A greve que os jogadores do Paraná fizeram ontem, que culminou com o não comparecimento da equipe no jogo-treino com o Coritiba, pode ser considerada o ápice de uma crise que já vem aterrorizando o Tricolor desde 2007, quando o clube acabou rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Naquele ano, o time paranista tinha alcançado o seu auge. Então com apenas 18 de história, o Paraná disputava a Copa Libertadores da América e parecia que iria continuar ganhando mais espaço no cenário nacional e internacional. Porém, estar no torneio continental foi o último momento de alegria do torcedor. De lá pra cá, o Tricolor vem colecionando frustrações e más administrações.
Começou com o rebaixamento para a Série B. Em 2008, a equipe não chegou na final do Campeonato Paranaense e terminou o primeiro turno da competição nacional brigando para não cair. Mas foi a partir de 2009 que os problemas começaram a ficar mais claros.
Depois de terminar na modesta quinta colocação no Estadual, o clube paranista começou a conviver com as greves e atrasos salariais. No dia 24 de novembro daquele ano, os jogadores se recusaram a treinar e ameaçaram não entrar em campo contra o Fortaleza, pela última rodada da Série B, caso os salários não fossem quitados. A ameaça não foi colocada em prática e o time jogou normalmente e empatou por 1×1.
No ano seguinte, mais um final de temporada turbulento. Também às vésperas do encerramento da Série B, o elenco não treinou, esperando respostas da diretoria. Três dias após o término da competição, no dia 30 de novembro de 2010, data em que os dirigentes prometeram fazer o pagamento, os jogadores foram à sede social da Kennedy esperar o presidente Aquilino Romani. Só que nada do que foi prometido foi cumprido e alguns atletas deixaram o Paraná sem nunca receber os atrasados.
Veio 2011 e a situação só se agravou. Sem dinheiro para montar um time minimamente decente, o Tricolor acabou sendo rebaixado no Campeonato Paranaense, talvez a maior tragédia da história do clube. Para a Série B, os reforços até vieram, mas mais uma vez a equipe parou no meio do caminho. Após um bom começo, o acesso não veio, muito também pelos problemas para realizar os pagamentos. Alguns jogadores entraram em 2012 sem receber os salários do ano anterior.
Na nova temporada, o discurso era de reestruturação. Com um elenco modesto, uma vez que a temporada era diferente, com a segunda divisão do Paranaense, a aposta da vez era o técnico Ricardinho, que recolocou o Paraná na elite estadual. Mas, quando começou a Série B, os velhos problemas voltaram a pipocar. Em outubro, o elenco soltou uma nota cobrando dois meses de salários atrasados, além da falta de pagamentos do 13º e das férias de 2011. Em novembro, o elenco se recusou a se concentrar para o duelo contra o Ipatinga e na semana seguinte os treinos foram cancelados, por causa de greve. Antes da partida contra o Atlético, a greve foi por conta do atraso dos salários dos funcionários do clube.
Por fim, no ano passado, no dia 5 de setembro, o grupo paranista não se reapresentou, devido à falta de pagamentos referentes aos meses de julho e agosto. A situação em 2013 ficou tão complicada que, para ajudar financeiramente, a torcida organizada estampou sua marca na camisa tricolor por duas partidas. Sinais de que, pelo menos há cinco anos, o Paraná Clube convive com os mesmos problemas, mesmos dramas, mas a solução não aparece. Pelo contrário. A cada nova temporada, os fiascos parecem só aumentar.