Administrar o cansaço pela longa viagem de retorno da Venezuela é mais um desafio que o Paraná Clube terá contra o Real Potosí, quarta-feira, na Vila Capanema.
A delegação paranista desembarcou somente às 13h30 de ontem no Aeroporto Afonso Pena, depois de uma viagem que começou na sexta-feira e incluiu paradas em Bogotá e São Paulo. ?Não pudemos nem treinar. Ficamos só indo de hotel para aeroporto.
O desgaste foi enorme?, falou Zetti durante o desembarque, acompanhado por cerca de 40 torcedores que vieram recepcionar o time.
A condição física, aliás, é um dos fatores que o técnico avaliará para definir a escalação diante da equipe boliviana. Mas a tendência, de acordo com o próprio Zetti, é a manutenção da mesma equipe que derrotou o Unión Maracaibo por 4 x 2 na quinta-feira.
A única dúvida é a permanência de Xaves, que teve boa atuação na Venezuela, ou o retorno de Goiano, já livre da suspensão.
Zetti disse que, pela correria, ainda não pôde assistir aos teipes dos jogos do Real Potosí. ?Posso mudar o esquema de acordo com o que o adversário apresentar. Mas devemos manter os dois zagueiros e dois atacantes?, disse o técnico.
Na volta ao Brasil, o mais assediado pela torcida foi o meia Dinelson, autor de um gol e duas assistências – uma delas, após jogada sensacional – diante do Maracaibo. No discurso, o jogador preferiu enaltecer toda a equipe. ?Fico feliz com o carinho, mas valorizo o coletivo. Ainda não me sinto um ídolo, e ainda tenho muito a ajudar o Paraná e a torcida?, falou o jogador.
A boa fase, no entanto, tem verdadeiro sabor pessoal para o meio-campista, desprestigiado pelo Corinthians, clube que ainda detém seus direitos federativos. ?Vivi alguns momentos difíceis em São Paulo e precisava fazer uma boa Libertadores para dar a volta por cima?, falou o meia.
Tricolor encara o Paranavaí com time C
Em cinco das oito rodadas do Campeonato Estadual, o Paraná Clube usou a maior parte de jogadores reservas. Mas nunca o time teve tantos desfalques como este que desafia o Paranavaí hoje, às 20h30. Nem mesmo o técnico Zetti estará presente no Estádio Waldemiro Wagner, entregando o pepino ao auxiliar e estreante Silas.
Em outros jogos com a equipe B, Zetti ao menos liberou os jogadores que não entraram ou que atuaram poucos minutos na partida anterior da Copa Libertadores. Mas a desgastante viagem de ida e volta à Venezuela – que terminou somente na tarde de ontem – e a partida de quarta-feira contra o Real Potosí levaram o treinador a destacar somente atletas que considera cruciais para o time B: o goleiro Marcos Leandro, o zagueiro João Paulo e o volante Felipe Alves.
Os três, mais o auxiliar Silas, o preparador físico Fernando Moreno e o treinador de goleiros Renato Secco embarcaram direto de São Paulo (penúltima escala da viagem de retorno de Maracaibo) para Paranavaí. Joelson, Lima e Alex, que entraram no segundo tempo contra o Unión Maracaibo, na quinta-feira, e Vinícius Pacheco, que sequer saiu do banco de reservas, ficam treinando em Curitiba.
Para piorar, a comissão técnica também decidiu poupar o volante Goiano, que não foi à Venezuela, não vai escalar desde o início o meia Renan, machucado, nem o volante Serginho, suspenso.
Desta forma, sem 18 de seus principais jogadores, o Tricolor leva a Paranavaí praticamente um time C. Para montar o meio-campo, Silas, que pela primeira vez dirige uma equipe profissional, deve lançar os jovens Everton e Chulapa. O banco de reservas também será composto por atletas oriundos das categorias de base, como o goleiro Gabriel, o lateral-direito Araújo, o lateral-esquerdo Vágner, os zagueiros Bruno Henrique (irmão do atacante Vandinho) e Bruno Iotti e o volante Lapa.
Uma dificuldade adicional é o fato de Silas não ter feito um treino tático sequer com o time que entra em campo hoje. ?Mas ele conhece as características dos jogadores.
E a base é a mesma que participou das partidas anteriores?, amenizou o preparador físico Marcos Walczak, que comando os treinos do time B enquanto o elenco principal estava na Venezuela. ?É uma equipe bastante forte fisicamente?, avaliou o preparador.
Atrás da reabilitação
Frustrado com a perda da vice-liderança do Estadual, o Paranavaí busca a reação hoje, diante do Paraná Clube. O Vermelhinho teria chance até de assumir hoje a liderança do Paranaense se tivesse feito a ?lição de casa? na semana passada. Mas a derrota de quinta-feira para o J. Malucelli, no Waldemiro Wagner, derrubou a equipe para a quarta colocação e fez a distância para o líder Adap Galo aumentar para quatro pontos.
?Não usamos a velocidade, que é nosso diferencial, contra o Malucelli. Esperamos retomar os eixos contra o Paraná?, cobrou o técnico Amauri Knevitz. Os jogadores esperam que o inesperado revés de quinta não afete o rendimento da equipe. ?A derrota não significa que tudo está errado, assim como a vitória não quer dizer que tudo está certo?, disse o zagueiro D?Marcellus.
Para o treinador, o fato de o adversário usar um time B não aumenta a responsabilidade de seus comandados. ?Não importa a equipe. Vamos enfrentar um rival de respeito que é o Paraná Clube e temos que fazer nossa parte?, disse Knevitz, que mantém o esquema 3-5-2 contra o Tricolor. O time segue sem o goleiro André, o lateral-esquerdo Roque e o meia Maicon, todos suspensos na semana passada por 120 dias por agressões à arbitragem, cometidas na partida contra o Rio Branco.