Na próxima quarta-feira o Paraná Clube inicia sua preparação para a disputa do campeonato paranaense. Desta vez, com uma base já constituída e um grupo quase fechado. É verdade que no mercado da bola, a qualquer momento, surgem transações. Em um clube que depende de parceiros comerciais, essa questão é potencializada.
Porém, os dirigentes acreditam que não haverá fatos novos e a comissão técnica terá, ainda, que analisar alguns aspectos para que o elenco atinja o número ideal de 28 jogadores.
Alguns daqueles hoje relacionados devem ser emprestados e até liberados. Desta vez, apenas três atletas dos juniores serão promovidos – os zagueiros Alison e Albadilon e o meia Altiere -, numa guinada em relação ao início de 2004, quando a diretoria apostou em dez jogadores da categoria de base de uma só vez. Além do trio acima citado, o goleiro Júlio César e os atacantes Cacau e Vandinho já vinham sendo utilizados no time principal, o que deve se repetir neste campeonato paranaense. A relação com estes atletas chega hoje a 38 nomes.
"Haverá um enxugamento natural, pois queremos trabalhar com dois jogadores por posição", explica o vice de futebol José Domingos Borges Teixeira. Há, por exemplo, quatro goleiros na lista. Só que Flávio ainda não renovou e o contrato de Bader termina no fim deste mês. Por isso, Júlio César, ainda dos juniores e irmão de Darci, já está sendo entrosado ao grupo – na última partida do brasileiro, ele ficou no banco de reservas. Com muitos zagueiros e volantes, é provável que o Paraná faça parcerias com equipes do interior para que jogadores mais jovens permaneçam em atividade.
O excesso de opções para a cabeça-de-área faz a diretoria repensar a contratação de Célio, do Palmeiras, que foi indicado por Paulo Campos. "Se ele vier, teremos que nos desfazer de alguém da posição", avisou José Domingos. Além dos titulares Axel e Beto, o Paraná já definiu a permanência de Messias e a comissão técnica teria ainda Goiano, João Vitor e Everton César para o setor. "Desta vez, iniciamos o ano com maiores opções. Assim, ficará mais fácil fazer os ajustes para começar com força o estadual, pois nosso objetivo é o título", disse José Domingos.
Entre reforços acordados e atletas que vêm para período de testes, o Paraná já possui nove "caras novas" no elenco. São eles: Toni (lateral-direito), Juliano (zagueiro), Hideo, Jefferson e Chu (meias), além dos atacantes Marlon (ex-Coritiba e Cene-MS), Toledo (ex-Inter), Nascimento (ex-Luverdense-MT) e Marlon (ex-Penapolense e com passagem pelo futebol hondurenho).
Sucesso e fracasso num ano ruim
Se houve um grande vencedor no Paraná Clube em 2004, ele atende por Paulo Campos. Não há como negar a ascensão do técnico carioca, que aos 47 anos disputou seu primeiro campeonato brasileiro. Sempre destacou o fato de estar na profissão há 23 anos, mas seu currículo trazia, até então, vários clubes e seleções do mundo árabe e da África.
Foi recebido com desconfiança e precisou comprovar em números sua capacidade. Entre ida e vinda, foram 12 vitórias sob sua direção, igualando a marca de Rubens Minelli, até então o técnico com maior número de vitórias no comando do tricolor em brasileiros. No segundo turno, sendo que ele reassumiu o time na 5.ª rodada, o tricolor terminou em 9.º lugar.
Na outra extremidade, surge o paranaense Gilson Kleina. Tentando deixar de lado a marca de preparador físico e ingressar no seleto grupo de treinadores de ponta do Brasil, Kleina fracassou. Teve contra si muitos obstáculos, como a seqüência desgastante de jogos e a realidade de um grupo extremamente numeroso. Porém, a frieza dos números lhe confere um rótulo indesejável.
Tem o pior rendimento em nacionais dentre técnicos que atuaram no tricolor: apenas 20,83%. Conseguiu superar até a marca desastrosa de Edu Marangon em 2003 (22,22%). Depois que deixou o clube, não conseguiu encaixe em nenhuma equipe, seja ela da primeira, segunda ou terceira divisão.
Falando-se em treinadores, o início da temporada também foi cruel com Saulo de Freitas. Demitido do Paraná, viu sua carreira estagnar e até hoje busca outras alternativas. Já Neguinho, que salvou o time do descenso no estadual, ficou algum tempo como auxiliar-técnico de Paulo Campos e Gilson Kleina, hoje comanda o time de juniores e terá papel importante na reestruturação daquele que já foi o principal fornecedor de material humano para a categoria principal.
No campo de jogo, destaques positivos e negativos. É impossível deixar de lado a exuberante fase do goleiro Flávio. Para muitos, ele vive um momento técnico superior ao de 2001, quando foi campeão brasileiro pelo Atlético. No mesmo nível de importância está o zagueiro Émerson. Ele ficou dois meses "desempregado" após retornar do futebol português e conseguiu dar estabilidade à zaga tricolor, até então uma das mais vazadas do brasileiro.
E, quando o assunto é habilidade, o primeiro nome que vem à mente dos tricolores é o de Cristian. Aos 25 anos, foi um dos destaques da equipe e terminou a competição entre os seis melhores meias do Brasil, segundo a revista Placar.
Existem, porém, vários contrapontos destes personagens. Não poderia ser diferente em um clube que utilizou mais de 60 jogadores ao longo da temporada. No estadual, Alcir, Marcos Lucas e Ednaldo foram dispensados após quatro jogos, apenas.
A partir de abril a rotatividade foi ainda maior e muitos foram dispensados sem sequer jogar. Há vários nomes que o torcedor faz questão de esquecer, como Carlinhos (que depois foi campeão da Série C pelo União Barbarense), Nélio, Alex Silva e o "campeão" dentre os marginalizados: Chokito!