O Paraná Clube entra em campo hoje, às 18h10, em Maringá, disposto a apagar a imagem deixada num passado recente.
O time do ano passado fracassou na sua incursão à região Norte do Estado, com um pífio aproveitamento (8,3%). O técnico Caio Júnior prefere apostar na coesão do atual elenco, que praticamente confirmou o título paranaense ao golear a Adap, no Willie Davids, há pouco mais de um mês. Só que o desafio desta vez é suplantar o Corinthians, em visível crise e buscando refúgio depois de incidentes pós-eliminação da Copa Libertadores da América.
Alheio às dificuldades corintianas, o Tricolor se preparou intensamente para essa partida, dando especial atenção às finalizações, um fundamento que ainda vem tirando o sono dos paranistas. Contra Botafogo e Fluminense, o clube deixou escapar pontos importantes por total imprecisão ao tentar transformar volume de jogo em gols. Na partida de hoje, um problema a mais. O Paraná terá que superar a falta de presença de área com a velocidade de Cristiano e Maicosuel, que volta à condição de titular, agora em melhores condições físicas.
O técnico Caio Júnior preferiu não expor a estratégia que pretende aplicar no jogo. Mas, a exemplo do que ocorreu no Maracanã, a proposta inicial é fortalecer a marcação no meio-de-campo para explorar os contragolpes. Isso não significa que o treinador armou uma "retranca". A pretensão de Caio Júnior é bloquear a saída de bola do Corinthians para conseguir exercer uma pressão nas proximidades da área adversária. Basicamente o que fez diante do Fluminense, valorizando sobremaneira a posse de bola, a partir da qualidade do seu meio-de-campo, com Felipe Alves, Beto e Batista.
Comissão técnica e jogadores preferiram não dar muita importância ao fato de o Tricolor, por necessidade financeira (uma cota estimada em R$ 300 mil), trocar Curitiba por um "reduto paulista". "O time é maduro o suficiente para administrar essa questão e jogar com segurança, mas impondo seu ritmo", ponderou o capitão Beto. Maturidade que o time do ano passado não teve.
Curiosamente, mesmo tendo tido bom rendimento atuando como visitante, especificamente nos jogos em Maringá onde o mando era do Tricolor, mas a torcida era do adversário, o Paraná foi suplantado por Corinthians, São Paulo e Palmeiras e o único ponto conquistado foi num empate com o Santos. "Isso é passado. A meta, agora, é a reabilitação para marcar a nossa arrancada nesse brasileiro", disse o ala Angelo, que garante vai se sentir em casa no Willie Davids. Seus familiares lotaram dois ônibus para prestigiar o garoto e o Paraná Clube.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Paraná Clube x Corinthians
Paraná: Flávio; Gustavo, Emerson e Edmílson; Ângelo, Beto, Felipe Alves, Batista e Edinho; Maicosuel e Cristiano. Técnico: Caio Júnior
Corinthians: Silvio Luíz, Édson, Sebá, Marcus Vinícius e Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Xavier, Rosinei e Ricardinho; Nilmar e Rafael Moura. Técnico: Ademar Braga
Súmula
Local: Willie Davids (Maringá)
Horário: 18h10
Árbitro: Alício Pena Júnior (FIFA-MG)
Assistentes: Márcio Eustáquio Santiago (MG) e Alexandre Santos Conceição (MG)
Recuperado, Flávio garante lugar no time
Irapitan Costa
O goleiro Flávio garantiu presença após um rápido treino na manhã de ontem. Recuperado da contratura muscular que o tirou de campo no intervalo do jogo frente ao Fluminense, ele enfrenta o Corinthians disposto a "parar" Nilmar e companhia. "No ano passado, pecamos nos detalhes e por isso perdemos para o próprio Corinthians. Desta vez, vai ser diferente", afirmou o Pantera, o goleiro menos vazado das últimas competições de disputou: o brasileiro de 2005 e o estadual dessa temporada.
Com Flávio na meta, a defesa titular está formada e preparada para fazer frente ao veloz ataque corintiano. "Diante do ao Nilmar, não dá para dar espaços. E, a sobra deve jogar próxima, para qualquer eventualidade", alertou Edmilson. "Jogar em território inimigo tem suas vantagens. É só ver o que aconteceu no Maracanã, onde o time se mostrou mais solto", lembrou o "homem de pedra", como é chamado pelos companheiros. O zagueirão ainda busca seu primeiro gol de falta com a camisa tricolor. "Ainda não acertei o pé. Quem sabe nesse domingo", disse.
O Paraná trabalhou exaustivamente lances de bola parada, não apenas com Edmilson. Além do zagueiro, o ala Angelo tem conseguido bom aproveitamento nas faltas próximas da área. "No Rio, o Fernando Henrique salvou meu gol. Espero ser mais feliz em Maringá", comentou, após o treino de ontem. Além do tradicional "rachão" que antecede as partidas, Caio Júnior aproveitou para trabalhar, em campo reduzido, algumas opções de saída de bola e "virada" de jogo. "A idéia é explorar aquilo que temos de melhor, o bom toque de bola", ressaltou o técnico.
Para isso, conta com a volta de uma peça-chave. O garoto Maicosuel, ao contrário do que ocorria no paranaense, deve atuar hoje com maior liberdade. "Vai depender muito do jogo, mas treinei assim, como um atacante", disse o meia. Maicosuel desfalcou o time na finalissíma do estadual e nas duas primeiras rodadas do brasileiro. Só voltou contra o Grêmio, ainda assim, no banco de reservas. O mesmo se repetiu na rodada passada. Agora, depois de um trabalho específico para a recuperação da massa muscular, a revelação do tricolor entra em campo com a missão de desequilibrar o jogo, com o que tem de melhor: velocidade e dribles desconcertantes.
Ademar Braga se despede e quer vencer
Cosme Rímoli
Maringá (AE) – A despedida da era Ademar Braga como técnico do Corinthians é melancólica. O time na zona do rebaixamento do campeonato brasileiro enfrenta o Paraná Clube em Maringá. O time vem de quatro derrotas consecutivas. O medo da própria torcida depois da desclassificação da Libertadores fez o time peregrinar de Rio Preto até Curitiba e Maringá. Sem Tevez, Mascherano, Carlos Alberto, Coelho, Betão e Marcelinho Carioca, o time precisa vencer e deixar as coisas mais tranqüilas a Geninho, que assume a equipe na terça-feira.
"É frustrante saber que eu tive o time na mão e o continuaria comandando se vencesse a Libertadores. Fiz o que pude, mas futebol é resultado e volto a ser auxiliar técnico. Vou pelo menos fazer tudo para o Corinthians vencer o Paraná Clube e ajudar o Geninho", diz Ademar Braga.
O time estará bastante desfigurado. A começar por Tevez que, contundido, se apresentou antecipadamente à seleção argentina. Mascherano seguiu o mesmo caminho. Na verdade, os dois estão cansados com o clima de cobrança pesado que domina o Corinthians. Kia já afirmou ter uma proposta substancial por Tevez e não será surpresa se o atacante argentino for vendido ao Chelsea – maior interessado.
O Corinthians será cauteloso aqui no Paraná. Ademar resolveu colocar três jogadores de marcação no meio de campo: Marcelo Mattos, Xavier e Rosinei – mesmo com Carlos Alberto suspenso, o técnico desprezou novamente Roger. Na frente atuarão Nilmar e Rafael Moura. Sem a velocidade de Tevez, o Corinthians apostará nas bolas aéreas para as cabeceadas de Moura. Para treinar essa jogada, o clube fez treino secreto na sexta-feira. Só que o desempenho de Moura foi pífio, fraquíssimo.
A defesa corintiana sofreu 12 gols nas últimas quatro partidas, que o time perdeu. Sebá e Marcus Vinícius se mostraram bons nas jogadas aéreas, mas perigosamente lentos por baixo. "O ataque do Paraná merecerá cuidado especial. O time deles perdeu injustamente do Fluminense, mas ganhou por 5×0 (na verdade foi 5×2) do Grêmio, que nos derrotou por 2 a 0. Nós precisamos vencer, só que ninguém se engana: o nosso adversário é bastante perigoso. Só que chega de perder", decreta Ademar. A sua curta trajetória como treinador efetivado: quatro vitórias, dois empates e cinco derrotas.