Foi uma goleada. Na atual conjuntura, o 1×0 do Paraná Clube sobre o ABC de Natal, ontem, na Vila Capanema, foi uma goleada. Qualquer vitória seria, ainda mais a que significou, pelo menos por enquanto, a saída do Tricolor da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro da Série B. Foi a primeira vitória paranista na competição, a primeira em 65 dias.
Antes do jogo, muita tensão. Apesar da evolução contra o Bahia, a pressão era grande. Na reta do relógio, em posição destacada, uma faixa pedia ?Fora Vavá?, o vice-presidente de futebol segue sendo o mais cobrado pela torcida. Outra faixa:
?Primeira divisão é obrigação?. Em campo, Rogério Perrô manteve o sistema com três zagueiros, e escalou Gílson como o único atacante. No ABC, o destaque era o folclórico atacante Valdir Papel.
No começo da partida, uma surpresa tática: Ricardo Ehle saía para o ataque como um lateral, e com isso confundiu a marcação potiguar. Mas a ?sacada? de Perrô foi logo percebida pelo adversário, que arrumou-se para evitar o elemento surpresa. Mas o Tricolor tinha ímpeto, estava bem no jogo e pressionava. Teve quatro chances até a metade do primeiro tempo, nenhuma delas convertida em gol.
Dali em diante, o Paraná não criou mais nada. Acomodou-se na marcação do ABC, que não tinha nenhum interesse em fazer o jogo andar com velocidade, tanto que o zagueiro Ben-Hur levou cartão amarelo por cera com oito minutos de jogo. Com Gílson isolado e marcado por três zagueiros, o Tricolor não tinha força ofensiva. ?O time está bem, só falta o gol?, minimizou o atacante paranista no intervalo.
Para tentar colocar o time mais à frente, Rogerinho entrou na ala-esquerda na vaga do apagado Thyago Fernandes. Atacante que era bom, nada. Mas logo a um minuto, Ben-Hur, aquele da cera no primeiro tempo, fez falta em Gílson e foi expulso. Perrô sacou o líbero Luciano e colocou Fábio Luís para colocar o Paraná definitivamente no ataque.
Estava tudo encaminhado. De ontem não passaria. Mas aí começou a agonia. Cinco minutos Everton recebe, dribla o goleiro e chuta na trave. Doze minutos Claudemir chuta, Paulo Musse não defende e a bola sobra para Fábio Luís na pequena área; era melhor nem ter sobrado, pois o Tanque conseguiu mandar para fora. E a torcida à beira de um ataque de nervos.
Os jogadores também. Ficaram afobados, tensos, nervosos, desesperados. O ABC explorava a tensão tricolor e amarrava o jogo. E o tempo passava – quinze, vinte, 25 minutos. E nada.
Mas aos 33 minutos, aconteceu. Depois de um sofrimento danado e de grande pressão, o Paraná Clube marcou o gol da vitória. Numa bola espirrada, Fábio Luís pegou a sobra, justificou o apelido de Tanque e mandou uma bomba no canto direito de Paulo Musse. Gol chorado, como tinha que ser para acabar com a má fase paranista.
Antes do grito de alegria, um susto Márcio Santos cabeceou e Gabriel salvou, em lance que os potiguares reclamaram que a bola tinha entrado. O assistente Eberval Lodetti não viu nada, e a galera pôde enfim comemorar. Agora, que outras vitórias venham com um pouco mais de calma, para aliviar a tensão da torcida.
BRASILEIRO
SÉRIE B – 7ª RODADA
PARANÁ CLUBE 1×0 ABC
PARANÁ
Gabriel; Ricardo Ehle, Ciro e Luciano (Fábio Luís, 8 do 2º); Claudemir, Diego, Vágner, Giuliano e Thyago Fernandes (Rogerinho, intervalo); Éverton e Gilson (Clênio, 32 do 2º).
Técnico: Rogério Perrô
ABC
Paulo Musse; Márcio Santos, Ben-Hur e Paulo César; Bosco, Jean Paraibano, Márcio Hahn, Éder (Adelmo, 21 do 2º) e Alysson; Vinícius (Ivan, 31 do 2º) e Valdir Papel (Marcelinho, 4 do 2º).
Técnico: Ferdinando Teixeira
SÚMULA
Local: Durival Britto
Árbitro: Marco Antônio Martins (SC)
Assistentes: Eberval Lodetti (SC) e Kleber Lúcio Gil (SC)
Gols: Fábio Luís 33 do 2º
Cartões amarelos: Everton, Vagner, Clênio, Claudemir (PR); Ben-Hur, Alysson, Márcio Hahn, Paulo César, Marcelinho (ABC)
Cartões vermelhos: Ben-Hur e Márcio Santos
Renda: R$ 53.715,00
Público: 3.859 (3.641 pagantes)