A Páscoa teve um gosto amargo para os paranistas. O Engenheiro Beltrão pôs fim e com sobras à série invicta do Paraná Clube. Após três vitórias seguidas, uma delas pela Copa do Brasil, o Tricolor esperava encaminhar fora de casa a sua qualificação para as semifinais do Campeonato Paranaense. O tiro saiu pela culatra e o time do Noroeste emplacou nova vitória: 2 a 0, repetindo o que havia feito na fase classificatória, quando fizera 3 a 1.
Uma frase do meia Cristian resume o que foi o jogo de sábado, no João Cavalcante de Menezes: ?Deu tudo errado pra gente?.
Em uma tarde ?desastrada?, o time de Paulo Bonamigo não conseguiu reeditar a eficiência de jogos anteriores. Pecou na marcação, não teve controle emocional e quando conseguiu criar algo esbarrou num goleiro inspirado. O treinador minimizou a derrota, lembrando a seqüência desgastante da equipe, que atuou frente ao Vitória-BA na quarta-feira. ?Saímos do estádio à 1h da manhã. Os atletas já não dormem direito, com a carga de adrenalina. E em menos de 72 horas já estávamos em campo?, ponderou.
Porém, o que mais causou preocupação à comissão técnica foi a falta de ?pegada? da equipe. Justamente a principal característica das equipes de Paulo Bonamigo. Para o treinador, se sofrer um gol no início foi ruim, o ?divisor de águas? no jogo foi a expulsão de Léo. ?Com um a menos e tendo pela frente um time que cresce muito em casa, ficou difícil?, reconheceu. O treinador lembrou ainda que mesmo sem fazer uma atuação razoável, o Paraná criou chances para mudar a sorte do jogo. ?Antes de ficarmos com dez em campo, já havíamos dominado o meio-de-campo. E, depois da expulsão, tivemos duas chances reais para empatar?, ponderou.
Neste jogo, o Paraná não conseguiu dar seqüência ao processo de evolução tão destacado por Bonamigo. No clássico, o time atingiu a marca de 100 ?bolas roubadas?, mostrando a eficácia da marcação. Diante do Vitória, a equipe teve a melhor performance no que diz respeito aos passes corretos. No sábado, nada disso se repetiu. ?Só que é difícil até fazer uma análise mais precisa, pois com um jogador a menos há outros fatores que precisam ser considerados?, justificou o técnico, que não lamentou a tentativa com o centroavante Fábio Luís.
Já a opção por Nem, ao que tudo indica, será revista. ?Decidi priorizar a sua experiência, mas não deu certo?, admitiu. O resultado jogou maior pressão para o clássico da próxima quinta-feira, que pode definir quem segue na briga por uma vaga à semifinal e quem fica pelo caminho. Para o jogo, o volante Léo, que cumpre suspensão automática, é a única baixa. Goiano e Beto são alternativas, mas o Paraná, após o revés, poderá sofrer outros ajustes. No entanto, o sistema 3-5-2 não deve ser abandonado, pois o jogo em Beltrão também evidenciou as dificuldades que o time encontra ao abrir mão de um ?homem da sobra?.
Fiasco deixa Tricolor dependente da Vila
Foto: Ciciro Back |
Meia Cristian reconheceu: ?deixamos a desejar?. |
O Engenheiro Beltrão é, até aqui, o grande algoz do Paraná Clube na temporada. O time do interior, sob o comando do técnico Cláudio Piruá, disparou duas vitórias seguidas sobre o Tricolor, até então invicto desde a chegada de Paulo Bonamigo. Se na fase classificatória o time do noroeste do Estado venceu o time B, agora tratou de despachar o principal, interrompendo o crescimento da equipe da capital.
O tropeço, se não tira o Paraná do páreo, coloca dificuldades na busca por uma qualificação às semifinais. O Beltrão, caso vença o Iraty, em casa, na próxima quinta-feira à tarde, dará um passo decisivo para se garantir entre os quatro melhores do futebol paranaense, em 2008. ?Estamos no páreo. E, vale lembrar: desde o início do campeonato, o Engenheiro Beltrão sempre se manteve na zona de classificação, na 1.ª e, agora, na 2.ª fase?, destacou Cláudio Piruá, único treinador a vencer o duelo com Bonamigo.
Nas contas do Paraná, porém, o tropeço fora de casa não compromete os planos de classificação. ?Fizemos 6 pontos, com dois jogos fora de casa. É só manter a eficiência em casa?, lembrou o meia Cristian. O Tricolor encara, na Vila Capanema, o Atlético e o próprio Engenheiro Beltrão, e resultados positivos nesses jogos colocam o azul, vermelho e branco na reta final do estadual. ?Por isso, é refletir sobre aquilo que deixamos de fazer nessa rodada, treinar forte e ir com tudo para o clássico?, finalizou Cristian.