Por pouco o Paraná não foi derrotado pelo União Bandeirante, ontem à tarde, no Estádio Comendador Luiz Meneghel, em Bandeirantes. O Tricolor conseguiu empatar em 2 a 2, com um gol salvador de Goiano aos 50 minutos do segundo tempo. Revoltados com os acréscimos, uma turma de bandeirantinos (jogadores, dirigentes, gandulas e torcedores) partiu para cima do árbitro Maurício Batista dos Santos e o pau quebrou na Vila Maria.
O Paraná até que começou bem a partida, mostrando atitude, jogando mais à frente e marcando saída de bola do adversário.
Com menos de dez minutos, o time chegou duas vezes com perigo ao ataque. Aos cinco, num chute de Goiano de fora da área, que desviou no zagueiro Diogo, e aos oito, no arremate de Leonardo defendido pelo goleiro Cléberson.
O setor de meio-de-campo era todo tricolor, com Marcelinho se movimentando com desenvoltura, e Maicosuel e Leonardo encontrando espaço para jogar entre os zagueiros.
O gol paranista parecia uma questão de tempo. Aos 15 minutos, a trave estava no caminho. O lance foi rápido: Leonardo soltou a bomba da entrada da área, a bola acertou de raspão na cabeça de Beto e deu no poste.
Pelos lados do campo, também estava tudo dominado com Goiano e Edinho, ambos chegando bem no ataque para municiar Leonardo, até então um dos destaques da equipe.
Mas o Tricolor cadenciava demais o toque de bola, deixando de surpreender pela rapidez. Do outro lado, o União parecia paralisado em sua postura defensiva que o impedia de ultrapassar a linha divisória do gramado.
Os donos da casa só acordaram para o jogo aos 30 minutos. Tuti arrancou pelo meio com a bola dominada e entortou os zagueiros Emerson e Neguete. Mas na hora H, ele se complicou ao tentar o cruzamento ao invés de finalizar.
Foi a partir daí que o Paraná caiu de produção e deixou de envolver o União, que passou a gostar do jogo. Tanto que abriu o placar aos 35. Depois do escanteio batido por Cléber, Flávio soltou a bola nos pés de Diogo, que não perdoou a falha do goleiro.
Aos 40 minutos, porém, Flávio apareceu bem no chute de Aron. Aos 44, os paranistas pediram pênalti do goleiro Cléberson em Edinho. O árbitro marcou falta no bico da área, que Marcelinho mandou para fora.
Logo no início do segundo tempo, o Tricolor desperdiçou uma grande chance de empatar. Aos nove minutos, Leonardo sofreu pênalti de Ciro. O atacante chutou fraquinho e Cléberson defendeu no canto esquerdo.
A igualdade demorou, mas veio aos 25. Maicosuel cobrou escanteio pela esquerda e Neguete subiu mais do que a zaga adversária para cabecear.
O União voltou a ficar em vantagem aos 33. Tuti invadiu a grande área e foi derrubado por Flávio. Neném executou bem, deslocando o goleiro.
Para alívio geral, o Paraná arrancou o empate quando a fatura parecia liquidada. Aos 50 minutos, Edinho tocou para Maicosuel, que cruzou na medida para Goiano emendar.
Barbieri lamenta gols perdidos
Carlos Simon
O gol de Goiano, escalado na sexta-feira para a lateral-direita, livrou temporariamente de risco o cargo de Luiz Carlos Barbieri. Mas o próprio técnico considerou o empate com o União um péssimo resultado e criou um clima de decisão para o jogo com o Coritiba, domingo que vem, no Pinheirão. Uma derrota no clássico deixaria o Paraná – que na quarta-feira pode perder até a quinta colocação para o Paranavaí – com poucas chances de se classificar para a segunda fase.
Depois do jogo, Barbieri lamentou os gols perdidos pela equipe. ?Com todo o respeito ao União, poderíamos virar o primeiro tempo com 3 x 0. Criamos muitas chances, mas em duas bobeadas tomamos dois gols. Reagimos ao empatar no final, mas o resultado foi péssimo?, reclamou o técnico. Apesar das colocações, Barbieri preferiu não criticar publicamente o goleiro Flávio, que falhou no primeiro gol e cometeu o pênalti que originou o segundo. ?O Flávio tem crédito, isso acontece com qualquer goleiro. É um líder e isso não vai abater nem ele nem o grupo?, disse o treinador.
O veterano reconheceu o erro no primeiro gol do União. ?Foi uma falha individual minha. Tive a infelicidade de soltar a bola?, admitiu Flávio. O lance do pênalti do segundo gol, porém, foi contestado pelo jogador. ?Só parei na frente dele (Tuti, do União). Ele (o árbitro Maurício Batista dos Santos) deu porque quis?, falou.
Barbieri ainda elogiou o desempenho de jogadores como o meia Marcelinho e de Goiano e repetiu o tradicional discurso confiante que adota desde o início do Estadual. ?Tenho plena convicção de que vamos chegar onde queremos. Teremos um clássico decisivo, uma final de campeonato no fim de semana, e vamos trabalhar dobrado para buscar o resultado?, falou. No clássico, o técnico não poderá escalar o meia Maicosuel, que tomou o terceiro cartão amarelo.
Sobrou pra arbitragem
A cada semana a arbitragem é alvo de nova polêmica no Campeonato Paranaense. Desta vez o foco das reclamações foi a atuação do árbitro Maurício Batista dos Santos, que desagradou gregos e troianos e desencadeou uma confusão ao final do jogo em Bandeirantes. Logo que encerrou a partida, o trio de arbitragem foi cercado por jogadores, dirigentes e torcedores da equipe de Bandeirantes. Enquanto a Polícia Militar não chegava, o assistente Alessandro Belentani foi derrubado e chutado – o árbitro, depois da partida, expulsou o zagueiro Maurício. Um torcedor roubou o cartão vermelho do apitador e o exibiu como troféu nas arquibancadas.
O diretor Celso Silva, do União, reclamou do excesso de cartões mostrados a atletas de seu time, de faltas invertidas, da marcação do pênalti em favor do Paraná e dos cinco minutos de acréscimo – o gol de empate do Tricolor saiu aos 50 minutos do segundo tempo. Silva também enxergou um favorecimento da FPF às equipes da capital. ?Que façam um triangular para definir o campeão. É por causa desse protecionismo que o interior torce em peso para times de São Paulo?, teorizou.
O superintendente de futebol do Paraná, Ricardo Machado Lima, também protestou. ?Quero saber por que ele deu cartão amarelo para o Maicosuel. Será porque ele estava pendurado e não vai jogar o clássico (com o Coritiba)?. O que ele (Maurício) fez foi brincadeira?, detonou o diretor, que será julgado na quinta-feira pelas pesadas críticas feitas contra o árbitro Elton Mello Nobre e a comissão de arbitragem após a derrota para o Roma.
No ano passado, Maurício viu seu nome envolvido num episódio relacionado ao ?caso Bruxo?. O presidente do Prudentópolis, João Alberto Ituarte, disse ter sido prejudicado pelo árbitro no jogo contra o Toledo, pela Série Prata de 2005, e o acusou de ?fazer parte do esquema? de corrupção no apito. No dia seguinte, Maurício negou as acusações e prometeu processar o dirigente. O árbitro acabou livrando-se do indiciamento nos inquéritos do caso Bruxo.
CAMPEONATO PARANAENSE
Local: Comendador Luiz Meneghel (Bandeirantes).
Gols: Diogo, aos 35? do 1.ºT; Neguette, aos 25?, Neném (pênalti), aos 33?, e Goiano, aos 50? do 2.º T.
Árbitro: Maurício Batista dos Santos
Assistentes: Alessandro Belentani e José Ricardo Correa
Cartões amarelos: Ciro, Ambi, Maurício, Neném e Aron (U), Neguette, Éder e Maicosuel (P)
Cartão vermelho: Cleber (U)
Renda: R$ 4.061 (548 pagantes)
UNIÃO BANDEIRANTE 2X2 PARANÁ CLUBE
União Bandeirante
Cléberson; Ciro, Diogo (Igor) e Maurício; Cleber, Edson, Ambi, Aron (William) e André; Neném e Tuti (Toni). Técnico: Orlando Bianchini.
Paraná
Flávio; Gustavo (Serginho), Emerson e Neguette; Goiano, Rafael Muçamba (Jeff), Beto, Marcelinho, Maicosuel e Edinho; Leonardo (Éder). Técnico: Luiz Carlos Barbieri.