Paraná encara hoje à noite seu mais duro desafio

Desafios, o Paraná Clube já enfrentou muitas vezes em seus 17 anos e meio de vida. Mas o que terá pela frente às 21 horas de hoje, no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, é certamente um dos mais duros de sua história: superar um momento de incertezas, a decepção pela derrota na decisão do Campeonato Paranaense e, no campo inimigo, reverter a vantagem de 2 x 1 imposta pelo Libertad no jogo da Vila Capanema. O prêmio em caso de êxito é digno no tamanho da tarefa: um posto entre os oito melhores times da América e um duelo com um grande argentino nas quartas-de-final da Libertadores.

Embora o Estadual seja incomparavelmente menor que a Libertadores, o empate de domingo e a perda do título para o Paranavaí pesou nos ombros tricolores. Torcedores revoltaram-se e pediram cabeças. O presidente José Carlos de Miranda confessou-se abatido e o técnico Zetti pedia na segunda-feira um tempo maior para que o elenco assimilasse o fracasso.

Mas o passar dos dias mudou o foco e resgatou novas ambições – até porque um triunfo na ?missão Paraguai? é capaz, facilmente, de superar a angústia pela perda de um título paranaense. ?A cabeça já amenizou. Todos vivem a expectativa da Libertadores e sabem que esse é o nosso futuro?, falou o treinador, durante o vôo que levou a delegação tricolor a Assunção. ?Doutor? em Libertadores, o treinador paranista reconhece que consolidou o status de jogador de ponta depois de ganhar duas vezes a maior competição interclubes do continente. ?Sempre falo aos jogadores que é a segunda melhor competição que existe. Para ser campeão do mundo, só pela seleção nacional ou passando pela Libertadores.?

E para não dar adeus a este sonho, o Tricolor precisa fazer o que não fez nos últimos jogos decisivos: balançar as redes. Só uma vitória por dois gols de diferença leva o Paraná às quartas-de-final. Vitória por um gol, só se for por 3 x 2, 4 x 3 ou assim por diante. Outro 2 x 1 leva a decisão para os pênaltis. A tarefa é complicada, mas o próprio desempenho paranista no jogo de ida aumenta as esperanças -mesmo sem apresentar grande futebol, ao menos equilibrou o jogo contra o forte Libertad. ?Tivemos chances de vencer, mas perdemos com dois gols de bola parada. Dá para encará-los de igual para igual?, garante Zetti. Uma batalha complicada, mas viável para quem já venceu na Venezuela, no Chile e na Arena da Baixada por dois gols de vantagem.

Joelson é a aposta de Zetti pra reverter a vantagem paraguaia

Zetti saiu de Curitiba fazendo mistério, mas o desfez em Assunção. Depois do único treino do Paraná Clube em solo paraguaio, ontem à tarde, o técnico anunciou que mantém o esquema tático, mas mexe em duas posições na partida contra o Libertad. Joelson é a maior novidade.

O comandante paranista, que cogitava adotar o sistema com três zagueiros, surpreendeu ao pedir a saída da imprensa brasileira do treino de reconhecimento no Defensores del Chaco. A princípio, o presidente José Carlos de Miranda liberou a entrada dos jornalistas paranaenses, mas a pedido de Zetti todos foram retirados assim que terminou o aquecimento e começou o trabalho tático, com a formação da equipe titular. Depois, os jornalistas puderam acompanhar o ?rachão? em campo reduzido.

Curiosamente, logo após a atividade, o técnico não hesitou em confirmar a manutenção do 4-4-2. Na zaga preferiu escalar Toninho no lugar do suspenso Neguete – uma alternativa para aumentar a estatura da defesa contra o eficiente jogo aéreo do Libertad. E Gerson, bastante criticado pela torcida, depois da final contra o Paranavaí, dá lugar a Joelson, outro jogador sem grande popularidade nas arquibancadas. ?Joelson sabe armar e pode se revezar com Vinícius à frente. E também é forte no jogo aéreo?, explicou o técnico, que pediu desculpas aos repórteres pelo mistério, dizendo temer algum ?espião? infiltrado na imprensa paraguaia.

Antes do treino, Zetti deu pistas de que mudaria a equipe ao dizer que precisava criar novas opções ofensivas. Este ano, o Tricolor venceu duas vezes por dois gols de vantagem fora do País (contra Cobreloa e Unión Maracaibo), mas com estrutura tática diferente, segundo o técnico. ?Na época, tínhamos uma equipe rápida. Agora precisamos dar movimentação de outra forma?, falou o técnico, que de lá para cá perdeu o atacante Henrique.

Clima deve ser tranqüilo

Se Libertadores é pressão, tudo indica que o Paraná Clube enfrentará hoje um clima mais parecido com o de um Campeonato Paranaense. Com uma torcida pequena e fama de elitista, o Libertad não deve transformar o Defensores del Chaco num campo de batalha.

Na chegada do time no aeroporto Silvio Pettirossi, em Assunção, apareceram alguns jornalistas paraguaios, mas o treino tricolor foi coberto só pelos repórteres paranaenses.

A expectativa da imprensa do Paraguai é de um público em torno de 7 mil pessoas.

?O ambiente é favorável.

Eles não têm tanta torcida e não deve haver pressão contra a arbitragem?, falou o zagueiro Daniel Marques.

Libertad ganha três reforços importantes pra encarar o Paraná

Ainda mais reforçado que no jogo da Vila Capanema, o Libertad adota o respeito como estratégia para confirmar o favoritismo e chegar às quartas-de-final da Libertadores. O técnico uruguaio Sergio Markarian terá a volta de três titulares diante do Paraná – o goleiro Jorge Bava, o zagueiro Pedro Sarabia e o meia Cristian Riveros, todos recuperados de lesão -, não disputaram a partida de ida. ?Eles nos darão mais consistência, mas é preciso tomar cuidado. O Paraná mostrou qualidades que não conhecíamos, como a passagem rápida para o ataque e suas permanentes saídas longas. É um time que tem suas surpresas e no Brasil foi muito agressivo?, disse o treinador, que poupou quase todos os titulares na última partida do Campeonato Paraguaio – um empate sem gols com o lanterna Sol de América.

Sem oba-oba

Alma do time, o capitão Sarabia, 31 anos, também evitou o oba-oba. ?Sabemos que o Paraná aspira a classificação e tentará ser protagonista. É um grande rival, que não chegou aqui por acaso?, falou. Outra citação do zagueiro para evocar a seriedade foi a recente derrota em casa por 2 a 1 para o América do México, pela fase de grupos da Libertadores. ?Em cada treino lembramos que aquilo não pode se repetir, pois levamos uma surpresa que não poderíamos levar.?

Copa Libertadores da América
Oitavas-de-final ­ jogo de volta
Súmula
Estádio Defensores del Chaco (Assunção, Paraguai)
Horário: 21h (de Brasília)
Árbitro: Rubén Selman (CHI)
Assistentes: Enrique Osses e Lorenzo Acuña (CHI)

Libertad x Paraná Clube

Libertad
Jorge Bava; Carlos Bonet, Ricardo Martínez, Pedro Sarabia e Edgar Balbuena; Sergio Aquino, Víctor Cáceres, Cristian Riveros e Pablo Guiñazú; Roberto Gamarra e Rodrigo López. Técnico: Sergio Markarian.

Paraná Clube
Flávio, Léo Matos, Daniel Marques, Toninho e Egídio; Xaves, Beto, Joelson e Dinelson; Vinícius Pacheco e Josiel. Técnico: Zetti.

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