Foram três dias de terapia intensiva. Amanhã – às 16h, na Vila Capanema -, o técnico Saulo de Freitas põe à prova suas teorias. Frente ao Flamengo, o Paraná Clube busca uma arrancada decisiva para o seu futuro no Brasileirão. O novo técnico mostra otimismo e espera uma reação imediata ao trabalho desenvolvido em seis sessões. ?Jogador tem que trabalhar. É visível que o grupo não estava bem fisicamente?, disparou o Tigre.
Na sua primeira semana à frente do Tricolor, Saulo -apoiado pelo auxiliar (e fisiologista por formação) Fernando Tonet e pelo preparador físico Fabiano Rosenau – não deu moleza aos atletas. Foram treinos diários em dois períodos, numa corrida contra o tempo para melhorar o condicionamento físico e técnico do elenco. ?Vi um Paraná chegando atrasado nas bolas e perdendo divididas. Isso não pode ocorrer?, sentenciou Saulo. ?Procuramos quantificar e qualificar os treinos.?
Saulo de Freitas não realizou um coletivo sequer. Acredita que uma simulação de jogo – com duração de quase 90 minutos – só gera desgaste e expõe os jogadores a lesões. ?Os reservas sempre querem mostrar. Ainda mais nesse momento de transição. Isso poderia causar problemas?, afirmou Saulo, sem descartar, oportunamente, a realização dos tradicionais coletivos. ?Particularmente, acho um trabalho tático mais proveitoso. Treinamos a repetição, às vezes exaustivamente, de situações que ocorrem numa partida. Quero o time com melhor aproveitamento nas bolas paradas, tanto no ataque quanto na defesa?, justificou. O resultado imediato de treinamentos nessa intensidade foi a rouquidão do treinador. Saulo estava quase afônico e admitiu que está ?comendo muito gengibre? para recuperar a voz até a hora do jogo. Além das novas diretrizes nos treinamentos, o Tigre também cumpriu o que prometeu em relação à parte tática. O 3-5-2, aplicado ao longo das trinta rodadas disputadas, sai de cena. Isso, na visão de Saulo, não resultará num time mais vulnerável. ?Vamos compensar isso com muita pegada. Com três volantes e a participação de todos nessa marcação. Quem não marcar, sai?, disparou com autoridade.
Com essa postura, espera corrigir detalhes que vinham se mostrando crônicos ao longo da temporada. A começar pelo fraco desempenho dos alas. Os agora laterais terão proteção dos volantes quando apoiarem e a aproximação dos meias para aumentar a qualidade de jogadas pelos flancos do gramado. Isso sem contar a fixação de Vinícius Pacheco no ataque, para tentar por fim à solidão de Josiel. ?Temos um artilheiro nato lá na frente, mas ele precisa ser municiado, ter um parceiro para tabelar?, finalizou o Tigre.
Única dúvida de Saulo está na criação das jogadas
Foto: Valquir Aureliano |
Éverton e Giuliano disputam a vaga. O primeiro tem mais cancha e pode ser o escolhido. |
Saulo testou inúmeras variações, em especial na zaga e no meio-de-campo, e ontem praticamente definiu o time que encara o Flamengo. A única dúvida está no setor de criação. Após trabalhar com o garoto Giuliano – de apenas 17 anos – em boa parte dos treinos, ontem o treinador decidiu dar uma oportunidade a Éverton. ?São dois jovens, mas o Éverton está mais canchado. Isso pode pesar?, disse Saulo, sem anunciar quem será o camisa 10.
Em relação à zaga, porém, o técnico foi incisivo. ?Acredito na experiência do Nem?. O jogador será não apenas o capitão, mas também ?a voz do técnico em campo?, na definição do próprio Saulo. ?Ele não está 100% fisicamente, mas é uma liderança fundamental neste momento. Quero ele jogando no limite e, quando cansar, trocamos, se necessário?, disse. O técnico definiu a dupla de zaga com Neguete e Nem, deixando Daniel Marques como opção imediata para este jogo.
Sem contar com Luís Henrique – que recupera-se de uma tendinite -, Saulo optou pelos mais experientes para iniciar o jogo. ?Tenho ainda o Daniel Marques, o Toninho e o João Paulo. Todos brigam por posição. Só que para este momento, não posso prescindir da experiência do Nem?, afirmou. Para o treinador, a mudança tática não será traumática. ?O Paraná jogou o campeonato inteiro com três zagueiros e ainda com dois volantes. E mesmo assim, tem a terceira pior defesa da competição. Isso se corrige com aplicação coletiva, com doação em campo?, explicou.