A torcida já iniciou a contagem regressiva. Faltam seis vitórias para o Paraná Clube carimbar seu passaporte para uma inédita Copa Libertadores da América. Pela projeção atual, até cinco resultados positivos seriam suficientes. Mesmo trabalhando com esses números internamente, comissão técnica e jogadores evitam dar ênfase às projeções. Preferem trabalhar jogo a jogo, conscientes das variações possíveis nas onze rodadas restantes e do árduo caminho que terão pela frente.
Segundo o matemático Tristão Garcia, o Paraná tem 59% de chances de garantir vaga no principal torneio do continente. O rendimento atual do Tricolor é superior ao obtido no mesmo período no primeiro turno. São doze pontos, contra nove computados na primeira volta do Brasileirão. ?Os jogos serão cada vez mais difíceis.
Ou enfrentaremos adversários diretos ou clubes ameaçados pelo rebaixamento?, lembrou o capitão Beto. Todos sabem que é proibido vacilar e a aposta do técnico Caio Júnior é na força do elenco, evidenciada diante da Ponte Preta.
Mesmo sem seis jogadores considerados titulares, o Paraná fez um bom jogo, com destaque para Eltinho, Pierre, Joelson e Jeff. ?Isso dá tranqüilidade a todos nós, pois o time estará sempre coeso, sempre forte, independente de quem estiver em campo?, frisou Beto. O volante Pierre não esconde o quanto ficou chateado por ter perdido a condição de titular. ?Mas respeito o Caio e os meus companheiros. O importante é estar sempre bem, para fazer o melhor quando entrar em campo?.
Os jogadores acreditam que essa disputa acirrada por uma vaga entre os titulares será o ?combustível? para impulsionar o clube nestas onze decisões que o Paraná faz a partir de domingo, em Recife. ?Sei que injustiças ocorrerão nos próximos jogos?, avisou Caio Júnior. ?Terei que quebrar a cabeça, a cada rodada, para escolher a melhor formação, diante das opções e dos adversários?, comentou o treinador paranista. Contra a Ponte Preta, por exemplo, ele escalou pela primeira vez o time num 4-4-2.
A estratégia para enfrentar o desesperado Santa Cruz, no entanto, ainda não está definida. O departamento médico já vetou o lateral Edinho, os volantes Beto e Serginho e o atacante Leonardo para o jogo deste fim de semana. O meia Gérson também deve ficar de fora, mas os zagueiros Émerson e Neguete, após cumprirem suspensão, estão à disposição do treinador. Caio, no entanto, não deu pistas sobre a formação que adotará. ?Quero primeiro analisar mais detalhadamente o adversário?, avisou.
Vila faz a diferença
Dois jogos e 100% de aproveitamento. A volta para a Vila Capanema é, na visão de comissão técnica e jogadores, o grande trunfo do Paraná Clube nesta reta final da Campeonato Brasileiro.
Os números comprovam isso. Nos jogos contra Fortaleza e Ponte Preta, o time obteve aproveitamento de passe superior a 90%. No Pinheirão, onde mandou onze jogos, a média girou sempre em torno dos 65%. ?Isso é um exemplo técnico. Além disso, há todo o astral positivo por jogar na nossa casa?, frisou Caio Júnior.
Diante da Ponte Preta, o time fez dois gols e teve outras cinco chances reais, que pararam nas mãos do experiente goleiro Jean.
Este, travou um duelo à parte com Cristiano, o jogador do Paraná que mais vezes finalizou. ?Não fiz o gol, mas o importante foi a vitória?, disse o artilheiro tricolor na competição, com sete gols.
?O goleiro estava em noite inspirada?, comentou. Com 13 vitórias, o Paraná só perde neste quesito para São Paulo (15) e Grêmio (14).
?É uma vantagem que a gente construiu ao longo da temporada e que pode ser decisiva na hora da definição das vagas para a Libertadores?, afirmou o técnico Caio Júnior. O Tricolor tem cinco jogos programados para o Estádio Durival Britto, contra Goiás, Flamengo, Palmeiras, Internacional e São Paulo. Os jogos restantes, na condição de visitante, serão contra Santa Cruz, Atlético, Cruzeiro, Vasco, Santos e São Caetano.
Curva Norte do estádio apresenta rachadura de 5 centímetros
Carlos Simon
Uma rachadura no setor recentemente ampliado da Vila Capanema assustou torcedores do Paraná Clube no jogo de quarta-feira, contra a Ponte Preta. Um trecho de cerca de 20 metros de concreto da Curva Norte cedeu cinco centímetros em direção ao solo e foi isolado pela Polícia Militar ainda durante a partida. O clube minimiza o risco e já iniciou a recuperação do setor, que será vistoriado hoje pelas autoridades.
O solo cedeu exatamente na junção entre a antiga arquibancada do gol de fundos e a construção pré-moldada. O concreto no trecho afetado desceu, fazendo aparecer a rachadura. A maioria dos torcedores estava em pé sobre o degrau e nenhum deles se machucou.
O gerente social e de marketing do Paraná, Luiz Carlos Casagrande, conhecido como Casinha, assume que houve uma ?falha de acabamento? durante as obras de ampliação da Curva Norte.
?A terra que havia abaixo da arquibancada velha foi retirada para colocação das sapatas do pré-moldado. Depois a mesma terra foi recolocada, mas como a compactação foi mal feita, ela cedeu com as chuvas?, disse o diretor.
Casinha elogiou o isolamento feito pela PM durante o jogo, mas assegura que não haveria problema mesmo que os torcedores ficassem no setor avariado. ?A arquibancada velha fica em cima de um aterro. Além disso, não tem ligação com a nova?, explica.
Ontem, operários já começaram as obras de troca do concreto, compactação da terra e instalação de malha de ferro na área afetada. A previsão de finalização desta etapa é segunda-feira. Até quarta, o clube pretende concluir o reforço ao longo de toda a Curva Norte, para evitar que o problema se repita. O próximo jogo do Tricolor na Vila está marcado para domingo, dia 15, contra o Goiás. Até lá o clube terá que enviar novos laudos à CBF comprovando que o setor está seguro.
Fiscalização – Apesar de o problema ser facilmente contornável, de acordo com o Tricolor, a Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi), ligada à Prefeitura, e o Conselho Estadual de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR) anunciaram que irão vistoriar a rachadura hoje pela manhã.
Os órgãos irão fotografar o local e elaborar um relatório, que pode ser encaminhado ao Ministério Público caso alguma irregularidade grave seja detectada. ?Mesmo quando o problema parece insignificante, ele pode evoluir e deve ser verificado?, afirmou o gerente regional do Crea-PR em Curitiba, Mário Guelbert Filho. O Cosedi tem poder de embargar a obra, se achar necessário.
Torcida vai à Vila, mas desiste de entrar
Os problemas da nova Vila Capanema apareceram nas arquibancadas e fora do estádio na partida contra a Ponte Preta. Além da rachadura na Curva Norte, grandes filas se formaram nas bilheterias pouco antes do jogo, que fizeram torcedores desistirem de entrar no estádio.
O Paraná diz estar se adaptando às reformas e ao novo sistema de venda de ingressos e promete aperfeiçoamentos no próximo jogo.
O estádio não comportou o grande fluxo de torcedores que chegaram minutos antes da partida. Além do número insuficiente de bilheterias, o sistema de confecção de ingressos na hora revelou-se muito lento, incapaz de absorver as filas. Na quarta-feira, 5.952 torcedores (5.042 pagantes) passaram pelas bilheterias da Vila.
O gerente social e de marketing do Tricolor, Luiz Carlos Casagrande, diz ter recebido entre 30 e 40 mensagens eletrônicas de torcedores apontando os problemas. ?Seguimos em fase de adaptação, mas após dois jogos já dá para sentir o comportamento do público. Sabemos, por exemplo, que a maior demanda é na reta do relógio e na Curva Norte, e que os meio ingressos correspondem a 60% do total?, disse o diretor. Para evitar as filas, o clube vai habilitar mais bilheterias, imprimir os ingressos com antecedência,
de acordo com a previsão de público em cada setor, e incentivar o torcedor a chegar mais cedo ao estádio.
Do jogo de reinauguração, contra o Fortaleza, até o de quarta-feira, o clube já instalou uma grade separando as saídas da reta do relógio e do estacionamento e melhorou a iluminação dos corredores externos da Curva Norte e do estacionamento.
Outra reclamação foi feita por freqüentadores da reta do relógio contra os donos de camarotes, que soltaram objetos como copos vazios e pontas de cigarro do alto e atingiram os torcedores de baixo. A diretoria diz que vai colocar cartazes de orientação nos camarotes.