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Mesmo com um homem a mais em campo desde os 23 minutos do primeiro tempo, o ataque paranista não conseguiu furar o bloqueio da defesa atleticana. |
Houve lances polêmicos, discussão, jogadas bonitas e jogadas duras, tensão até o último minuto. Só não houve gols no primeiro jogo entre Paraná Clube e Atlético pela semifinal do Campeonato Paranaense. Melhor para os rubro-negros, que comemoraram com razão o 0 x 0, saboreado como triunfo pelas circunstâncias da partida. A decisão fica para a Kyocera Arena, domingo que vem, quando os paranistas jogam por mais um empate. Vitória por qualquer contagem põe o Furacão na finalíssima.
Os contornos do clássico foram definidos aos 24 minutos do primeiro tempo, quando João Leonardo cometeu falta por trás, recebeu mais um cartão amarelo e foi corretamente expulso. Com um a menos, o Atlético, que entrou com três zagueiros, priorizou nitidamente a defesa. Após a contusão de Denis Marques, ainda na primeira etapa, Vadão optou por reforçar mais a marcação, colocando Cristian e deixando o time numa espécie de 4-4-1.
Se antes mesmo da expulsão o Paraná já era mais presente que o adversário no ataque, com a vantagem numérica lançou-se todo à frente. Dominando o meio-campo, o Tricolor teve a bola a seus pés em quase toda a partida. Mas esbarrou em dois problemas: a falta de inspiração do setor ofensivo e a atuação exemplar da defesa atleticana.
Dentro do que se propôs a partir das circunstâncias adversas, o Atlético foi muito competente. ?Abdicamos sim do ataque. Não seria prudente partir para o ataque e correr o risco de tomar um, dois ou três gols, o que seria difícil de reverter?, falou o técnico Vadão, depois do jogo. Desta forma, até Alex Mineiro, teoricamente o único atacante, era freqüentemente visto no campo de defesa atleticano. Tal posicionamento fez do goleiro Flávio praticamente um espectador – embora tenha sofrido um susto quando Neguete cabeceou contra o próprio travessão, no final do primeiro tempo.
Por outro lado, o Paraná não conseguia transformar o domínio em chances claras de gol. Dinelson abusou das jogadas individuais, Josiel teve pouca participação e os laterais por vezes se viram desassistidos pelos meias. Cléber só começou a aparecer no segundo tempo, em chutes de Beto e Dinelson. E quando fez o gol, numa cabeçada de Josiel logo no início do segundo tempo, o Tricolor não pôde comemorar pela contestada marcação de impedimento do atacante. Zetti não se deu por vencido e trocou o lateral Alex por Lima, deixando o time com três atacantes.
Mesmo sem ser eficiente, a pressão tricolor deixava o jogo emocionante e com a possibilidade real de gol. E no final por pouco a casa atleticana não caiu: Cléber foi obrigado a cometer falta em Lima para evitar o gol paranista e também foi expulso. Com três substituições já realizadas, Vadão mandou o lateral Nei vestir a camisa de goleiro. Mas não houve tempo para o Tricolor testar o arqueiro improvisado, e a torcida atleticana foi a única a sair comemorando o empate.
Muito domínio e nada de balançar a rede
O Paraná Clube não jogou o necessário para vencer um clássico pela primeira vez no ano. A avaliação é do próprio técnico Zetti, que deu puxão de orelhas na equipe após a partida.
O treinador ressaltou o domínio durante a partida, não concretizado no placar. ?Foi um jogo de um time só. O Flávio praticamente não trabalhou, apesar de uma bola na trave, mas que foi em lance de bola parada. Fomos sempre superiores, mas não tivemos a performance necessária para fazer o gol?, disse o técnico.
Zetti preferiu não atribuir o resultado ao desempenho do árbitro Evandro Rogério Roman – alguns tricolores reclamaram do gol anulado de Josiel e de dois pênaltis. ?Houve excesso de cartões no primeiro tempo e o acréscimo foi pequeno. Mas não tenho nada a reclamar da arbitragem, e sim da minha equipe, que poderia sair com a vitória.
O meia Dinelson também desaprovou a atuação da equipe. ?Não criamos tanto assim para dizer que poderíamos ganhar bem. O Atlético marcou forte e armou uma retranca que não conseguimos furar?, disse o meia.
No segundo jogo, domingo que vem, o Paraná não terá o meia Gerson, que ontem tomou o terceiro amarelo.
Agora, o Tricolor concentra as atenções na partida mais importante da temporada até aqui – contra o Unión Maracaibo, quarta-feira, às 21h45, na Vila Capanema. Para avançar às oitavas-de-final, o Paraná precisa obter resultado melhor que o do Real Potosí, que no mesmo horário pega o Flamengo, no Maracanã.
CAMPEONATO PARANAENSE
SEMIFINAL – JOGO DE IDA
Local: Durival Britto, em Curitiba
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Assistentes: Roberto Braatz e Sérgio Aparecido Aléssio
Cartões amarelos: Daniel Marques, Neguete, Beto, Gerson e Dinelson (P), Marcão, Evandro e Alex Mineiro (A)
Expulsões: João Leonardo (A), aos 24 minutos do 1.º, e Cléber (A), 47? do 2º
Público: 7.236 pagantes (Total: 7.810)
Renda: R$ 102.423
PARANÁ CLUBE 0x0 ATLÉTICO
PARANÁ
Flávio; Alex (Everton, 25? do 2.º), Daniel Marques, Neguete e Egídio; Xaves, Beto, Gérson (Lima, 11? do 2.º) e Dinélson; Vinícius Pacheco (Joelson, 34? do 2.º) e Josiel. Técnico: Zetti.
ATLÉTICO
Cléber; Danilo, Marcão e João Leonardo; Nei, Erandir, Alan Bahia, Evandro (Válber, 34? do 2.º) e Michel; Alex Mineiro (Ricardinho, 34? do 2.º) e Denis Marques (Cristian, 36? do 1.º). Técnico: Osvaldo Alvarez
Clássico sem incidente entre as torcidas
Apesar das polêmicas que antecederam o duelo entre Paraná e Atlético, o clima foi de tranqüilidade nos bastidores da Vila Capanema. Com um público frustrante para um clássico decisivo (apenas 7.236 pagantes), nenhum confronto grave entre as torcidas foi registrado.
O momento mais tenso aconteceu minutos antes da partida. O time do Atlético entrou no gramado para o aquecimento e provocou a revolta do superintendente de futebol do Tricolor. ?Tirem esses caras do campo?, bradava Ricardo Machado Lima aos seguranças, que mandaram os rubro-negros de volta ao vestiário.
?Na Arena não podemos nem olhar para o gramado antes do jogo. Então aqui eles também não podem. Colocamos um aviso no vestiário, mas eles querem ser malandros?, disparou o dirigente paranista.
O preparador físico do Furacão, Walter Grassmann, não deixou por menos. ?O problema é que o estádio não tem estrutura. Não existe sala de aquecimento, então tivemos que aquecer no gramado?, retrucou.
A diretoria atleticana cumpriu a promessa e não deu as caras na Vila. Alegando falta de segurança, nenhum membro dos conselhos administrativo e gestor assistiu à partida. Além de atletas e comissão técnica, o clube estava representado apenas pelo diretor desportivo Marcos Teixeira e pelo coordenador de futebol Luiz Fernando Cordeiro.
Atrás de um atacante
Henrique faz parte do passado paranista. Com a confirmação da saída do atacante, contratado pelo Coritiba, o Tricolor corre contra o tempo para repor a perda ainda para a Libertadores.
O vice-presidente tricolor, José Domingos, não polemizou e considerou normal a transferência do atacante, cujo contrato com o Paraná terminou na semana passada.
O dirigente até elogiou a atitude do presidente coxa-branca, Giovani Gionédis, que perguntou se o Tricolor fazia restrições à mudança de endereço do jogador. ?Henrique foi um bom profissional e cumpriu suas obrigações com o Paraná. Que seja feliz no Coritiba?, falou.
José Domingos diz que o Tricolor pode antecipar a vinda de outro atacante para que seja inscrito na Libertadores – caso se classifique para a segunda fase, a equipe pode trocar três jogadores na lista de 25. Outros três a quatro reforços devem vir apenas para o Brasileirão, que começa em 12 de maio. A origem é conhecida: o interior de São Paulo e do Paraná. ?Temos contatos com dois ou três jogadores que disputaram o Campeonato Paranaense?, disse o dirigente, confirmando que o lateral Baiano, do Rio Branco, pode ser um dos contratados.