Invicto no Pinheirão e comum aproveitamento de 60%, o Paraná Clube terá que exorcizar antigos fantasmas para fechar o primeiro turno do Brasileirão na zona de classificação à Copa Libertadores da América. Terá que mostrar força diante de equipes paulistas Santos, São Caetano e São Paulo , contra as quais o rendimento geral deixa a desejar. Se o Tricolor já foi o ?rei? do Maracanã e por muito tempo levou vantagem diante de rivais gaúchos, o histórico contra clubes paulistas é ruim.
Em quase catorze anos de confrontos, o Paraná ascendeu à primeira divisão nacional em 1993, o representante paranaense conquistou apenas 32,29% dos pontos disputados contra clubes do estado vizinho. Tabu? Para o técnico Caio Júnior, não. O comandante paranista crê que a distância aumentou ao longo dos anos devido à melhor estrutura (e poder econômico) dos clubes paulistas. ?Algo que estamos tentando mudar. Leva tempo, mas aos poucos o Paraná vai se firmando no cenário nacional?, disse o treinador.
Caio Júnior fala como técnico e como ex-jogador, que viveu bons momentos vestindo a camisa tricolor. Em 1997, o time que tinha Caio no ataque, ficou entre os primeiros colocados até a 9.ª rodada do Brasileiro. Nesse período, obteve 4 vitórias (União São João, Santos, Bragantino e Guarani), um empate (Palmeiras) e só uma derrota (Portuguesa) diante dos paulistas. Mas, um elenco reduzido fez com que o Tricolor desabasse na tabela de classificação, atingindo um jejum de onze rodadas sem vitória. ?Hoje, é diferente. Trabalhamos com um elenco e não apenas com um time?, comparou Caio Júnior.
É nesse melhor planejamento que o Paraná aposta para somar pontos nesta reta final do primeiro turno, fechando a fase entre os quatro primeiros colocados e com um jogo a menos, já que a partida frente ao Internacional foi adiada para o dia 30 de setembro. O primeiro obstáculo será o Santos, amanhã.
Curiosamente, dentre os grandes clubes paulistas é diante do Peixe que o Tricolor apresenta melhores resultados. Há um equilíbrio absoluto, com quatro empates e cinco vitórias para cada lado. Uma vitória no Pinheirão (onde o Paraná não perde desde novembro do ano passado) garante, na pior das hipóteses, a manutenção da vice-liderança do Brasileiro.
Jogadores querem casa cheia
Lesões e cartões reduziram significativamente as opções do técnico Caio Júnior para o jogo frente ao Santos. Amanhã às 18h10, no Pinheirão, o Tricolor terá a estréia de Pierre e outras duas novidades no time: Marcos Leandro e Felipe Alves. Escolhas que asseguraram a manutenção do esquema tático sem a necessidade de improvisações. Com a equipe ajustada e brigando pela liderança, jogadores e comissão técnica esperam, agora, casa cheia. Acreditam que o apoio da torcida é o ingrediente final para uma grande atuação.
Muitos atletas estão no departamento médico ou em fase de recuperação física dentre eles Beto, Goiano e Gérson e outros três suspensos (Flávio, Serginho e Batista). De uma hora para a outra, a comissão técnica se viu limitada a apenas 21 jogadores. Caio Júnior tem dificuldade até para a composição do banco de reservas. Ainda mais com a lesão de Cristiano, que ontem foi poupado e hoje será reavaliado. A princípio o atacante está relacionado para a partida, mas ainda se queixa de dores devido a um choque com seu marcador no coletivo de anteontem.
Se o quadro geral trouxe preocupação para Caio, a presença de Pierre o tranqüilizou. Recuperado de uma torção de tornozelo, o jogador faz sua terceira estréia com a camisa tricolor. ?Não vejo a hora de pisar no gramado e reencontrar a torcida. Não sou formado no Paraná, mas me sinto em casa nesse clube?, disse Pierre e Felipe Alves, que nunca atuaram juntos, terão a missão de proteger a zaga e anular a velocidade do time santista. Lá atrás, o trio de zagueiros demonstra respeito com o adversário, um concorrente direto pelas primeiras colocações. ?Já enfrentei os dois atacantes do Santos em outras competições. É preciso marcar em cima, pois são muito rápidos e habilidosos?, lembrou o zagueiro Gustavo. Um deles, é velho conhecido da torcida paranista. Wellington Paulista ficou marcado por ficar duas temporadas no clube e não marcar um gol sequer.
?Até por isso, a atenção tem que ser redobrada. Ele vai entrar com tudo para mostrar seu potencial?, analisou Edmilson. ?O Santos, como um todo, preocupa. É um time que usa muito os alas e tem um meio-de-campo criativo. Como eles não devem jogar fechados, o jogo tem tudo para ser ótimo?, disse. Com a zaga bem postada e a proteção do meio-de-campo, Caio Júnior conta com a mobilidade de Sandro, Maicosuel e Leonardo, cada vez mais entrosados.
Torcida calada
Casa cheia, mas em silêncio. Pelo menos é o que promete a torcida Fúria Independente, numa resposta à proibição de camisas de facções, bandeiras e faixas no jogo de amanhã, no Pinheirão.
O veto a esses objetos foi oficializado ontem pelo Comando da Polícia Militar. Segundo a assessoria da PM, a decisão foi motivada por incidentes ocorridos na última partida do Paraná Clube, frente ao Vasco da Gama, no domingo passado.
?A gente sabe que o pedido partiu da própria diretoria do clube?, disse um dos dirigentes da Fúria, João Luiz de Carvalho. O presidente José Carlos de Miranda nega que tenha tomado esse caminho.
?O que houve foi uma atitude intempestiva de um dos integrantes da Fúria, que me fez ameaças e à minha família?, disparou Miranda. ?Tomei as medidas cabíveis para assegurar a minha segurança.? A origem da ?bronca? foi a promoção especial para esse Dia dos Pais, com torcedores com a camisa do clube pagando meio-ingresso (R$ 10,00).
?Houve um pedido para que camisas da Fúria também entrassem na promoção. Mas, nós negamos e isso gerou a revolta deles?, disse Miranda. ?O João disse para eu ter cuidado e que sabia onde eu morava. Não poderia aceitar esse tipo de situação, de pressão?, afirmou o dirigente. Miranda foi à Polícia Civil e fez a denúncia, mobilizando também os seguranças do clube. ?Já damos 300 ingressos por jogo para eles. Será que não basta??, desabafou o presidente paranista.
João de Carvalho nega que tenha ameaçado Miranda. ?Se ele disse isso, vai ter que provar?, desafiou. ?O que posso dizer é que a Fúria vem apoiando o time e estávamos preparando uma grande festa para esse domingo?, disse o diretor da torcida organizada. ?Diante da proibição, nós vamos nos calar. Ficaremos em silêncio durante o jogo para mostrar o quanto o nosso grito é importante?, comentou. ?Lamento pelos jogadores, que têm uma grande afinidade com a gente, tanto que comemoram todos os gols ao nosso lado?, finalizou.