O Paraná Clube soube conviver com a pressão do adversário durante a maior parte do jogo. Mesmo tendo perigosamente abdicado do ataque, contou com a eficiência de Renaldo. Na única oportunidade real do camisa 9, ele conferiu seu primeiro gol no Brasileirão e deu a vitória ao Tricolor (1×0), sobre o Fluminense, sábado à tarde, em Volta Redonda. Foi também a primeira seqüência de vitórias da equipe de Lori Sandri, que conquistou importantes posições e elevou para 50% seu aproveitamento na competição.
Mesmo utilizando esquemas distintos, Paraná e Fluminense começaram o jogo em alta velocidade. Principalmente o tricolor carioca, que impôs uma pressão nos cinco primeiros minutos. Ao acertar a marcação, o time de Lori Sandri saiu do sufoco e teve a primeira real oportunidade com Thiago Neves. O meia foi lançado na esquerda e da entrada da área "carimbou" o travessão. A resposta do Flu foi imediata, com três chances seguidas, com Rodrigo Tiuí e Juninho – este, duas vezes.
Talvez economizando energia para a fase final, os times diminuíram abruptamente o ritmo. Por quase quinze minutos, o que se viu foi um jogo monótono, disputado entre intermediárias. No final, o Fluminense só não abriu o placar porque Leandro estava em tarde pouco inspirada. Foram três chances seguidas, aos 40, 42 e 45 minutos. A expectativa em torno da dupla Borges e Renaldo só se confirmou nos acréscimos. Renaldo fez a assistência e Borges bateu rasteiro para a defesa de Kléber.
Sem mexer no time, Lori procurou melhorar o posicionamento do meio-de-campo e cobrou maior participação dos alas. Do outro lado, Abel Braga arriscou tudo com as entradas de Beto e Léo Guerra. Mesmo tendo volume de jogo, o Flu pouco concluía contra o gol de Flávio. Do outro lado, a zaga carioca continuava anulando as raras investidas do ataque paranaense. Léo Guerra chegou a marcar um gol, mas estava impedido.
Neste momento, Lori Sandri fez uma alteração que se tornaria decisiva. Thiago Neves deu lugar a Mário César, que entrou em campo com "espírito de revanche" (ele perdeu, pelo Volta Redonda, o título carioca para o Flu). Na sua primeira jogada, o volante desequilibrou. Tirando uma de ponta esquerda, ele cruzou para o cabeceio certeiro de Renaldo: 1×0. Desordenadamente, o Fluminense se lançou à frente e foi um festival de "chuveirinhos" e arremates para fora do gol. Melhor para o "paredão" paranista.
CAMPEONATO BRASILEIRO
10ª. RODADA
FLUMINENSE 0x1 PARANÁ CLUBE
FLUMINENSE: Kléber; Gabriel, Igor, Zé Carlos e Juan; Marcão, Radamés (Beto), Preto Casagrande (Schneider) e Juninho (Léo Guerra); Leandro e Rodrigo Tiuí. Técnico: Abel Braga.
PARANÁ: Flávio; Daniel Marques, Fernando Lombardi e João Paulo; Neto, Rafael Muçamba, Beto, Thiago Neves (Mário César) e Vicente; Borges (Maicosuel) e Renaldo (André Dias). Técnico: Lori Sandri.
SÚMULA
Local: Raulino de Oliveira (Volta Redonda).
Árbitro: Paulo César Oliveira (FIFA-SP).
Assistentes: Válter José dos Reis (FIFA-SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP).
Renda: R$ 130.240,00.
Público: 13.072 pagantes.
Gols: Renaldo a 16° do 2º. tempo.
Cartões amarelos: Leandro e Léo Guerra (Flu). Fernando Lombardi, João Paulo e Beto (Paraná).
Torcida está rindo à toa
A grande expectativa dos paranistas girava em torno do comportamento da nova dupla de ataque Borges-Renaldo. O jogo do último sábado, porém, serviu para mostrar a eficiência do setor defensivo do time. Mesmo sem dois titulares da zaga (Marcos e Aderaldo), o Paraná Clube suportou a pressão do Fluminense e completou o segundo jogo sem levar gols. Como lá na frente, Renaldo resolveu, o Tricolor conquistou sua primeira seqüência de vitórias no Brasileirão. E em tempo recorde desde que a competição passou a ser disputada por pontos corridos.
Foram necessárias dez rodadas para a equipe comemorar duas vitórias consecutivas. Um ponto muito positivo para um time ainda em formação. Borges e Renaldo, por exemplo, fizeram apenas a primeira partida lado a lado. O lateral-direito Parral, contratado para ser titular, sequer estreou. Isso sem contar com as alternativas que o técnico Lori Sandri dispõe para variações táticas, principalmente no meio-de-campo (um setor que ainda se mostra pouco criativo). Com duas vitórias pelo placar mínimo, o Tricolor elevou a 50% seu aproveitamento total e conseguiu o salto de qualidade que faltava ao clube.
O bom momento do time está confirmado pelos números. Só para se ter uma idéia, a badalada equipe de 2003 que fez a melhor campanha do clube em um Brasileiro, terminando na 10.ª colocação, precisou de 17 rodadas para conseguir duas vitórias consecutivas (4×1 no Vasco e 3×1 no Grêmio, sob o comando do técnico Adílson Batista). No ano passado, quando o Tricolor flertou com o rebaixamento durante quase toda a competição, foram necessárias 34 rodadas e a volta de Paulo Campos ao comando técnico para que o time computasse duas vitórias em seqüência.
Os jogadores retornaram ontem à tarde, empolgados com a perspectiva futura do time. O Paraná, agora, faz dois jogos seguidos como mandante, frente a Figueirense e Corinthians, este já confirmado para a cidade de Maringá, no Willie Davids. "Se o time mantiver essa pegada, tem tudo para chegar numa posição de destaque na competição", disse o zagueiro Fernando Lombardi. Ele só havia disputado a primeira rodada e, mesmo sem ritmo de jogo, colaborou para que o time sustentasse a vitória até o final. Já para a próxima rodada, Lori Sandri terá as voltas de Marcos e Aderaldo, que cumpriram suspensão, e todo o elenco à disposição.
A vitória por 1×0, com Renaldo marcando o seu primeiro gol no Brasileirão-2005, é um motivo a mais para o torcedor paranista lotar o estádio Pinheirão no próximo sábado. O jogo frente ao Figueirense faz parte da promoção da Nestlé e desde a última quinta-feira o torcedor já está trocando uma lata de Nescau (400g) por seu convite, em oito postos na cidade. "Queremos ver casa cheia. O time está embalado e desta vez ninguém pode reclamar que o ingresso é caro", comentou o presidente José Carlos de Miranda. O produto de troca custa, em média, R$ 3,00 nos supermercados.
