A partir desta terça-feira (3) o Paraná Online conta com um novo colunista de futebol. Aturdido Calado escreverá diariamente a coluna “Chega de Mi Mi Mi”. Definido por amigos como um ranzinza sem papas na língua, Calado promete não ficar quieto e traçar um raio-x duro e muitas vezes irônico de Coritiba, Atlético e Paraná Clube. Avesso a entrevistas, o novo colunista aceitou conversar com a reportagem do Paraná Online desde que fosse a primeira e última vez.
Paraná Online – Para que os leitores possam conhecê-lo melhor, o senhor gostaria de falar um pouco de si?
Aturdido Calado – Sou humilde e não preciso ficar falando de mim. Quando você for escrever o seu texto faça um parágrafo me apresentando.
Pron – Pra qual time de futebol o senhor torce?
Calado – Não torço para nenhum. Fui um fanático torcedor do mais glorioso time de Curitiba, o Britânia Sport Club. Na década de 1920, ninguém podia com a gente. Mas em 1971, decidiram se fundir com o Palestra Itália e com os traidores do Clube Atlético Ferroviário. Decidi então que não torceria para o Colorado e ponto final. Sentia, até, uma simpatia pelo Água Verde, pois me agradava muito assistir jogos no Estádio Oreste Thá, mas no mesmo ano de 1971 o clube mudou de nome para Pinheiros. Para mim, clubes que mudam de nome são os piores, pois não têm respeito à tradição. Então prefiro a morte do Britânia a aceitar que ele ainda possa estar vivo em qualquer time existente.
Pron – Tem alguma simpatia por algum time do Trio de Ferro?
Calado – No mínimo uma antipatia. A época de glórias dos três já passou, há muito tempo. E se são de ‘Ferro’, estão bem enferrujados. O patrimônio do Paraná Clube foi consumido ano após ano pelas desastrosas administrações e o time se tornou um gigante (em patrimônio) moribundo. O Atlético viveu uma década ‘falaciana’ após o título do Brasileiro. Estava no topo do mundo, se afogou com as glórias que conseguiu e deposita suas esperanças em concreto armado. A desgraça do Coritiba foi a própria torcida, que promoveu o ‘Pereiraço’ (destruição do próprio patrimônio), não lota mais o estádio e desde 1985 vive de promessas não cumpridas.
Pron – Depois de tudo o que você disse, muitas pessoas vão te considerar ranzinza ou até amargurado. Não há nada de positivo no futebol paranaense?
Calado – Se eu me preocupasse com o que os outros dizem, não teria vivido até hoje. Podem até me considerar ranzinza ou amargurado, pois eu sei que a verdade incomoda. E eu falo sem rodeios tudo o que eu penso. Não puxo o saco de nenhuma equipe e quando merecerem elogios eu os darei. Quer exemplos?
Pron – Por favor.
Calado – O atual time do Paraná Clube é o melhor que eu já vi jogar na Série B e, se a diretoria não atrapalhar, o tricolor sobe. O Atlético não tem time, tem sorte, e terá um estádio exemplar, de causar inveja a muitos clubes grandes Brasil a fora. Quanto ao dinheiro para construir este estádio, já é outra história. O Coritiba ainda é a força futebolística do estado nos últimos anos e trazer o Alex de volta foi a melhor ideia. A pior foi trazer de volta a eterna promessa Keirrison.
Pron – Alguma previsão para o futuro do futebol paranaense?
Calado – Se eu fizesse previsões já estaria rico com dinheiro de loteria. Mas no meu humilde ‘achismo’, com os dirigentes atuais, o futuro do futebol paranaense é sombrio. O poço é ainda muito mais fundo do que possa parecer. Somente a torcida é capaz de fazer a diferença. Está na hora de tomar para si este trabalho e deixar de se apoiar nos dirigentes.
Acompanhe a coluna “Chega de Mi Mi Mi”, diariamente, a partir do meio-dia desta terça-feira (3).