O calvário tricolor continua. Com a goleada de 3 a 0 sofrida ontem, diante do Paysandu, no Estádio Mangueirão, em Belém (PA), o Paraná Clube completou quase nove meses sem vencer fora de casa em jogos válidos pelo campeonato brasileiro. Mas o que tornou a derrota muito mais amarga foi a forma desordenada e repleta de falhas com que o Tricolor se apresentou na tarde de ontem. O placar só não foi maior devido às grandes defesas do goleiro Flávio e aos erros de finalizações dos atacantes do Papão, principalmente na segunda etapa. Mesmo com a derrota, o Paraná ainda conseguiu se manter entre os oito melhores classificados da competição, com 18 pontos.
Nem o péssimo momento que vive o Paysandu serviu para dar maior ânimo aos jogadores tricolores. A equipe do Papão se encontrava na penúltima colocação do Brasileirão, havia dispensado alguns jogadores e enfrentava uma enorme cobrança por parte da torcida, imprensa e diretoria. E, mesmo assim, o Tricolor foi lá e reabilitou o adversário, com uma atuação deplorável por parte da sua defesa. Ao contrário do grande calor que fazia na capital paraense, a temperatura de ambas as equipes em campo durante os primeiros vinte minutos de jogo era fria. O marasmo acabou aos 21 minutos, quando o atacante Renaldo perdeu uma chance incrível de cabeça na cara do goleiro Alexandre. Após a chance, a equipe paranaense já tinha o domínio do jogo e oferecia grande perigo, principalmente com as constantes subidas do lateral Fabinho e pelas jogadas armadas com Caio e Marquinhos.
Aí, aos 32 minutos, o atacante Waldir, do Paraná, que havia entrado como titular para dar maior velocidade e opção pelas pontas, além de não cumprir sua parte, acabou substituído por Fernandinho. Um minuto depois, saiu o gol do Paysandu. Wélber recebeu na entrada da área, se livrou da zaga paranista e bateu forte no canto esquerdo de Flávio. Logo em seguida, aos 36, Wélber recebeu pela esquerda, deixou dois jogadores do Paraná na saudade e cruzou para Robgol marcar um golaço. Papão 2 a 0. O Paraná ainda tentou pressionar e essa ousadia quase deu resultado. Aos 40 minutos, Renaldo perdeu outra boa chance e, um minuto depois, Fernandinho mandou uma bola na trave.
Sufoco
Perdendo por 2 a 0, o técnico Adílson resolveu voltar para a segunda etapa com mais um atacante. Tirou o lateral Milton -que falhou feio em duas oportunidades – e colocou Flávio Guilherme. A tática deixou o Tricolor bastante ofensivo e, nos primeiros dez minutos do segundo tempo, o clube quase marcou em duas jogadas. Mas começou o sufoco. O time paranaense saía desesperado para o ataque e deixava um buraco na sua defesa. O Paysandu só esperava e saía nos contra-ataques com muito perigo.
Por duas vezes, ambas com o atacante Iarley, o Papão só não aumentou o marcador porque o goleiro Flávio realizou duas defesas milagrosas. A essa altura da partida o Tricolor já se encontrava perdido em campo. E, aos 25 minutos, veio o castigo. A zaga mais uma vez falhou feio, a bola sobra na direita para Robgol que cruzou para Wélber. Ele chutou e Flávio rebateu. Na seqüência, Iarley empurrou para as redes e definiu o placar da partida. Depois disso, o Paysandu teve no mínimo três grandes lances para aumentar a goleada. Numa delas, Róbson chegou a marcar, mas foi assinalado o impedimento. O Paraná volta a jogar domingo, contra o Juventude, no Pinheirão.
Continua falta de equilíbrio
Explicações não faltaram para a derrota de ontem. O Paraná Clube mais uma vez não conseguiu vencer na condição de visitante e, para piorar a situação, se apresentou muito aquém do que habitualmente costuma apresentar quando tem o mando de campo. Após a partida, a maioria dos jogadores paranistas concordou que os principais motivos para o fracasso em Belém foram as inúmeras falhas individuais.
Alguns sugeriram até qual seria a forma ideal para chegar a tão sonhada vitória fora de casa, como é o caso do zagueiro Cristiano Ávalos. “Temos que jogar com mais calma, com maior tranqüilidade no toque de bola. Falhamos demais e assim não vamos a lugar algum”, comentou. Já para o meia Marquinhos se a equipe não vence longe de Curitiba, ao menos tem que tentar não perder. “Em jogos como esse, temos que ao menos buscar um empate. Nem que pra isso tenhamos que jogar com os onze na defesa”, garantiu. “A equipe erra muito jogando fora e sempre essas falhas são decisivas”, completou.
O treinador Adílson Batista ressaltou que falta um maior equilíbrio na equipe quando joga fora. “Na semana passada goleamos e jogamos bem. Agora quase sofremos uma tremenda goleada. Isso é falta de equilíbrio”. Para o técnico tricolor também faltou competência na primeira etapa. “Criamos algumas oportunidades, mas não soubemos converter em gols. Depois vieram os erros que foram decisivos para o resultado”.