Para não perder o embalo. É com esse pensamento que o Paraná Clube dá o pontapé inicial para a temporada 2006 amanhã. A reapresentação dos jogadores está programada para às 15 horas, na Vila Capanema. Numa corrida contra o tempo, pois o estadual começa daqui a 10 dias, a comissão técnica intercalará avaliações físicas com treinamentos técnicos e táticos. A diretoria corre atrás dos últimos reforços e aposta na manutenção de uma base do elenco 7.º colocado no último Brasileirão.
Mesmo assim, o técnico Luiz Carlos Barbieri sabe que o processo de remontagem do time será árduo. Afinal, sete titulares já deixaram o clube – Neto, Daniel Marques, Marcos, Edinho, Pierre, André Dias e Borges – e apenas quatro contratações foram oficializadas. O Tricolor ?repatriou? Vandinho e trouxe mais dois atacantes, Fábio e Leonardo. Para o meio-de-campo a aposta é Marcos Tora, atleta contratado por indicação do treinador. A diretoria espera acertar a permanência de Flávio, além da volta de Émerson e a contratação de Gustavo.
?Diferente de outras temporadas, temos um grupo já armado, com mais de vinte atletas. Necessitamos, é claro, de alguns ajustes?, assegurou o vice de futebol José Domingos. É com esta diretriz que o clube estréia no Paranaense, frente ao Roma, no Pinheirão no próximo dia 12. O objetivo está bem definido: pôr fim ao incômodo jejum de títulos. O Paraná não comemora uma conquista doméstica desde 1997, ano em que sagrou-se pentacampeão estadual. O Tricolor passou raspando em competições realizadas no início desta década, mas fez feio nas três últimas edições do Paranaense, ficando à mercê do rebaixamento.
Por isso, não disputa uma Copa do Brasil desde 2002. ?É muito tempo sem participar desse torneio?, reconhece o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro. ?É duro ver equipes da segunda e até terceira divisão atuando, enquanto temos apenas o deficitário paranaense nesses primeiros meses do ano?, completou Vavá. A volta à Copa do Brasil, apontada por todos como atalho para a Libertadores, é obrigação para o Paraná. Só na edição deste ano, o estado terá quatro representantes: Atlético, Coritiba, Iraty e Londrina.
Para não incorrer em erros do passado – no último estadual o Paraná trouxe jogadores por atacado e abusou de testes infrutíferos – o critério de contratações segue a mesma regra aplicada no último Brasileiro. Busca-se qualidade e não quantidade. Os reforços contratados até aqui foram observados em ação, além da ampla ?pesquisa de campo? feita pelo observador técnico Wil Rodrigues e pelos dirigentes paranistas. ?Minimizamos erros, economizamos dinheiro e não perdemos tempo?, disse Vavá Ribeiro.
Quarteto ofensivo? Só ralando pra Barbieri ver
O Paraná Clube apostará em um novo quarteto ofensivo para voltar a conquistar a hegemonia estadual. Uma mescla entre promessas caseiras e ?importadas?. O clube investiu nas contratações de Sandro e Leonardo, que podem se unir aos pratas-da-casa Thiago Neves e Vandinho na formação de um novo ataque. Para isso, é claro, os jogadores terão que convencer o técnico Luiz Carlos Barbieri a abrir mão do 3-5-2. Não que isso seja um grande problema.
Desde que chegou à Vila Capanema, Barbieri sempre deixou clara a sua preferência pelo 4-4-2. Em muitos jogos do Brasileiro adotou esse esquema (mas, sempre no 2.º tempo, quando precisava mudar o panorama da partida). O pouco tempo de preparação já fez o técnico antecipar que deve repetir o posicionamento do time com três zagueiros. Então, para garantir uma vaga entre os titulares, o quarteto terá que ralar. E muito.
Mais do que mostrar qualidade técnica, o meia Thiago Neves terá que reconquistar a confiança do treinador, abalada depois que ele chegou atrasado em um treino e acabou ?barrado? na reta final do Brasileiro. Entre os outros três jogadores, a situação mais tranqüila, aparentemente, é a de Sandro. O meia-atacante foi titular nos últimos jogos da equipe e por ser versátil – joga no meio-de-campo ou no ataque – sai na frente. Só que terá que jogar mais no estadual. Sua participação no ano passado foi de altos e baixos.
Já os atacantes Vandinho e Leonardo terão poucos treinos para mostrar suas qualidades a Barbieri. Correndo por fora está Fábio, com passagem por Botafogo e Volta Redonda, mas sem jogar há algum tempo. Este será o novo perfil do ataque paranista, que terá ainda a missão de fazer o torcedor esquecer seu artilheiro de 2005, Borges, negociado com o futebol japonês.