O Paraná Clube entra em campo hoje – às 20h30, no Morumbi – disposto a consolidar seu posto entre os melhores do Brasileirão. Uma vitória diante do São Paulo vale a liderança da competição, que chega à sua metade. Mesmo colecionando bons resultados e números expressivos (como o melhor ataque, com 31 gols), o Tricolor ainda é visto com desconfiança por parte da mídia nacional.
Se esse comportamento é provocado pela falta de tradição do clube ou por desconhecimento, pouco importa.
A meta é escrever uma nova história para o clube a partir de 2006 – que começou com a reconquista da hegemonia estadual e segue com a boa campanha e a volta à Vila Capanema – e o jogo desta noite é visto como uma decisão. No currículo do Paraná, neste Brasileiro, falta uma vitória expressiva sobre um dos grandes do futebol paulista. O time de Caio Júnior ?passou raspando? contra o Palmeiras, quando fez um grande jogo, mas deu mole e perdeu por 4×2.
O Tricolor já perdera para o Corinthians (1×2) e recentemente empatou com o Peixe (1×1).
?Seria muito bom chegar à liderança. Traria orgulho, mas nunca o sentimento de dever cumprido. Isso só vai ocorrer no dia 3 de dezembro?, alertou o técnico Caio Júnior. O técnico mantém uma política ?pés no chão?, mas não esconde a confiança no potencial do elenco paranista. No jogo de hoje, por exemplo, pode contar com atletas como Neguete, Sandro e Joelson -que seriam titulares em boa parte dos integrantes da Série A – no banco de reservas. Essa é uma tendência, já que o capitão Beto, recuperado de lesão, deve ser confirmado entre os titulares.
?Só tenho essa dúvida?, disse Caio Júnior, que reforçaria o meio-de-campo com a presença de Beto na vaga de Sandro. Essa indefinição está diretamente relacionada à estratégia que adotará no jogo de hoje. Com a escalação do adversário em mãos – e algumas fitas de jogos do São Paulo – o treinador seguiu viagem deixando apenas uma vaga em aberto. O volante, titular do Paraná há três temporadas, não esconde que está com ?fome de bola?, após uma ausência forçada por conta de lesão nas costelas.
?Na verdade, só fiquei cinco dias sem treinar. Pude aprimorar a minha condição física nestes mais de vinte dias e estou 100%?, afirmou Beto. A volta do capitão faz com que o Tricolor volte a atuar – teoricamente – com três volantes. ?Mas sem retranca. Jogamos assim contra Flamengo, Cruzeiro, Grêmio e não fomos um
time defensivo. Muito pelo contrário?, disse Beto, acreditando na sua confirmação com a camisa 7. Independente da escolha final de Caio Júnior, é certo que o Paraná não adotará marcação individualizada.
?Nossa preocupação é com o conjunto do São Paulo?, lembrou o zagueiro Gustavo. Para ele, é difícil falar que vão marcar esse ou aquele jogador, já que o adversário tem qualidade em todos os setores. ?Vamos marcar.
E muito. Mas eles também vão ter que correr atrás dos nossos atacantes?, afirmou Émerson. ?Lá atrás, temos que garantir a sustentação para nossos jogadores de frente fazerem a diferença?, finalizou.
Hora de jogar com o elenco
A partir dessa rodada – ou mais precisamente, após o jogo de hoje -, o elenco paranista vai começar a sentir os reflexos de uma intensa maratona. Ao longo do próximo mês (e além, caso o time avance na Copa Sul-Americana) o time estará em campo a cada três dias, o que faz a comissão técnica abrir o leque de opções. Caio Júnior admite eventuais mudanças, com o objetivo de administrar o desgaste.
?Quero o time inteiro na reta final do Brasileiro. Para isso, posso até poupar uns dois ou três jogadores em determinados jogos?, antecipou Caio. ?Não podemos correr o risco de expor atletas a lesões, já que o grupo é qualificado.?
O treinador deixou claro que essas trocas seriam muito bem planejadas, sem o risco de deixar o time vulnerável. Recentemente, ele já teve que buscar opções diante da ausência de vários jogadores lesionados e alguns suspensos.
?Agora, é a hora de jogar com o grupo?, sentenciou. Essas decisões serão tomadas, segundo Caio Júnior, após análise dos departamentos médico e físico, além de uma conversa individual com o atleta que eventualmente apresente um desgaste excessivo. Essa estratégia poderá ser aplicada já para o jogo de domingo, frente
ao Juventude. ?Temos a viagem de volta e um regenerativo, com apenas um treino leve no sábado. Teremos que trabalhar com muito critério para não perder o ritmo?, confirmou.
Pra melhorar o retrospecto
Além de chegar à liderança, o Paraná Clube tenta diminuir a vantagem do São Paulo nos confrontos diretos. Mesmo com alguns resultados expressivos conquistados fora de casa – como a vitória por 3×1, em 2001 (sob o comando de Paulo Bonamigo) – o representante paranaense soma apenas duas vitórias em catorze jogos realizados, todos pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
O São Paulo soma sete vitórias e cinco empatesjá foram registrados. Curiosamente, nos quatro últimos duelos realizados no Morumbi, o equilíbrio é absoluto, com uma vitória para cada lado e dois empates. No ano passado, com o time ainda em formação (comandado por Lori Sandri), o Paraná empatou por 1×1. No returno, porém, o São Paulo goleou – 4×0 -, em Maringá. Esse foi também o placar mais elástico em todos os jogos entre os tricolores paranaense e paulista, num jogo que marcou a saída de Sandri do comando do Tricolor.
CAMPEONATO BRASILEIRO
19ª RODADA
SÚMULA
Local: Morumbi (São Paulo).
Horário: 20h30.
Árbitro: Cléver Assunção Gonçalves (MG).
Assistentes: Guilherme Dias Camilo (MG) e José Carlos de Souza (MG).
SÃ?O PAULO x PARANÁ CLUBE
São Paulo
Rogério Ceni; Alex Silva, Fabão e Richarlyson; Souza, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Leandro e Aloísio. Técnico: Muricy Ramalho.
Paraná
Flávio; Gustavo, Émerson e Edmilson; Angelo, Pierre, Beto (Sandro), Batista e Edinho; Maicosuel e Leonardo. Técnico: Caio Júnior.
