Não poderia ser pior a reestréia do atacante Maurílio com a camisa do Paraná Clube. Mesmo jogando em casa e diante de um adversário muito fraco tecnicamente como o Juventude, o Tricolor não mostrou a garra e a criatividade das partidas anteriores e saiu de campo derrotado por 2 a 1. O resultado acabou com a invencibilidade paranista dentro do Estádio Pinheirão neste Brasileirão e deixou a torcida paranista revoltada, que aliás, concentrou sua fúria principalmente contra o lateral Valentim e o técnico Adílson Batista.
Na teoria o Paraná já sabia o que iria enfrentar. Com apenas uma vitória no campeonato brasileiro e amargando as últimas colocações, era óbvio que a proposta da equipe gaúcha seria se segurar no campo de defesa e explorar os contra-ataques. Então, o técnico Adílson Batista alertou seus comandados para utilizar constantemente as laterais e não concentrar as jogadas pelo meio. Tudo muito simples. Na teoria, é claro.
Já o que se viu em campo foi uma lástima. Na primeira etapa, muito marcado em campo, o Tricolor não conseguia espaço para criar as jogadas. Marquinhos e Caio, principais responsáveis pela armação, nada conseguiam produzir. As jogadas pelas laterais eram muito raras e sem eficiência. Na primeira que deu certo, quase saiu o gol paranista. Aos 21 minutos, Fabinho fez boa tabela pela esquerda e cruzou para Renaldo. Ele cabeceou à queima-roupa e viu o goleiro Maurício fazer um verdadeiro milagre.
O Juventude começou a criar coragem e a sair para o jogo, utilizando especialmente o lado direito com o lateral Mineiro. E numa dessas, aos 36 minutos, Mineiro cruzou e Dionatam por pouco quase fez. Só para não esquecer do Maurílio, até o final da primeira etapa ele teve quatro faltas próximas à área, mas acabou não aproveitando nenhuma.
Castigo
A situação do Paraná que já não era boa, piorou logo as três minutos da etapa final. Marcelo cruzou a bola da direita e o volante Marcus Vinícius cabeceou livre no canto esquerdo de Flávio. Juventude 1 a 0. O que ninguém soube dizer era onde estavam os zagueiros Ageu e Cristiano Ávalos no momento do gol. Seis minutos depois, novo castigo. Pierre cometeu um pênalti infantil no lateral Felipe Alvim, do Juventude. Luciano Ratinho cobrou e aumentou a vantagem para a equipe gaúcha.
Quando enfim conseguiu respirar, o Paraná Clube resolveu buscar novamente o gol. E o árbitro catarinense Giuliano Bozzano resolveu dar uma “mãozinha”. Aos 16 minutos, Renaldo recebeu uma bola em velocidade na área, o goleiro Maurício chegou na bola e o juiz inexplicavelmente assinalou pênalti. O próprio Renaldo cobrou e diminuiu. Aos 24 minutos, o Juventude quase ampliou novamente com Luciano Ratinho, mas o goleirão Flávio salvou o gol.
Pouco após o gol, Renaldo e Rodrigo Pontes se estranharam e foram expulsos. O Paraná seguiu buscando o gol, mas desordenadamente. O Juventude com a atrefa facilitada garças ao placar apenas segurou a vantagem e esperou o apito do árbitro. E, desta vez, ao contrário dos anos anteriores, Maurílio nada pôde fazer. Após essa derrota, a tônica da semana no Paraná Clube será encontrar a tão sonhada fórmula para vencer fora de casa e recuperar o prejuízo. Tarefa árdua se for levar em conta que o próximo adversário é nada menos que o Internacional, no Beira-Rio. Além disso, o Tricolor não poderá contar com o volante Fernando Miguel e o atacante Renaldo, ambos suspensos.
Adílson vive seu 1.º “dia de cão”
Tudo bem que ainda é cedo pra falar, mas a relação de Adílson Batista com a torcida do Paraná parece que já está abalada. Após a derrota de ontem, em casa, para o Juventude, Adílson entrou para o vestiário de sua equipe sob o coro de “Burro, Burro”, vindo das arquibancadas. Em apenas três partidas como treinador profissional do Tricolor, Adílson já pôde sentir na pele a dura vida a que está acostumado um técnico de futebol.
Após estrear com uma goleada por 6 a 2 sobre o Flamengo, Adílson sofreu duas derrotas para adversários considerados fracos. Primeiro foi o Paysandu, em Belém. Agora, esse péssimo resultado contra o desesperado Juventude. E o que é pior: em casa. Com certeza, a torcida paranista já está com a chamada “pulga atrás da orelha”.
No fim do jogo de ontem, Adílson deu explicações apenas relacionadas ao desempenho de sua equipe durante a partida. Entre elas: “O posicionamento deles dificultou muito a nosso desempenho. Eles passaram o jogo inteiro com apenas um jogador no ataque e o resto no meio. Aí complica”. Mas ele também fez questão de ressaltar que os erros apresentados por sua equipe serão corrigidos.
Já do outro lado, o técnico do Juventude, Marinho Peres, viveu uma situação completamente oposta. Sem vencer há cinco partidas, Marinho chegou a Curitiba com seu cargo ameaçado. Mas acabou salvo na última hora com a ajuda de seus jogadores. “Eu passei pra eles o momento delicado que não só eu como todos estávamos vivendo. Eles se conscientizaram e conquistaram bravamente essa vitória”, comentou aliviado.
CAMPEONATO BRASILEIRO
1.º Turno – 13.ª Rodada
Local: Estádio Pinheirão
Arbitragem: Giuliano Bozzano (SC); auxiliado por Rosnei Roffman Scherer (SC) e Fernando Lopes (SC)
Gol:
Cartão amarelo:
Expulsão:
Renda: R$
Público pagante:
Público total:
PARANÁ CLUBE
Flávio, Valentim, Cristiano Ávalos, Ageu, Fabinho, Fernando Miguel, Pierre, Caio, Marquinhos, Maurílio, Renaldo, Técnico: Adílson Batista.
JUVENTUDE
Maurício, Mineiro, Índio, Neguete, Felipe Alvim, Marcus Vinícius, Fernando, Marcelo, Luciano Ratinho, Gustavo, João Paulo, Técnico: Marinho Peres.