Restando dez rodadas para o término do Brasileirão, o Paraná Clube permanece na zona de rebaixamento. Com o empate do último domingo, o tricolor perdeu mais uma posição na tabela, ocupando agora o 22.º lugar. Mas nem tudo foi ruim. Afinal, o ponto conquistado foi fora de casa e diante do líder da competição.
E, tanto melhor, frente a um de seus maiores rivais. Além disso, o time de Paulo Campos foi o único, dentre os dez que lutam contra o rebaixamento, a somar ponto fora de casa.
Flamengo, Vitória e Guarani venceram, mas jogando em seus domínios. Paysandu, Vasco, Criciúma, Botafogo e Grêmio foram derrotados e, para completar, o Atlético Mineiro foi goleado em casa. Assim, após 36 rodadas, apenas cinco pontos separam o tricolor do Paysandu, 15.º colocado. “A situação irá nesse ritmo até as últimas rodadas”, acredita o técnico Paulo Campos. Desde o seu retorno ao Paraná já se passaram nove rodadas. Mesmo com uma boa campanha – aproveitamento de 55,6% -, o clube só conseguiu ganhar duas posições.
“Temos mais dez jogos para subir no mínimo mais dois degraus”, comentou. “É uma tarefa dificílima, mas a atitude do grupo me dá a confiança de que o objetivo será alcançado.” Paulo Campos – que em partidas anteriores fez várias restrições ao comportamento do time (mesmo nas vitórias), desta vez só elogiou a dedicação de todos no clássico. Não gostou, é verdade, da falta de objetividade no primeiro tempo. “Mas, valeu pelo empenho. A garotada lutou até o fim e fomos recompensados com o gol de empate no último minuto, o que tornou o resultado mais justo.”
A missão de Paulo Campos, agora, será manter a mobilização do grupo por mais exatos dois meses. Com a última rodada programada para o dia 19 de dezembro – coincidentemente, dia em que o Paraná completa quinze anos de existência -, a comissão técnica sabe que qualquer deslize pode ser fatal. O tricolor faz seis jogos em casa e apenas quatro fora. Só que, no geral, o rendimento do time na condição de mandante é insuficiente para assegurar sua permanência na Série A.
Com 26 pontos ganhos em 17 jogos disputados em casa, o Paraná tem apenas o 19.º aproveitamento (51%). Pelas projeções, 53 continua sendo o “número mágico” para que um time se livre da degola. Ou seja, o Paraná ainda precisa de 15 pontos (ou cinco vitórias). Isso representa a conquista de exatos 50% dos pontos em disputa. Mesmo tendo um saldo de gols ruim (-22), o Paraná tem a seu favor o bom número de vitórias (10), atrás apenas de Criciúma e Vitória, que já venceram onze vezes cada um.
Com o empate frente ao Atlético, o Paraná completou quatro rodadas de invencibilidade – a melhor série da equipe em todo o campeonato brasileiro. “Não será fácil ganhar da gente, não. O time está muito unido e jogando com garra, em busca deste objetivo”, comentou o capitão Axel. Como reconhecimento por essa aplicação, a diretoria pagou – como havia acontecido diante do Palmeiras – “bicho” de vitória pelo empate do último fim de semana.
Uma noite de trabalho para o jurídico
O departamento jurídico do Paraná Clube terá que entrar em campo com toda a força. Amanhã, no Rio de Janeiro, tentará impedir a perda de mandos de campo e suspensões “pesadas” a Paulo Campos e aos meias Messias e Marcel. Tudo por conta dos incidentes relatados em súmula pelo árbitro paulista Sálvio Spínola Fagundes Filho, no jogo frente ao Vasco da Gama (33.ª rodada), realizado no estádio Fernando Charub Farah, em Paranaguá.
O clube será julgado pela atitude impensada de um ex-atleta do Colorado. Chiquito entrou no campo após o término da partida e o árbitro descreveu o ocorrido, mas não houve agressão, ou mesmo tentativa. O cidadão, descrito por Fagundes Filho como “um senhor moreno, de cabelos encaracolados, calça jeans e camiseta branca”, apenas xingou o árbitro, protestando pelo pênalti marcado no primeiro tempo e retirou-se do campo assim que o policiamento se aproximou.
Incluso no artigo 213 do CBJD, o Paraná pode perder de um a três mandos de jogo e ainda está sujeito a multa de R$ 50 mil a R$ 500 mil. O responsável pela defesa será o vice jurídico do clube, Luís Carlos Castro, juntamente com o advogado Milton Risso, que cuida dos processos do tricolor junto à CBF. O técnico Paulo Campos irá ao Rio para se defender, pois corre o risco de pegar até 360 dias “de gancho” (artigos 187 e 188). O árbitro relatou que o treinador o xingou de “filho da p…” e, após ser excluído fez gestos com a mão, “indicando roubo”, nas palavras do próprio Sálvio Spínola.
Os advogados também tentam absolver Marcel e Messias. Os meias foram expulsos diante do Vasco e de forma direta. Marcel (artigo 254) pode pegar de duas a seis partidas. Para evitar um contragolpe do Vasco, ele “deu carrinho por trás” em jogador adversário. Já Messias (258), corre o risco de ser suspenso de um a dez jogos. O volante, segundo o árbitro, “trocou empurrões” com o lateral Diego, que também foi expulso.