As obras inacabadas não impediram a diretoria tricolor de abrir as portas do CFA Ninho da Gralha à imprensa e convidados. Afinal, até mesmo os idealizadores do projeto sabem que o processo será longo e o retorno não será imediato. Na contramão do que ocorreu nos últimos anos, desde que a Lei Pelé entrou em vigor, o Paraná Clube não terá olhos voltados apenas para atletas semiprontos, das equipes juvenil e juniores. Muito pelo contrário.
A “menina dos olhos” dos proprietários da Base – empresa que firmou parceria com o Tricolor para a construção do CT e revelação de craques – Marlo Litwinski e René Bernardi é a equipe Sub-15. “Em 2012, se tudo der certo, vamos ter metade do elenco principal composta por atletas formados no clube”, disse Litwinski. Para essa missão, foram buscar no São Paulo um especialista no assunto: Antônio Carlos Silva. Mesmo sem citar valores, o próprio Marlo admitiu que a aquisição desse reforço não foi fácil.
“É o melhor do Brasil. Tem um olho clínico para talentos”, elogia o dirigente. “Na última hora, o Juvenal Juvêncio tentou ‘trucar’ para impedir sua saída, mas felizmente deu tudo certo”, revelou Litwinski. O professor Silva é considerado peça-chave nesse processo de captação de reforços. Para isso, o Tricolor conta, também, com uma rede de olheiros de norte a sul do País. “Temos hoje cerca de 250 colaboradores. Com isso, iremos buscar na fonte garotos que dentro de alguns anos estarão vestindo com muito orgulho a camisa do Paraná”, comentou, sem revelar detalhes dessa operação. “É segredo industrial”, disfarça Litwinski.
A meta da Base é conseguir, com essa profissionalização das categorias de base, catapultar o Paraná Clube para uma posição de destaque no cenário nacional. “Será um trabalho árduo. Mas, esse acredito ser o caminho correto”, disse o outro proprietário da Base, René Bernardi. “Nos últimos anos, a única saída do clube foi montar um time a cada temporada. Queremos, mais do que buscar talentos, assegurar uma base que possa ser usada por mais tempo. E, principalmente, recuperar aquele sentimento de amor pelo clube que só os garotos têm”.
Bernardi sabe que não será a todo instante que o clube conseguirá encontrar atletas do potencial de Éverton e Giuliano – apenas para citar as mais recentes revelações -, mas a formação de “atletas operários” também é importante na visão do dirigente. “Os fora-de-série são raros. Mas estamos com esse projeto tentando dar um novo norte para o clube”, explicou. Quanto às obras, elas seguirão em ritmo intenso, mas não apenas até o dia 2 de fevereiro, data prevista para que todas as divisões de base passem a utilizar o complexo, em Quatro Barras.
“A construção de um projeto como esse é constante. Sempre haverá algo a ser melhorado, implementado. Só vamos ter a noção disso quando estivermos, enfim, ‘morando’ na nova casa”, arrematou Bernardi.
