave do Paraná Clube no Brasileirão 2004.

Como acompanhou o grupo em Goiânia, o presidente José Carlos de Miranda, já colocou “panos quentes”, e disse que a situação não muda. “Assim como achei prematura a saída de Paulo Campos, também acho que não houve tempo necessário para que o Gilson mostrasse seu trabalho”, ponderou o presidente tricolor, que isentou de culpa o grupo de jogadores. Mas considerou que “se houve erro, ele foi coletivo da direção do clube”, argumentando ainda que este não é o momento de troca de treinador, um procedimento que para ele não resolve problemas.

O jogo

O primeiro tempo foi todo do Goiás. Embora o Tricolor tenha tido uma oportunidade antes da primeira volta do relógio, quando Canindé, deslocado para jogar no ataque finalizou para defesa de Harley; logo depois, o mesmo goleiro do Goiás tentou salvar e bateu roupa quase deixando nos pés de Sinval.

Daí para frente, o Paraná passou sufoco. Com um dos melhores ataques do campeonato, o Goiás fez valer esse domínio e sufocou a retaguarda paranista, criando muitas oportunidades.

Felizmente, o goleiro Flávio estava em noite inspirada, e salvou o tricolor em quase todas as jogadas mais agudas do alviverde goiano. Só não conseguiu segurar o chute do atacante Leandro, que foi morrer no fundo das redes, quando o Goiás abriu o placar aos 12? de jogo.

Os goianos se empolgaram com a vantagem no placar e partiram para cima do Paraná, criando outras boas oportunidades, que não foram aproveitadas. O Paraná, acuado em seus domínios, teve ainda a entrada de Fernando no lugar de Cláudio, numa tentativa de Kleina de dar mais consistência ao meio campo e velocidade ao ataque. Mas de nada adiantou e o Tricolor seguiu sendo pressionado.

No segundo tempo, a história se repetiu. O Goiás partia com tudo para cima da defesa tricolor, criava chances e, como diz o ditado: água mole em pedra dura…, acabou ampliando o placar. Aos 14?, Jadlson fez boa jogada pela esquerda, alçou na área e Jorge Mutt marcou o segundo.

Quatro minutos depois, os dois voltaram a trocar passes, mas desta vez Mutt fez gol de placa, ao encobrir Flávio quando o goleiro paranista tentava desesperado fechar o ângulo.

Kleina voltou a mexer na estrutura de sua equipe, trocando João Vítor por Galvão e Cristian por Marcel. O time ainda reagiu, criou chances de fazer pelo menos um, quando Galvão acertou a trave de Harley, mas o resultado não foi alterado, e acabou com a vitória dos goianos.

Depois do banho, já com a cabeça menos quente, Gilson disse que segue à frente do elenco tricolor. “Somos nós que colocamos o Paraná nessa situação e somos nós que vamos tirá-lo desta situação”, discursou o técnico, lembrando que não vai jogar a toalha ou desistir de dar um padrão de jogo à sua equipe. Ele ainda argumentou que sua passagem pelo Paraná começou já no período em que o time estava jogando uma vez a cada três ou quatro dias, e que ainda não conseguiu entrosar as peças de que dispõe. “Desde que assumi o clube não tive tempo de armar a equipe”, afirmou o treinador, acrescentando ainda que desde que assumiu, seu time sempre entra em campo para vencer.

O professor Miranda, ainda teve tempo de lembrar que os problemas atuais são reflexo da situação financeira que encontrou o clube. “Com as dívidas que tivemos que assumir, não sobra muito para investir em reforços e isso acaba complicando no planejamento e na formação de um elenco mais forte.”

CAMEONATO BRASILEIRO
20.ª Rodada
Local: Serra Dourada (Goiânia).
Árbitro: Lourival Dias Lima Filho (BA).
Assistentes: Alessandro A. Rocha Matos (FIFA-BA) e Raimundo Carneiro de Oliveira (BA).
Gols: Leandro, aos 11? do 1.º tempo; Jorge Mutt, aos 13 e aos 18 do 2.º
Cartões amarelos: João Vitor, Alex Dias, Goiano, Somália
Público: 4.565 pagantes (6.852 total)
Renda: R$ 52.432,50.

Goiás 3 X 0 Paraná Clube

Goiás: Harlei; André Dias, Renato, Cléber e Jadilson; Paulo Baier, Tiago (Gustavo), Josué e Jorge Mutt; Alex Dias e Leandro (Somália). Técnico: Celso Roth.
Paraná: Flávio; Cláudio (Fernando), Fernando Lombardi, Nelinho e Vicente; João Vítor (Galvão), Goiano, Gilmar e Cristian (Marcel); Canindé e Sinval. Técnico: Gilson Kleina.

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